Infelizmente o PIB (Produto Interno Bruto), dividido por habitante não significa distribuição de renda, pois se fosse o caso, a população de Manaus, que tem como geradora de riquezas o parque industrial da Zona Franca de Manaus, com faturamento previsto para este ano em mais de US$ 30 bilhões, e a de Coari, que tem milionária participação de royalty sobre exploração de gás e petróleo, estariam entre as mais ricas do país.
Tudo bem. Sobre a situação de Manaus sabemos que o grosso desses recursos, a título de remessa de lucros, sai de Manaus para as sedes das empresas no sul do país e para o exterior. Aqui fica tão-somente o dinheiro dos salários pagos aos funcionários, responsável pela circulação de riquezas, os setores de serviços e comércio, além naturalmente de impostos como o ICMS, recolhido para o estado e o ISS para o município.
O que ninguém consegue entender é porque o município de Coari, hoje dono de uma arrecadação tão expressiva, ao ponto de apresentar uma renda per capta maior do que a de Manaus, o seu povo está empobrecido, as ruas da cidade estão esburacadas, o salário dos funcionários atrasados em seis meses, sem falar que o décimo terceiro do ano passado ainda não foi pago.
Ora, ao contrário de Manaus, o dinheiro de royalty sobre o petróleo não migram para lugar nenhum, pois cada centavo vai para os cofres da prefeitura de Coari, fato que o transformou no município mais rico do interior do Amazonas. Ora, se tudo isso é verdade, por qual razão o povo de Coari está sofrendo tanto? O município foi precipitado no caos. O povo não tem direito a uma educação de qualidade para seus filhos, saúde pública, água limpa nas torneiras, esgotos, segurança pública, e vai por aí.
Em síntese, Coari é um caso de polícia. Sai um prefeito pedófilo e ladrão e entra outro que continua recebendo recursos milionários, mas que somem misteriosamente. Todo mundo sabe que o Adail roubava mais do que um rato, mas pagava o funcionalismo e mantinha a cidade mais ou menos arrumada. Agora, o que se sabe, é que o atual prefeito não sai por aí prostituindo menininhas de 12 e 13 anos, mas, em compensação, o dinheiro que chega à prefeitura desaparece como fumaça.
Todo mundo fecha os olhos para tal escândalo: os vereadores do município calam, o Ministério Público está encolhido, os governos estadual e federal mantêm silêncio, os deputados estaduais e federais perderam a língua. Enfim, o que existe sobre Coari é o silêncio mais absoluto, fruto de omissão vergonhosa e infame. No dizer do padre Antônio Vieira: “omissão é o pecado que se faz não fazendo”. No caso de Coari não é só pecado, mas também crime das autoridades que meteram a boca no saco. Com autoridades como essas, para que o povo de Coari precisa de inimigos?
Por: vereador Mário Frota
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM
Líder do PDT na CMM