SEM VOTO SECRETO NÃO TEM ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE DA CMM, MAS ACLAMAÇÃO, POIS A MAIORIA ENCABRESTADA DO PREFEITO VOTA EM QUEM ELE MANDAR, EM QUALQUER UM. Assino qualquer projeto de lei para acabar com o voto aberto para presidente e demais integrantes da Mesa da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Assino todo projeto que me aparecer pela frente para que o voto seja aberto por ocasião da aprovação de projetos de lei, emenda à Lei Orgânica do Município (Loman) e projetos de resolução, de forma que o povo tenha o direito de saber como o vereador está votando.
E por que luto para que o voto para a presidência da Mesa seja secreto? Resposta. Para evitar pressões externas sobre a votação, principalmente por parte do prefeito e de outras autoridades que podem influenciar e mudar o resultado da eleição. A única forma de se ter eleição decente na CMM é pela via do voto secreto. De outra feita o resultado vai expressar a vontade do prefeito, a exemplo de outras votações. Não é porque o Amazonino é meu adversário histórico. Não. Seja quem for o prefeito de plantão ele elege quem quiser para a Presidência da CMM, caso o voto continue aberto como é hoje.
Sobre o Amazonino tenho uma história para contar que ilustra como, até mesmo quando o voto é secreto, assim mesmo ele manipula a eleição a favor do seu candidato. No meu primeiro mandato de deputado estadual fui testemunha do fato que passo a narrar.
No dia da posse fui convidado, como o mais velho parlamentar na reunião, para presidir a eleição da Mesa da Assembleia. Assumi a presidência dos trabalhos e convidei o deputado Miquéias Fernandes para secretariar a reunião.
Miquéias sentou-se ao meu lado e percebi que estava intranquilo, preocupado. Dois deputados disputavam a presidência da casa: o Lupércio Ramos e o Manoel do Carmo chaves, o Maneca. A reunião começou às 10 horas, mas, uma hora antes, o Amazonino, que era o governador do Estado, chegou à Assembléia e se trancou na sala da presidência com os deputados da base do seu governo. Razão da sua inesperada visita: eleger o Lupércio, presidente da Assembleia.
Havia no ar certo mal estar. A presença do Amazonino representava uma interferência de um poder sobre o outro, ato que deixava a Assembléia desmoralizada, humilhada. Terminada a votação percebi que o Miquéias, ato contínuo ao encerramento da votação, pegou as cédulas, rasgou-as e jogou-as numa lata de lixo, afirmando que, em seguida, seriam incineradas. Cheguei-me mais a ele e perguntei se estava tudo bem e ele respondeu-me que depois da reunião iria me contar tudo. E de fato contou. Relatou-me com pormenores, a reunião com o Amazonino no gabinete da Presidência. A história era a seguinte: o Amazonino havia criado um código para saber em quem os deputados iriam votar. Por exemplo, um X bem na ponta da cédula se saberia que o voto havia sido do deputado Belão, um simples traço, o voto seria do deputado Adjunto Afonso, e por aí em diante.
O problema é que alguns deputados da base estavam compromissados com o Maneca, que também era deputado da base de apoio ao Amazpnino, mas, num lance de rebeldia, com o apoio da oposição, havia lançado o seu nome para concorrer à Presidência da Mesa. O certo é que mediante a pressão do Amazonino, o Lupércio venceu. Ora, como o Miquéias havia rasgado as cédulas, era impossível saber o nome dos “traidores”.
Final da história: o Amazonino soube da manobra do Miquéias e o pau comeu. Cheio de ódio e rancor o soba do Palácio do Tarumã jurou vingança e dizia para todo mundo que havia sido traído pelo Miquéias.
Moral da história: se com o voto secreto o Amazonino pressiona a favor do seu candidato, agora imagina se o voto é aberto. Aí é a fome e a vontade de comer. Só por milagre, caso a regra não seja mudada, o Amazonino deixará de fazer o futuro presidente da Câmara. Desejar independência dos vereadores que ele manipula na Câmara é querer milagre, é desejar o impossível.
Daí não há eleição, mas aclamação, ou seja, com exceção dos sete integrantes da oposição, a maioria vai votar, de cabeça baixa, na base do cabresto, no candidato em quem Amazonino mandar votar, seja ele quem for.
Por: Vereador Mário frota
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM
Líder do PDT na CMM