Texto:
Vereador Mário Frota*
O
grupo era numeroso e a ele se integravam o Eron, o João Pedro, o Chico Braga, o
Omar Aziz, o George Tarso, a Vanessa, a Lúcia Antony. O outrora casal que
lutava pelas causas sociais vergou-se à ambição e agora vende a alma ao diabo
para chegar ao poder.
O PC do B, que no Amazonas, virou um
partido controlado pelo Eduardo Braga, agora rasga de vez a máscara da
hipocrisia e se desnuda moralmente perante o povo do Amazonas.
A Vanessa, outrora comunista convicta e
atéia, agora ora fervorosamente em templos evangélicos e, no mesmo dia, pode
ser vista recebendo a hóstia numa missa católica.
O que pode levar uma pessoa a abrir mão de
suas convicções políticas e religiosas como a mesma disposição de quem, por
exemplo, muda de camisa? Por que há gente que não resiste ao poder e ao
dinheiro dele decorrente?
Ao
longo da minha vida política tenho observado muito esse tipo de comportamento
nos políticos. A maioria vende a alma ao diabo para chegar ao poder. Depois que
assumem, esquecem compromissos e mandam às favas ideologias que assumiram ao
longo de suas vidas.
O exemplo mais gritante que conheço envolve
o Eron e a Vanessa. Conheço-os há uns 35 anos. Em plena ditadura, em 1978,
estava em plena campanha para a minha reeleição para deputado federal, quando
fui procurado pelo grupo que integrava o PC do B no Estado, partido colocado na
clandestinidade pelo regime autoritário que chegou ao poder em 1964.
Recebi o grupo e este ficou sob a minha
proteção dentro do PMDB, partido que tinha o Fábio Lucena na presidência e eu
na vice. Em 1982 o grupo estava coeso ao meu lado, lutando contra a opressão
militar e pela democracia. Nessa eleição lancei um integrante do grupo, o João
Pedro, para deputado estadual. Foi uma luta muito difícil, mas, ao final,
saiu-se vitorioso.
Eu os apoiava porque via nesse grupo –
muitos deles ainda cursando a Universidade – pessoas comprometidas com a
democracia e a liberdade. O grupo era numeroso e a ele se integravam o Eron, o
João Pedro, o Chico Braga, o Omar Aziz, o George Tarso, a Vanessa, a Lúcia
Antony, e tantos outros, igualmente combativos.
Com
o passar do tempo cresceram, adquiriram importância, galgaram cargos
administrativos e eletivos e, a partir de então, o grupo começou a se fender,
com muitos dos históricos saindo fora, por entender que estavam sendo
manipulados para servir aos interesses políticos do casal Eron e Vanessa.
O outrora casal que lutava pelas causas
sociais vergou-se à ambição e ficou reduzido ao Eron e à Vanessa, que passaram
a reinar sozinhos, abandonando de vez as suas gloriosas bandeiras de lutas
assumidas no passado. Por último, Eron e
Vanessa aceitaram servir ao poder, qualquer poder, desde que fossem
beneficiados pela estrutura da máquina administrava do Estado. Em outras palavras,
deixaram de servir o povo, para servir o poderoso de plantão que ora estivesse
governando o Amazonas. Antes defensores de professores e qualquer outra
categoria de funcionários, agora aliados dos seus exploradores. Políticos sem
boa formação moral e espiritual, dificilmente sobrevivem às tentações do poder
e do dinheiro. Eron e Vanessa são exemplos claros dessa triste realidade.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.