segunda-feira, 9 de maio de 2016

CAFÉ DO PINA É TOMBADO COMO BEM IMATERIAL

Café do Pina passa a ser Patrimônio Imaterial da Cidade de Manaus
Mário Frota: “O tombamento do Café do Pina como Bem Imaterial é uma forma de resgatar a história da nossa cidade por meio das suas tradições, línguas e costumes. Os portugueses que aqui chegaram para trabalhar e edificar as suas famílias, deixaram a sua contribuição, com muito suor, para ajudar no desenvolvimento do Amazonas e essa é também uma homenagem aos nossos irmãos patrícios”.
A Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou hoje (9), Projeto de Lei do vereador Mário (PHS), que torna a marca Café do Pina como Patrimônio Imaterial da Cidade de Manaus. O Café do Pina, localizado na Praça Heliodoro Balbi - também conhecida como Praça da Polícia - foi inaugurado no dia 3 de maio de 1951 e hoje faz parte da história da cidade de Manaus por abrigar movimentos culturais e políticos como o Clube da Madrugada e o Projeto Jaraqui.
Na sua justificativa o vereador Mário Frota esclarece que a família Pina chegou ao Brasil na década de 20, fugindo do lastimável estado da economia portuguesa, depois da implantação da República, que transformara Portugal em um país arrasado economicamente, com desemprego em massa. 
Foi nessa época que três portugueses, oriundos de Loriga, Serra da Estrela, chegaram a Manaus. Dois eram irmãos: José Pina e Carlos Pina; o outro, Antônio Pina, era primo dos dois. José Pina fundou o Café do Pina, tornando-se famoso na cidade por tratar todo o mundo de ‘jovem’ e pela qualidade e sabor do seu cafezinho.
O saudoso Senador Jefferson Peres foi um dos intelectuais amazonense que presenciou a inauguração do Café do Pina e fez o seguinte relato: “Em 1950 tinha início uma nova década e, também, a construção de um barzinho, sem nada de especial, mas que iria marcá-la profundamente. O local era um canteiro triangular, em frente ao Guarany, onde havia um antigo chafariz desativado e dois postes de sustentação da tela na qual se projetavam filmes ao ar livre. Ao se erguerem os tapumes, correu o boato de que seria construído um posto de gasolina. A novidade não agradou os ginasianos, que ensaiaram um movimento de protesto e ameaçaram depredar a construção. Pressionado, o então prefeito Chaves Ribeiro aconselhou o proprietário a acelerar as obras, a fim de criar o fato consumado. Diante disso, foi abandonado o projeto original, de forma circular, por outro mais feio, retangular, que pôde ser construído em tempo recorde. O êxito foi imediato e se deveu a uma conjugação de fatores. Em primeiro lugar, sua localização, nas vizinhanças de dois cinemas, três colégios, um quartel, e mais, da então concorridíssima Praça da Policia; segundo a excelência do seu café, talvez o melhor da cidade; e finalmente, a simpatia do proprietário, o português José de Brito Pina, extrovertido e conversador, que em pouco tempo chamava cada um dos frequentadores pelo nome. Batizado oficialmente de Pavilhão São Jorge, o barzinho era conhecido popularmente por Café do Pina e, mais tarde, Republica Livre do Pina”.
Depois da revitalização do Palacete da Província, onde funcionou o antigo Quartel da Polícia Militar, as instalações do Café do Pina se mudou para outro local na mesma  Praça Heliodoro Balbi, sendo agora, na frente da Rua Rui Barbosa, no local conhecido como Coreto do Pina, onde atualmente funciona as reuniões do Projeto Jaraqui,  frequentado por aposentados, intelectuais, turistas, comerciários e empresários.
“O tombamento do Café do Pina como Bem Imaterial é uma forma de resgatar a história da nossa cidade por meio das suas tradições, línguas e costumes. Os portugueses que aqui chegaram para trabalhar e edificar as suas famílias, deixaram a sua contribuição, com muito suor, para ajudar no desenvolvimento do Amazonas e essa é também uma homenagem aos nossos irmãos patrícios”, esclarece Mário. (Por: Roberto Pacheco – MTb 426).

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