Não sou e jamais serei contra os grandes salários. O tipo de socialismo que adoto ensina que não se deve nivelar os salários por baixo, mas por cima, ou seja, o ideal é que o mais humilde trabalhador ganhe um salário digno, o suficiente para sustentar de forma decente a sua família.
Li, há tempos atrás, que em países como a Alemanha, Suécia e Bélgica, o salário de um diretor de uma empresa não ultrapassa em nove vezes a média dos salários dos trabalhadores da mesma empresa. Levando-se em conta que os salários nesses países são mais elevados do que os que são pagos por aqui, obviamente que a elevação em nove vezes aumenta em muito os salários dos dirigentes mais graduados das empresas.
O problema está na proporção, no distanciamento entre os salários que são pagos nesses países e aqui no Brasil. Aqui, na Zona Franca, conheço uma moça que trabalha numa dessas empresas do Distrito, num terceiro turno, que no final do mês recebe um salário de R$ 750,00 que, ao final, cai para míseros R$ 650,00. É com esse dinheiro que a pobre mulher sustenta a sua família.
Por que a disparidade, astronômica, entre os salários de um diretor e de funcionários que derrama o suor do rosto para que a fábrica, ao final, ganhe rios de dinheiro, recursos esses que não ficam aqui, mas vão irrigar a economia de Estados do Sul do País, ou mesmo enviados para fora? Os salários pagos pelas fábricas do Distrito são péssimos, comparados aos de outros países, a exemplo do que recebe um trabalhador na mesma fábrica no Japão. Que tal citar como exemplo a Honda? A questão, em minha opinião, reside hoje na extrema fraqueza dos sindicatos que, há muito tempo deixaram de lutar por melhorias salariais aqui e em todo o Brasil.
Só um exemplo: enquanto o 1º de Maio é um dia de reflexão para a classe trabalhadora em todo o mundo, marcado por reivindicações, em especial nos países do chamado primeiro mundo, no Brasil, em são Paulo - o Estado onde o PT nasceu - as grandes organizações sindicais, tipo a CUT, o braço sindical do PT, ao invés de aproveitar a grande data para reivindicar melhorias salariais, promovem grande bebedeira e churrascada, degradante espetáculo de pão e circo. Que diferença do PT da época que militava na oposição. O que aconteceu? Coisas assim me fazem lembrar a famosa frase atribuída a Voltaire: ”O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente”. É isso aí.
Por: vereador Mário Frota
Líder do PSDB da CMM
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM