domingo, 19 de agosto de 2012

CARTA PARA O VELHO AMIGO ISAAC TAYAH - PRESIDENTE DA CÂMARA DE VEREADORES DE MANAUS


CARTA PARA O VELHO AMIGO ISAAC TAYAH - PRESIDENTE DA CÂMARA DE VEREADORES DE MANAUS

Por: Jose Ribamar Mitoso, professor da Ufam
Não seja hipócrita! Continuo seu amigo, apesar das óbvias diferenças. E você não ficou tão feio assim de bigodinho!
Tayah, mano, estudamos 10 anos juntos na mesma sala.Nos conhecemos desde a formação da primeira mente, entre 2 e 12 anos.Quando saímos do Colégio, você foi estudar medicina e eu, idiota, fui estudar Filosofia, Direito e Comunicação Social. Enquanto você priorizou estudar o corpo, eu priorizei estudar a mente. Virei socialista e você continuou capitalista. Como escritor militante de vários movimentos sociais, conheci a geração de democratas do Mário Frota, uma geração que hoje está entre os 60 e 70 anos e nós, ainda, não chegamos aos 50. Conheci Mário Frota na campanha da Anistia, em 79, quando eu tinha 16 anos e minha família se mobilizou pela volta de Thiago de Mello, filho de D. Maria Mitouso de Mello, prima de minha mãe Diva Mittoso. Depois nos encontramos na Campanha das Diretas já, em 1984, quando eu era presidente do DCE. Depois, ainda, na mobilização por uma Assembléia Nacional Constituinte, em 1985/1986. E depois de tantas lutas, reencontrei o Mário agora, em 2012, reconstruindo o Projeto Jaraqui. Você não esteve em nenhuma desta lutas democráticas, Isaac. Você, ainda moleque, apoiou o final da ditadura e entrou para os partidos que a apoiaram. Você fez coro com um regime ditatorial nazista que praticou os priores crimes contra os direitos humanos no Brasil, inclusive etnocídios, como contra os Waimiris -Atroaris, semelhante aos praticados pelo nazismo contra judeus pobres, ciganos, negros,democratas de todas as vertentes, enfim. O problemas está mal colocado: antissionismo não é antissemitismo.  Muitas etnias judaícas combatem o nacionalismo judaico, incluindo desde judeus étnicos e agnósticos até ativistas marxistas, como Ralph Shoenman, Michel Warschawski, Norman Finkelstein, Noam Chomski e ainda rabinos adeptos do judaísmo ultraortodoxo, como os integrantes do movimento Neturei Karta e os Hassidim. Mais: a expressão nazisionismo foi criada por judeus socialistas para mostrar ao mundo que os governos direitistas-capitalistas de Israel estão fazendo com povos do médio oriente, na maioria trabalhadores, o mesmo que o nazismo fez com eles. Quando Mário Frota lhe caracteriza como um nazisionista, ele apenas quer que você não aja como um nazista, que oprime os democratas, que governa para grupos elitistas, que nega a saudável diferença da democracia, que não respeita o que é válido para os trabalhadores, como o projeto do Mário, que quer humanizar a vida dos camelôs enquanto outros, incluindo comerciantes e intelectuais judeus, querem tratá-los como se fossem subraças, párias, igual como o nazicapitalismo de Hitler tratava os trabalhadores, incluindo os judeus. Não seja hipócrita! Continuo seu amigo, apesar das óbvias diferenças. E você não ficou tão feio assim de bigodinho!

Comentário
Luiz Carvalho (Professor de Filosofia, da Ufam)
Olha Jose Ribamar Mitoso, parabéns pela tecnicalidade conceitual dada ao problema da diferença entre as ideias de antissionismo e antissemitismo contaminadas semanticamente. Pra não dizer violentadas ideologicamente. Em um País cuja herança cultural é sofrível filosoficamente, esse teu serviço epistemológico esclarecendo esse embrulho ideológico que vem maculando a comunidade judaica de boa constitui uma magistral contribuição filosófica para a teoria do conhecimento com relação à forma e ao conteúdo das idéias. Data venia o teutonismo linguístico, parabéns Herr Professor. Abraços. Luiz Carvalho