Por:
Vereador Mário Frota*
Fui
à tribuna, relatei aos colegas os fatos e deplorei a atitude dessas pessoas que
lacraram e ameaçaram esses dois bares, dos mais tradicionais de Manaus, símbolos
da nossa história, a exemplo de outros estabelecimentos como o Café Pina, Bar
do Cipriano, Jangadeiro, Katikero e São Marcos, esse ora fechado, mais
conhecido pelos boêmios da cidade como bar dos Cornos.
Costumo dizer que o governante, por mais
bem informado que seja, enfrenta dificuldades de ver o que acontece nos andares
de baixo da sua administração, principalmente no que diz respeito aos
subordinados que ocupam o terceiro e quarto escalões.
Nessa segunda feira fui surpreendido em meu
gabinete com a notícia de que o Bar Caldeira, manu militari (por meio da força), havia sido fechado por decisão
de um grupo integrado por várias secretarias do município, sob o comando de um
major da Polícia Militar que, segundo afirmou de público, “estava cumprindo
decisão do Ministério Público do Estado”. No outro dia, o mesmo grupo fez
ameaças de fechamento aos proprietários do Bar do Armando, segundo apurou o
assessor do meu gabinete, designado para apurar a ocorrência.
Ao receber a denúncia liguei para o Roberto
Moita, diretor presidente do Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento
Urbano - Implub, que recebeu a notícia dizendo-me que, em nenhum momento havia
dado tal ordem de fechamento do bar em questão. O que sabia, afirmou, é que
alguém havia lhe comunicado sobre a visita dessa comissão à boate Remulos,
situada no centro, considerada, pela presença de drogas, uma espécie de área
vermelha.
Fui à tribuna, relatei aos colegas os fatos
e deplorei a atitude dessas pessoas que lacraram e ameaçaram esses dois bares,
dos mais tradicionais de Manaus, símbolos da nossa história, a exemplo de
outros estabelecimentos como o Café Pina, Bar do Cipriano, Jangadeiro, Katikero
e São Marcos, esse ora fechado, mais conhecido pelos boêmios da cidade como bar
dos Cornos.
O que me foi relatado pelo proprietário do estabelecimento
lacrado é que um major da Polícia Militar, que dava segurança à tal operação,
em dado momento – e isso aconteceu no Caldeira – pegou um microfone e, possuído
de pura histeria, aos gritos mandou que
os frequentadores se retirassem de imediato, pois que o bar estava fechado, interditado.
Turistas, incluindo alguns italianos e ingleses, foram empurrados para fora do
estabelecimento. Resultado: algumas pessoas saíram sem poder pagar a conta,
fato que redundou em prejuízo para o proprietário do bar, Carbajal Gomes.
No Bar do Armando não foi muito diferente. Fatos
profundamente lamentáveis que nos enchem de vergonha e revolta. Fechar e
ameaçar esses estabelecimentos históricos da nossa Manaus seria o mesmo que o
governo do Rio de Janeiro mandasse interditar os bares da Lapa, o bairro boêmio
mais famoso do País, ou o Amarelinho, da Cinelândia, inaugurado em 1924, que
funciona 24 horas por dia. Confesso que é até difícil alguém admitir que tal
fato tenha acontecido.
Do meu gabinete telefonei para o prefeito
Arthur Virgílio Neto, colocando-o a par dos acontecimentos. Confessou-me que
não sabia de nada, mas que, de imediato, iria se inteirar dos fatos e reparar a
injustiça praticada. Pelo tom de voz, percebi que o prefeito recebeu a notícia e
ficou profundamente contrariado. Não demorou muito, recebi telefonema de um dos
secretários do município, afirmando que o Arthur o havia incumbido de agir, com
a máxima rapidez para reparar o incidente contra os dois citados bares. Pelo o
que me falou esse secretário, pessoa que, aliás, priva da minha amizade
pessoal, o prefeito Arthur Neto estava muito aborrecido com o ocorrido,
garantiu-me.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.