sexta-feira, 23 de novembro de 2012

JOAQUIM BARBOSA TOMA POSSE COMO PRESIDENTE DO STF



Texto: Vereador Mário Frota*
Antes de morrer, gostaria de ver negros e índios nos poderes executivo, legislativo e judiciário, na mesma proporção dos brancos. Barack Obama e Joaquim Barbosa são os melhores exemplos de que sonhos se transformam em realidade.
Confesso que fiquei emocionado ao assistir a posse, ontem, do novo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. A raça negra e o povo brasileiro, como um todo, está de parabéns. Nota 10 para a democracia.
O povo norte-americano reelege um negro para dirigir o seu país e, aqui, outro é guindado à presidência da mais Alta Corte de Justiça. Os tempos mudaram. Os Estados Unidos da América do Norte, o Brasil e o mundo mudaram. Nesses tempos de direitos humanos, as diferenças raciais e de natureza religiosa estão sendo superadas. Obama e Joaquim Barbosa são os exemplos mais significativos dessas mudanças por um Planeta com menos discriminação e mais paz.
Tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil, o povo negro sofreu os horrores da escravidão. Lá ocorreu um terrível conflito armado entre as Colônias do Sul e do Norte, que ficou conhecido por Guerra de Secessão, para acabar com o mais nefando dos crimes: a escravidão. Aqui, intelectuais, a exemplo de Rui Barbosa, Castro Alves, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e outros bravos brasileiros, foram à luta e conseguiram, finalmente, sob forte pressão, que a Princesa Isabel assinasse a Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353, sancionada em 13 de maio de 1888), acabando com a escravidão em solo brasileiro.


No início dos anos 60, do século que passou, o avô e o pai de Obama eram obrigados a sentar na cozinha dos ônibus, proibidos de andar nas calçadas e frequentar restaurantes reservados aos brancos. Mesmo com o fim da escravidão no Brasil, milhares de negros foram condenados a morar em favelas infectas de grandes cidades como Salvador e Rio de Janeiro, e a se submeter a trabalhos humildes e de baixa remuneração. Na década de 40, nas suas crônicas, o escritor Humberto de Campos, denunciava tais desigualdades e lamentava que no Brasil os negros só se destacavam como tocadores de violão (sambistas), ou como jogadores de futebol.
A verdade é que os tempos estão mudando. Aos poucos os negros começam a chegar às Universidades, principalmente agora que cotas raciais são criadas para facilitar o ingresso de índios e negros aos bancos das universidades do país. Antes de morrer, gostaria de ver negros e índios nos poderes executivo, legislativo e judiciário, na mesma proporção dos brancos. É tudo uma questão de tempo. Barack Obama e Joaquim Barbosa são os melhores exemplos de que sonhos se transformam em realidade.

*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.