quarta-feira, 31 de março de 2010

Santa Casa de Misericórdia


Que Horror...
Uma prova da total irresponsabilidade com a coisa pública, pode ser constatada por quem quiser: numa sala cheia de paredes rachadas, goteiras e cupim, no que sobrou do prédio da Santa Casa de Misericórdia, jogados no chão, encontram-se os balancetes e as prestações de conta da administração do doutor João Lúcio Machado, ex-provedor daquela instituição. Tudo no lixo, como, aliás, está o próprio hospital, que, segundo bocas e bicos, dificilmente voltará a ser um lugar de cuidados com a saúde. Talvez até um point para abrigar artistas e seus trabalhos regionais. Para que a SC volte a funcionar, seria necessário uma injeção de mais de R$ 20 milhões, suficiente para a construção de dois hospitais modernos. *** Sobre a Santa Casa, Mário Frota falará no programa “Nosso Encontro” de hoje, no Canal 4.

Matéria veiculada no Jornal A Crítica, de 20/03/2010 (sábado)
Coluna baby – pág. BV4
babyrizzato@acritica.com.br

Amiga Baby Rizzato,
Muito obrigado, de coração, por ter entrado nessa batalha com suas armas de longo alcance - que leva a chancela do jornal e televisão A Crítica - em defesa da revitalização da Santa Casa de Misericórdia de Manaus que se encontra com as portas fechadas, há mais de 5 anos, em decorrência de dívidas que, corrigidas, chega a mais 20 milhões de reais.

Mas acontece que a situação, nesse caso, não é dinheiro e nem a falta dele. A nossa luta pela reabertura da Santa Casa é uma questão de dignidade e reconhecimento a uma causa pública que dinheiro nenhum do mundo paga e nem compra porque é uma história de amor, carinho e de dedicação que essa instituição dispensou, durante mais de um século, aos milhares de amazonenses que lá nasceram e/ou curaram seus males.

Por outro lado, não acredito que se construam dois hospitais modernos com 20 milhões de reais, conforme artigo veiculado, no último sábado, na sua coluna semanal do jornal A Crítica. O PAM da Getúlio Vargas custou muito mais do que isso e não possui um leito sequer, mas apenas salas de atendimento médico. Já a Santa Casa possui 210 leitos distribuídos entre maternidade, berçário, enfermaria, 2 salas de cirurgias e 10 Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). Quando estava em plena atividade, esse hospital chegava a fazer 1.500 internações, 350 partos, além de 8.000 atendimentos e serviços laboratoriais.

Gostaria de lembrar, também, que a Santa Casa de Manaus é a única do Brasil que está com as portas fechadas. Será que estamos passando por uma crise de competência, ou falta vontade política? Falta de dinheiro, como já disse a princípio, não é. Vinte milhões de reais representam apenas 0,02% do valor pago para a construção da ponte Manaus/Cacau Pirêra, orçada em quase 1 bilhão de reais, caso não haja outro aditivo no contrato para sua conclusão. O nosso estado, sozinho, arrecada mais imposto que todos os outros estados da Região Norte.

Observamos, portanto, que está sobrando dinheiro para grandes obras como, por exemplo, a implosão do nosso querido Estádio Vivaldo Lima para dar lugar a um novo centro esportivo visando 1 ou 2 jogos da Copa de 2014. Com todo respeito que tenho pelo governador Eduardo Braga, mas imagine você, derrubar uma obra que já está pronta! Por que não se constrói o estádio para a Copa em outro lugar?

Segundo denúncias veiculadas em uma revista de grande circulação nacional, o “Vivaldão” está orçado hoje em torno de R$ 350 milhões e a sua implosão R$ 200 milhões. A construção de outro estádio para a Copa vai custar R$ 450 milhões. A somatória desses valores alcança a cifra de R$ 1 bilhão, que sai do bolso do nosso povo.

Lembro, nessa oportunidade, que a história das santas casas de misericórdias começa na cidade de Lisboa em Portugal no ano de 1498 quando Dona Leonor de Lancaster foi aclamada regente do trono no lugar de seu irmão, Dom Manuel - o Venturoso. A instituição existe em 11 países e está em Manaus desde 1870 para atender aos mais carentes. É um legado deixado por nossos irmãos portugueses que devemos preservar.

A guerra não acabou. Ainda vem chumbo grosso por aí. Não podemos ficar omissos a essas aberrações com o erário público em detrimento à falência da Santa Casa. Conto, mais uma vez, com o seu apoio e a credibilidade de três décadas do Nosso Encontro.

Vereador Mário Frota.