quinta-feira, 9 de abril de 2015

POR QUE TANTAS PESSOAS SÃO MORTAS POR JACARÉS AO LONGO DOS NOSSOS RIOS E LAGOS?



Jacaré de quatro metros atacou uma criança de 12 anos, arrastando-o para o fundo do rio, em Iranduba.
Por: Vereador Mário Frota*
O que aí está, sabemos, tem a ver com a proibição, pelo governo federal, há mais de 40 anos, do abate desse animal em todo o território nacional... de forma inexplicável, o governo impede o abate anualmente de milhares de jacarés. Por tudo que se sabe a carne e pele desse animal tem preço excelente no mercado internacional.
É muito triste a gente, pela manhã, se deparar com uma notícia nos jornais dando conta que, aqui em frente a Manaus, um jacaré de quatro metros atacou uma criança, arrastando-a para o fundo do rio. Uma tragédia! Resultado: os pais e os irmãos do menino, vítima da fera, vivem momentos de grande dor, de sofrimento indescritível.
E por que tantas pessoas, principalmente crianças, são hoje mortas por jacarés ao longo dos nossos rios e lagos?  O que aí está, sabemos, tem a ver com a proibição, pelo governo federal, há mais de 40 anos, do abate desse animal em todo o território nacional. De lá para cá obviamente que, em termos de Amazonas, o número de jacarés vem aumentando consideravelmente e, com isso, espalhando o terror entre as populações ribeirinhas do Estado.
E por que o governo não permite, a exemplo do que é feito com sucesso nos Estados Unidos, nas regiões pantanosas da Flórida e da Geórgia, também conhecidos por Everglades, processos de remanejamento, mediante abate, com o objetivo de controlar o aumento desses animais?
Somos um país cheio de contradições. Apesar de se falar tanto em economia sustentável, porém, de forma inexplicável, o governo impede o abate anualmente de milhares de jacarés.  Por tudo que se sabe a carne e pele desse animal tem preço excelente no mercado internacional. Ora, o que se entende, é que tal processo deve ser feito com toda responsabilidade, respeitando-se a época do acasalamento e da procriação da espécie.
Ora, respeitando-se isso, as populações ribeirinhas teriam um aumento no seu ganho do dia a dia, haja vista que a carne e a pele desse animal têm bom preço no mercado internacional. Não estamos aqui advogando uma matança de forma irresponsável do jacaré, pois, como já foi dito, devemos fazer respeitar a fase do acasalamento e da procriação, a exemplo da já existente lei do defeso, que tem como propósito proteger certos tipos de peixes, como o tambaqui, o jaraqui e outras espécies.   
Agora, paralelo a isso, como forma de orientar os ribeirinhos na captura de jacarés, poderia, muito bem o governo, por meio de programas radiofônicos e pela televisão, desenvolver projetos educativos de conscientização dos habitantes do nosso interior de como explorar, sem perdas para o meio ambiente, de uma riqueza imprescindível para o desenvolvimento sustentável da região.  O que não dá para entender é a forma irracional de como muita gente sacraliza o jacaré fato, na minha concepção, ridículo, absurdo e pouco inteligente.
Enquanto esse procedimento não for adotado, mais pessoas serão sacrificadas, a exemplo dessa criança. Só para lembrar, recentemente, aqui na região dos Autazes, um jacaré atacou uma canoa e matou uma criança e o pai. Fiquei pasmo quando, pelo mesmo jornal que publicou a tragédia, um funcionário do Ibama se manifestou e afirmou que o problema não era do jacaré, mas de quem entrava na seu território. Lembro-me que eu teria afirmado: ‘esse idiota fala assim porque a vítima da fera não é o pai e nem o filho dele’.

*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.