A FIGURA DO SUPLENTE DE SENADOR FERE O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL QUE DIZ QUE “TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME É EXERCIDO”. Pessoalmente, recuso-me a aceitar a instituição do suplente de senador, uma anomalia, uma aberração, um desrespeito ao voto que legitima a autoridade dos que governam uma nação que se pretende democrática. Como fica, por exemplo, o princípio constitucional de que “todo poder emana do povo e em seu nome é exercido”. Sim, como fica, se ninguém vota em suplente de senador?
Na sua maioria são pessoas que o povo não conhece, nunca ouviu falar. Aqui temos vários exemplos, mas o que é mais citado é o que envolve a eleição de Amazonino Mendes para o senado em 1990. A escolha do suplente do Amazonino recaiu sobre um paulista que aqui tinha alguns negócios na Zona Franca, um desconhecido do povo de nome Gilberto Miranda Batista.
Um ano e meio depois Amazonino deixou o Senado para ser prefeito de Manaus. Resultado: Amazonino foi eleito e o Gilberto Miranda assumiu o Senado por seis anos e meio, uma eternidade. Agora vejam o absurdo. Apesar de chegar ao Senado sem um único voto, ainda por cima ninguém o conhecia. Eu mesmo, que já havia exercido três mandatos de deputado federal e, que à época era vereador de Manaus, não sabia de quem se tratava.
Lembro-me que as pessoas me perguntavam: “Mário, de que planeta ou buraco saiu esse cara?” O que eu respondia era que não o conhecia. O que dizem, tentava explicar, é que se trata de um empresário rico, uma espécie de trem pagador da campanha do Amazonino. A verdade, é que só depois de muito tempo conheci o tal senador, sendo a ele apresentado pelo Bernardo Cabral (esse sim, senador de verdade, pois que eleito pelo povo), no plenário do Senado.
Nada pessoal contra os suplentes de senadores, até porque alguns deles são pessoas que merecem o meu respeito. Posso aqui citar dois deles, o João Pedro, o suplente do Alfredo Nascimento, e o Jefferson Praia, o companheiro do meu partido, o PDT, que substituiu o ex-senador Jefferson Péres, morto há quase dois anos. Trata-se de duas pessoas que reputo decentes e nelas poderia votar sem susto de errar.
O problema é que eu preferiria que os dois fossem eleitos pelo povo, como agora, por exemplo, o Jefferson Praia luta para chegar ao Senado pelo voto do povo, incluindo aí o meu, pois vou votar nele e pedir aos meus amigos e a quem possa influenciar que façam o mesmo.
Na época da ditadura militar foi criada a figura do senador nomeado, apelidado pelo povo de senador biônico. Agora, em plena democracia, temos a figura do senador sem votos. Afinal, qual a diferença entre senador biônico e suplente de senador?
O Brasil é o único país do mundo civilizado e democrático que tem a figura de um parlamentar que não foi votado por ninguém. Espero que a tal reforma política, tão decantada, mas que nunca chega, acabe com a figura desse parlamentar sem votos.
A democracia agradece. E o eleitor, também.
Por: Vereador Mário Frota
Líder do PDT na CMM