Manifestação pelas ‘Diretas Já’ contou com a presença
de mais de 1 milhão de pessoas
Texto:
Vereador Mário Frota*
O
que peço a Deus é que, quando isso chegar, o Brasil que aí está não seja mais o
que o ora conhecemos, mas outro, bem melhor, o que sonhamos legar aos nossos filhos e netos.
Desde a campanha gloriosa das ‘Diretas Já’,
comandada por lideranças do quilate de homens como Ulisses Guimarães, Tancredo
Neves, Leonel Brizola e tantos outros bravos companheiros, movimento cívico que
levou às ruas milhões de brasileiros protestando contra a permanência dos
militares no poder, há 20 anos que não vejo o povo tão decidido a mudar para
melhor os rumos deste país, naufragado que está na lama da corrupção que assola
o território nacional de Norte a Sul.
Na época eu e o Arthur, então deputados
federais pela oposição, participamos de memoráveis comícios, gigantescas
concentrações públicas, a exemplo do encontro na Candelária, Rio de Janeiro, que
contou com a presença de mais de 1 milhão de pessoas. Do palanque, lembro-me, via-se um mar de cabeças
até onde dava a vista, espetáculo cívico que, acredito, os meus olhos jamais
verão outra vez. Lindo, inesquecível, só
em lembrar fico emocionado e sinto lágrimas nos olhos.
Agora, eis que, 28 anos depois do fim da
ditadura militar, o povo retorna às ruas e, ao contrário daquela época, que
lutava por liberdade, agora pede o fim da corrupção que, capitaneada pelo PT,
no poder há quase treze anos, assola de ponta
a ponta o país. Triste realidade.
Quando penso que poderia ter sido preso,
assassinado ou exilado do país, como muita gente foi, sinto hoje grande
frustração por ver onde chegamos, ou seja, em vez do país do futuro, como todos
acreditávamos, o resultado são escândalos sucessivos que semanalmente sacodem o país, a exemplo do maior de todos os
tempos, desde a época da colonização: o mensalão que envolveu Lula e os 40 ladrões.
Agora, depois que o povo mostrou a sua
força nas ruas, vem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito
Fernando Hadad, com a cara mais deslambida os dois anunciaram a redução da
tarifa do transporte coletivo. Durões no início, só afrouxaram quando viram a
coisa preta, ou melhor, no momento em que milhares de pessoas marcharam nas
ruas protestando contra o abusivo e ruim transporte coletivo que é oferecido à
sociedade.
Espero que o nosso povo não pare por aí,
não se acomode com essa migalha ora oferecida, mas que continue lutando por
mudanças profundas, reformas substanciais e moralizadoras nos mais diversos
setores da administração pública desta infelicitada nação. Não sei quanto ainda
vou viver, o que peço a Deus é que, quando isso chegar, o Brasil que aí está
não seja mais o que o ora conhecemos, mas outro, bem melhor, o que sonhamos
legar aos nossos filhos e netos.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.