quarta-feira, 4 de julho de 2012

ARTHUR NETO FOI GARFADO PARA BENEFICIAR VANESSA



Texto: Vereador Mário Frota*
“Corromperam a eleição, mas não subjugaram a alma valente do povo desta cidade que, em represália, dois anos depois, elegeu Arthur prefeito de Manaus”.
Em 1985, o Arthur Virgílio Neto e eu, na época deputados federais pelo partido de oposição à ditadura militar, lideramos um movimento que passou para a história com o slogan Muda Amazonas. O grupo, constituído à época por companheiros e companheiras ainda bastante jovens, tinha por objetivo impedir o avanço e a perpetuação da oligarquia que Gilberto Mestrinho havia fundado em 1982, quando se elegeu governador do Estado.
O Boto, expressão que usávamos quando queríamos deixá-lo mal humorado, anunciou que iria governar o Amazonas por 20 anos. Aos nossos ouvidos isso soava como ameaça, haja vista que estávamos saindo de uma ditadura instalada no país há duas décadas. A minha posição – e isso eu colocava de público – era que o Brasil, depois de 20 anos, estava se libertando de um regime militar, mas, por sua vez, o Amazonas mergulhava numa ditadura populista. O grupo rebelde ao Boto e à sua idéia de se perpetuar no poder, lançou-se à luta e, por duas vezes, o enfrentou nas urnas. A primeira, em 1986, com o Arthur para o governo e eu para o senado. A segunda, em 1988, quando o Arthur candidatou-se a prefeito e eu para uma vaga de vereador.
O resultado é do conhecimento de todos. Em 1986, à luz do dia, roubaram a minha eleição para o Senado. O Boto e os seus asseclas furtaram a minha eleição na calada da noite para favorecer o paulista Carlos Alberto De Carli. Corromperam a eleição, mas não subjugaram a alma valente do povo desta cidade que, em represália, dois anos depois, elegeu Arthur prefeito de Manaus, derrotando o próprio Gilberto Mestrinho, na época o principal líder da oligarquia por ele criada. Nessa mesma eleição o povo desta terra me fez o vereador mais votado de Manaus. A minha votação extraordinária puxou companheiros ilustres como João Pedro, Jefferson Péres, Serafim Correia e Vanessa Grazziotin.
Hoje, apesar da urna eletrônica, os poderosos continuam roubando eleições, a exemplo da garfada que deram no mandato de senador do Arthur Virgílio Neto para beneficiar, desta vez, a Vanessa Grazziotin.   Em verdade só mudaram os métodos. Antes, a eleição como ocorreu no meu caso, eram decididas nas mesas de apuração, onde se sabe que juízes e mesários eram corrompidos. Agora a tática é outra, ou seja, ocorre pela compra de votos, principalmente nas regiões mais pobres do Estado - que variam de R$ 50,00 a R$ 100,00 - onde os populistas, herdeiros de Mestrinho, compram, com o dinheiro do povo, o voto dos analfabetos e miseráveis, por eles estimulados para servi-los em época de eleição.

*Advogado;
* Líder do PSDB na CMM;
* Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.