Não podemos sediar uma Copa se não temos infra-estrutura. Esse pessoal, em matéria de planejamento para a Copa de 2010, está começando a coisa de trás para a frente. É o verdadeiro samba do crioulo doido. Pensou-se em implodir o Vivaldão e em construir o sistema monotrilho, mas, até a presente data, ainda não se ouviu uma palavra sobre infra-estrutura para receber o público que deverá chegar do interior do Estado, de outras unidades da federação e, até, do exterior.
O porto tradicional, por onde desembarcam os turistas, o Roadway, construído pelos ingleses no apogeu da borracha, mal suporta hoje os navios que chegam do exterior. A ferrugem toma conta do porto. Cada vez que chega um navio de turismo é um deus nos acuda porque a Capitania dos Portos, sob a alegação de que os ancoradouros não oferecem segurança, proíbem a atracação. E o pior: sempre que um navio atraca, os barcos regionais são obrigados a sair e encostar em qualquer lugar da beira do rio, geralmente no flutuante do Boi, uma pequena balsa sem nenhuma estrutura de apoio.
De uma forma geral, os barcos de transporte de passageiros que chegam do interior, transportando milhares de pessoas por mês, o equivalente a 90 por cento das pessoas que chegam à nossa cidade, atracam de qualquer jeito. Quando o flutuante do Boi já está lotado, um barco vai atracando na lateral do outro e, os passageiros, no maior sufoco, vão pulando de barco em barco, até chegar à beira da praia, onde se deparam com lama e poeira. O retorno é outra aventura. Pessoalmente já vi pessoas desabando das pranchas e mergulhando no rio. Um absurdo.
Não podemos sediar uma Copa se não temos um porto decente para o transporte doméstico; se não temos rodoviária que preste, pois a que serve Manaus há trinta anos nunca sofreu uma reforma, encontrando-se hoje com os banheiros vazando, entupidos, fedorentos, com pombos que defecam na cabeça das pessoas, acomodadas em bancos sujos e na sua maioria quebrados; se o Aeroporto que temos está ultrapassado, absolutamente defasado para os dias atuais, agora, imagine, para a temporada da Copa, quando milhares de pessoas do mundo inteiro chegarão para assistir aos jogos.
Volto a insistir. Não seria melhor que, ao invés de se gastar 500 milhões de reais na construção da tal Arena, utilizássemos apenas uma parte, digamos 80 milhões de reais em uma bela reforma no Vivaldão, e o restante, 420 milhões aplicados em investimentos na infra-estrutura necessários para preparar Manaus para a Copa?
Por: Vereador Mário Frota
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM
Líder do PDT na CMM