Infelizmente tem sido sempre assim. Confiante na subserviência de uma maioria que faz o que o seu mestre manda, projetos chegam à Câmara e dela saem sem uma vírgula de acréscimo, ou melhor, são aprovados a toque de caixa, na marra.
No Congresso Nacional as Comissões Técnicas, das duas Casas Legislativas, convocam quem elas acreditam que pode contribuir para explicar os projetos e aperfeiçoá-los. Entre os convidados é rotineira a presença de diretores de estatais, diretores de autarquias e até de ministros.
Mesmo na época da ditadura militar essas autoridades não se faziam de rogadas quando convocadas pelas comissões técnicas ou pelos plenários da Câmara e do Senado, com propósito de prestar esclarecimento e dar explicações sobre temas considerados polêmicos. Dependendo da importância do ministro convidado a depor, os plenários das Comissões começavam a lotar, desde cedo, assim como, também, quando o debate ocorria nos plenários das duas casas do Congresso Nacional.
Aqui nem secretários e nem o prefeito comparecem ao Plenário da CMM. Por diversas vezes, tenho insistido na presença do prefeito para discutir assuntos do interesse do povo de Manaus, mas a chamada que ele mantém na Câmara, hoje integrada por 32 vereadores, o rejeita de plano. A impressão que se tem é que os aliados do Amazonino, que eu chamo de lacaios do poder, temem que o “chefe” possa passar por dificuldades e constrangimentos.
Pessoalmente, acho que o problema é medo, medo de dizer um amontoado de besteiras. O problema é que secretários e prefeito temem o contraditório, daí a recusa sistemática de participar de debates esclarecedores na Câmara, por medo de serem desmoralizados. Ora, como pode o Amazonino explicar as razões porque ainda não construiu uma única creche, embora tenha, na época da eleição, prometido mil; prometeu que em 90 dias resolveria os problemas do transporte coletivo, mas, até agora, nada, pois o que se vê pelas ruas é ônibus quebrado, quando não pegando fogo.
E vai por aí as promessas de campanha não cumpridas. A diferença do Pinóquio para o Amazonino, é que o primeiro, na historinha, cresce o nariz quando mente, enquanto o segundo, engorda.
Quando leu a sua primeira mensagem de governo na Câmara (e esse é um dia em ele só aparece no plenário porque é obrigado pela Constituição), falou que iria instalar o monotrilho em Manaus. Interessante, o mesmo monotrilho que, agora, ele diz que não serve para Manaus. Pela relevância do tema, convoquei-o a comparecer ao plenário. Foi um Deus nos acuda. A base dele toda votou contra. Um vexame.
Em vão tenho tentado trazer o prefeito ou outro qualquer secretário ao plenário. Essa é uma questão que virou tabu. Os serviçais do prefeito na Câmara não permitem que o patrão seja importunado. Daí a reação a qualquer requerimento que tenha por objetivo trazer um desses deuses de pé de barro entronizados no poder. Não sei quando isso vai mudar. Mas a minha esperança é que, um dia, eles se disponham a descer do monte Olimpo e se sujeitem a ouvir os podres mortais que habitam a planície do plenário da CMM.
Por: vereador Mário Frota
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM
Líder do PDT na CMM