Mário Frota e Orlando Farias
Texto: vereador Mário Frota*
Morre
o homem, não a sua obra. O teu trabalho como bom profissional jamais
desaparecerá. Descansa em paz, amigo. Que o nosso Deus te recolha a uma das
suas moradas.
O
telefone tocou e alguém, do outro lado da linha, foi logo me dizendo: “o
Orlando faleceu.” Meio tonto, em razão de uma forte gripe, perguntei: ‘mas qual
Orlando?’ E a voz do outro lado: “o Orlando Farias!”
Fiquei
sem saber o que falar, pois que não podia ser verdadeiro o que estava ouvindo.
Lembro-me de ter perguntado: ‘mas o que houve mesmo, amigo. Que tipo de doença
o levou a morte?’ E a voz me respondeu: “estão falando em infecção
generalizada."
Perguntei-lhe
onde estava o corpo e em que funerária seria velado. A pessoa respondeu-me que
se encontrava no IML e que em seguida deveria ser levado para uma funerária,
possivelmente para a Almir Neves.
Desliguei
o telefone e veio-me à mente uma forte sensação de perda, não uma perda
qualquer, mas a de um amigo, mais do que isso, de um irmão.
Perdermos
alguém acometido de uma doença grave, já em estado terminal, não é tão chocante
quanto tal fato acontece com uma pessoa que amamos, que sabemos gozar de uma
boa saúde, e que até algumas horas antes ainda podíamos ouvir a sua opinião
sobre os assuntos mais variados.
Em
seguida passei a ligar para várias pessoas em busca de melhores informações
sobre o trágico acontecido. A maioria ainda não sabia de nada. Quase uma hora
depois é que ouvi do tio Flávio, vizinho do Orlando, que o meu amigo gordo,
como eu carinhosamente o chamava, havia mesmo nos deixado e partido para o
mundo espiritual.
Com
febre e tossindo muito não fui à funerária no primeiro dia. Depois de uma noite
mal dormida, ainda febril, pela manhã fui ver o meu querido amigo e levar os
meus pêsames a sua família. Comentei com alguns amigos que lá se encontravam, que
o Orlando não parecia morto, mas alguém que dormia, em razão da tranqüilidade do seu rosto.
Perdi
um companheiro altamente inteligente e talentoso, um jornalista brilhante, uma
pessoa inconformada com as injustiças e desigualdades sociais. A perda não foi
só minha, mas de todos os amazonenses que conheciam o trabalho diuturno de
Orlando por um Amazonas e um Brasil melhor.
Idealista,
como sempre foi, usou os veículos de imprensa onde labutou, para defender o
nosso povo dos maus governantes, denunciando os opressores e defendo os
oprimidos. No fundo, Orlando nunca perdeu o ardor juvenil dos tempos que
militou no velho PCB de Carlos Prestes. Ao lado do amigo Mário Dantas, outro
sonhador, criou o Blog da Floresta, um projeto que deu certo e alimenta de boas
notícias os seus leitores, hoje espalhados pelo Estado e pelo Brasil.
Vamos
sentir a tua falta, Orlandão! Sem a tua presença a imprensa desta terra das
Amazonas fica menor, encolhe, perde importância. Morre o homem, não a sua obra.
O teu trabalho como bom profissional do jornalismo jamais desaparecerá.
Descansa em paz, amigo. Que o nosso Deus te recolha a uma das suas muitas
moradas.
*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da
Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.