POLÍTICOS CORRUPTOS, ASSOCIADOS AOS CHEFÕES DO TRÁFICO, SÃO OS VILÕES PELA TRAGÉDIA EM QUE SE TRANSFORMOU O RIO DE JANEIRO. Quem assistiu ao filme Tropa de Elite II e conhece a real situação do Rio de Janeiro, sabe que não se trata de mera ficção. A TV Globo e outros demais canais nos mostram as imagens da guerra que está sendo travada com a bandidagem, envolvendo até tanques da Marinha de Guerra. O que esse tipo de mídia não mostra à sociedade é a origem de tais fatos, ou seja, as raízes da questão. Para o noticiário da TV o que está acontecendo é apenas uma guerra da polícia contra os traficantes, ou seja, ambos em campos opostos armados e se matando.
Será que se a coisa fosse tão simples assim, os bandidos do Rio de Janeiro estariam tão bem armados? Quem facilita a entrada de armas nos morros, muitas delas de uso exclusivo das forças armadas? Ninguém é tolo para não entender que, por trás da bandidagem que controla o tráfico de drogas nos morros, há figurões da política e da polícia envolvidas até o pescoço. E os políticos que são eleitos com apoio, em alguns casos, de forma ostensiva, pelos imperadores do crime nos morros?
De volta do exílio político, eleito governador em 1982, Leonel Brizola, um grande brasileiro, possivelmente por acreditar que estava fazendo um bem às comunidades que habitavam as favelas da cidade, que se queixavam de violência por parte da polícia, desautorizou a subida do aparelho policial nos morros da cidade. Até certo ponto, pode-se entender a preocupação de Brizola, pois à época da ditadura, a polícia, quando subia os morros, não fazia qualquer distinção entre cidadãos de bem ou bandidos. Nos tiroteios, morriam mais inocentes do que bandidos.
Livres da perseguição policial, a bandidagem se organizou, fincou pé nas favelas, transformadas em fortalezas inexpugnáveis. Com o passar do tempo ocorreu o inevitável: o poder do estado passou a tolerar e a conviver com um poder paralelo, o poder dos bandidos, aceito e alimentado por políticos corruptos que fecham os olhos e deixam o crime correr frouxo, desde que os chefões da droga os ajudem com grana nas campanhas eleitorais. O resultado de tal promiscuidade está aí: o Rio de Janeiro, sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, sendo manchete em todos os jornais do mundo, apresentado com uma das cidades mais violentas do Planeta.
Nessas últimas horas, transformado em praça de guerra, o Rio de Janeiro não parece muito diferente dos piores momentos da guerra no Iraque e no Afeganistão. E o que então fazer? Em minha opinião é hora do governo do Rio de Janeiro partir para a tolerância zero, inspirado no exemplo do ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani que, em menos de dois anos transformou a cidade que o elegeu prefeito, até então considerada a mais violenta do mundo, em uma cidade razoavelmente segura nos dias que correm. Aliás, a receita de Giuliani, de que o crime não pode ser tratado com leniência, com tolerância e certa frouxidão, como ocorre no Brasil, é a solução não apenas para o Rio de Janeiro, mas para todo o país, hoje, em termos de crime organizado, não muito diferente do que vem ocorrendo na ex-cidade maravilhosa, outrora cantada em prosa, verso e lindas canções.
Por: vereador Mário Frota
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM
Líder do PDT na CMM