Pela imprensa, o prefeito Arthur reagiu e,
acertadamente, afirmou que não vai retirar nenhuma
faixa
Por:
Vereador Mário Frota*
Não
sei como vai reagir o Dr. Paulo Stélio, mas, cá com os meus botões, acredito
que o ilustre promotor por ser uma pessoa de bem, deve recuar de tal intento em
nome do bom senso que, acima de qualquer lei, deve prevalecer nesses momentos...
“não vá o sapateiro além do sapato”.
A decisão do promotor Paulo Stélio,
autorizando o prefeito Arthur Virgílio Neto a retirar a faixa azul, criada para
facilitar o transporte de pessoas que andam de ônibus, soou de forma estranha,
absurda, levando-se em conta tratar-se de uma ingerência do Ministério Público
numa administração constitucionalmente eleita pelo povo de Manaus para, entre
outras atribuições, administrar o trânsito de uma cidade que já ultrapassa os
dois milhões de seres humanos.
Ninguém tem mais admiração pelo trabalho do
Ministério Público do que eu. Por várias vezes, na condição de parlamentar,
procurei o Ministério Público com o propósito de denunciar coisas erradas, ou
melhor, desvios de autoridades que se acham no direito de usar o dinheiro
público como se fosse seu e não da sociedade que trabalha duro pagando impostos,
na maior parte das vezes escorchantes.
Em relação ao Dr. Paulo Stélio, devo dizer que sou um seu admirador, tendo em
conta tratar-se de um dos melhores fiscais da lei hoje com assento do
Ministério Público do Estado.
Acredito, como no dito popular, que cada
macaco deve ocupar o seu galho. Pela imprensa, o prefeito Arthur reagiu e,
acertadamente, afirmou que não vai retirar nenhuma faixa, por se tratar de ato
da sua administração, decisão que adotou com o intuito de melhorar o transporte
de pessoas que sofrem dentro de ônibus extremamente vagarosos. Não sei como vai
reagir o Dr. Paulo Stélio, mas, cá com os meus botões,
acredito que o ilustre promotor por ser uma pessoa de bem, deve recuar de tal
intento em nome do bom senso que, acima de qualquer lei, deve prevalecer nesses
momentos. Deve, sim, o Ministério Público continuar na sua luta como fiscal da
lei, porém, sem ultrapassar os limites da lei que o criou.
Em conversa com um amigo que também me
revelou não entender a atitude do promotor Paulo Stélio, lembrei-lhe de uma
passagem ocorrida no século V a.C. Fídias, o maior escultor da Grécia clássica,
estava trabalhando uma estátua quando alguém, identificando-se como sapateiro, o interrompeu dizendo-lhe que a sandália não
estava combinando com o vestido. O mestre fez o devido reparo. No dia seguinte, a mesma pessoa opinou que
havia defeitos no vestido. Fídias o interrompeu com a famosa frase: “não vá o
sapateiro além do sapato”.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na Câmara Municipal de Manaus (CMM);
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.