Gasta-se mais de 1 bilhão de reais numa ponte e abandona-se a Santa Casa de Misericórdia de Manaus, que poderia estar salvando muitas vidas, que é a própria história de Manaus.
Por que os governantes desta terra estão dando as costas para a Santa Casa de Misericórdia. Estou rouco de tanto gritar pela sua restauração e reativação. Todos os ouvidos estão moucos. É como se eu estivesse pregando no deserto. A verdade é que nesses últimos três anos tenho feito de tudo para sensibilizar os nossos governantes, no sentido de que encontrem uma solução para a nossa Santa Casa, mas a resposta é a indiferença, um silêncio em termos absolutos.
Realizei dois seminários em Manaus com administradores de Santas Casas de outros Estados. O primeiro, com a participação dos dirigentes das Santas Casas de Santos/SP e Porto Alegre/RG e, o segundo, com os dirigentes das de Fortaleza/CE e Belém/PA. Os dois encontros foram revestidos de grande sucesso. Fora isso, consegui, com apoio de amigos, promover um mutirão de limpeza na Santa Casa, de onde foram retirados seis caminhões de lixo. Os pátios eram um matagal só e, na parte interna, gastou-se muita e água e detergente. O resultado foi ótimo.
Ato seguinte, partimos para a colheita de assinaturas pela reabertura da nossa Santa Casa. Nos lugares onde a nossa equipe chegava, pessoas se apresentavam espontaneamente para assinar as listas. Em pouquíssimo tempo conseguimos 90 mil assinaturas. A campanha foi um sucesso. O que se percebe é que há um forte sentimento de amor nas pessoas pela Santa Casa. Todas elas têm uma história com esse grande Hospital: ou foi ela mesma que lá nasceu, ou foi o filho, ou alguém da família que entrou como morto e, dias depois, saiu com vida.
Pessoalmente, não entendo a razão que levaram as nossas autoridades a dispensarem o mais soberano desprezo à Santa Casa. O mesmo não aconteceu, por exemplo, com a Santa Casa de Belém que, algum tempo atrás, atravessava uma fase difícil. Estava basicamente falida. Inteirada dos fatos, a ex-governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, transformou-a em fundação e, em pouco tempo, colocou-a em funcionamento. A parte antiga foi toda restaurada, novos pavilhões foram construídos e equipamentos novos foram adquiridos. Resultado: a Santa Casa de Misericórdia de Belém já é hoje o hospital referência do Pará, atendendo e salvando vidas de milhares de pessoas que procuram as suas dependências.
Que diferença em relação à nossa Santa Casa abandonada, entregue às traças, há quase sete anos. Isso é uma vergonha. Gasta-se mais de 1 bilhão de reais numa ponte e abandona-se um hospital que poderia estar salvando muitas vidas, que é a própria história de Manaus, o edifício mais antigo da cidade, mais velho 30 anos do que o Teatro Amazonas e o Palácio da Justiça.
Muita gente está revoltada com o abandono em que foi relegado à Santa Casa de Misericórdia de Manaus. Governador Omar Aziz, o senhor pode salvá-la. Algo lá dentro me diz que sim. Essa é uma das razões que me levaram, no início desta semana, a solicitar uma audiência com o amigo. Quero, pessoalmente, entregar-lhe as 90 mil assinaturas, em que o nosso povo pede a reabertura deste grande hospital.
Por: vereador Mário Frota
Líder do PSDB na CMM
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM