quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AMAZONAS – INTERIOR CONTINUA ABANDONADO NA MISÉRIA



27 ANOS DEPOIS DA OLIGARQUIA IMPLANTADA NO AMAZONAS POR MESTRINHO, O INTERIOR DO ESTADO CONTINUA À MÍNGUA, ÓRFÃO DE GOVERNO. DUVIDA? ENTÃO CONFIRA VOCÊ MESMO. Aproveitei o feriado para colocar em ordem minhas leituras que, em razão da campanha, fui deixando para depois. Deparei-me com um exemplar da Veja, do início de setembro, que me deixou perplexo, pois trouxe à baila um assunto que reputo de grande importância para este país, que mostra que o Brasil, a partir de 1970, vive um processo extraordinário de crescimento econômico, que hoje enriquece muitas cidades do interior.

Em síntese, a revista Veja nos apresenta um Brasil que explode em riquezas, transformando médias e pequenas cidades em paraísos para investimentos em áreas econômicas diversas, incluindo aí agricultura, pecuária, turismo, indústria de informática, mineração, siderurgia, automobilística, madeira, serviços, educação, petroquímica, fruticultura, entre outras.

O que se vê é que a economia do país não mais está concentrada nas grandes metrópoles (capitais dos estados), mas começa a se interiorizar e a gerar riquezas tanto em médias como em pequenas cidades. Na década de 70, na região Norte, apenas duas cidades médias sobressaiam, hoje, três décadas depois, esse número saltou para 18. Na região Nordeste eram 16 e hoje são 44, no Sudeste antes com 44, hoje já são 118, no Sul eram 14, agora 43 e no Centro-Oeste, antes 4, agora são 10. Essas e outras cidades estão enriquecendo da noite para o dia. É um Brasil, antes esquecido, que floresce, que produz emprego e renda e cresce independente das grandes cidades do país.

O fato que me deixou preocupado, é que no mapa do crescimento econômico que chegou ao interior do Brasil, o Amazonas está de fora. Enquanto várias cidades do vizinho estado do Pará, hoje pólos econômicos em franco desenvolvimento, aparecem na relação apontada por Veja, a exemplo de Castanhal, Parauapebas, Santarém, Marabá, Itaituba, Marituba, Abatetuba e Bragança, no nosso Amazonas - é zero. Fora as riquezas produzidas em Manaus, concentradas nas indústrias produzidas pelo parque industrial da Zona Franca, que produz hoje em torno de 97 por cento de todas as riquezas geradas no Estado, o resto é nada, pois o que sobra são os restantes dos 61 municípios, cada dia mais pobres, sem educação, saúde, saneamento básico, segurança, ausência de bancos para financiar as populações locais e sem indústria para oferecer emprego aos filhos da região.

José Lindoso, o último governador nomeado pelos militares foi, também, o último governador que planejou para o interior do Amazonas. Sonhou em transformar Itacoatiara, dado a sua posição estratégica geográfica, no maior pólo madeireiro da América do Sul e implantou o pólo do Dendê, em Tefé - financiado pelo Banco Mundial - região considerada pelo projeto Radam, como a melhor do mundo para o cultivo desse tipo de palmeira oleaginosa. Por fim, idealizou e aprovou na Assembléia Legislativa do Estado um projeto de lei que obrigava as empresas do Distrito Industrial da Suframa a investir parte dos seus lucros nos municípios do interior.

Resultado: sai Lindoso, que eu tanto critiquei, cumprindo o meu papel de deputado federal pela oposição, e entra Gilberto Mestrinho, a quem apoiei por ser o nome que se credenciou pela oposição para enfrentar o candidato apoiado pela ditadura no Estado. Eleito, o seu primeiro ato, foi enviar um projeto de lei à Assembléia revogando a Lei Lindoso, sem falar que abandonou, de forma criminosa, o projeto do Pólo Madeireiro de Itacoatiara e o Projeto do Dendê já implantado em Tefé. Mestrinho, com esses gestos, terminou por ferir de morte o futuro do nosso interior, hoje não menos pobre do que há 43 anos quando foi implantada a Zona Franca de Manaus, ou há 27 anos, quando Mestrinho instalou a oligarquia no poder até hoje.

E quanto à grande revolução agrícola prometida por Amazonino e Eduardo Braga? O primeiro distribuiu motos-serras e outros equipamentos importados da China, enquanto o segundo falou muito numa tal de Zona Franca Verde. Os dois projetos só deram certo na propaganda exibida pela televisão, em propagandas bem feitas, com muita imagem colorida. Duvida? Então dê uma voltinha pelo interior do Estado.

Daí a razão porque o Amazonas hoje só tem a Zona Franca de Manaus para mostrar. Mas para que mudar, pois, afinal de contas, não é no interior do Estado que os governantes vão buscar votos, que compram dos nossos irmãos empobrecidos para ganhar eleições? Para os governantes populistas, seja de direita ou de esquerda, é importante manter os eleitores ignorantes, com fome, pois, assim, é mais fácil ganhar eleições. A prova é que a oposição, nos últimos 27 anos de domínio da oligarquia fundada por Mestrinho, venceu duas eleições em Manaus, mas perdeu todas as que disputou para o governo do Estado. E vai continuar perdendo, enquanto o interior continuar abandonado e na miséria como se encontra hoje.

Por: vereador Mário Frota

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM

Líder do PDT na CMM