NO PAÍS DAS OPORTUNIDADES, UM NEGRO DE FAMÍLIA POBRE E DISCRIMINADA, COM ORIGEM NA ÁFRICA CHEGA, PELO VOTO, AO SUPREMO POSTO DO PAÍS MAIS RICO E MELHOR ARMADO DO MUNDO. BEM VINDO AO BRASIL, PRESIDENTE BARACK OBAMA! AS NOSSAS ORIGENS NÃO SÃO DIFERENTES DAS SUAS. É surpreendente a democracia americana. Há quarenta anos, os negros americanos sofriam todo tipo de humilhação. Havia escolas, bares, restaurantes e teatros em que negros não podiam entrar. O pai e o avô de Barack Obama enfrentaram os preconceitos da época, sendo obrigados a dar lugar nos ônibus para os brancos, e empurrados a sentar nas cadeiras da cozinha os veículos.
Passados quatro décadas do início da luta pela igualdade civil, que produziu heróis da causa negra, como Martin Luther King, e um presidente da república da estirpe de John Kennedy, tudo mudou como num passe de mágica, ao ponto de um negro, de origem humilde, nascido de pais com origem no Quênia, um dos países mais pobres da África, ter sido eleito presidente da nação mais rica e, de longe, belicamente a mais poderosa do mundo.
Quem poderia imaginar uma mudança tão grande no país de Abraham Lincoln? E em tão pouco tempo? Lembro-me do rancor e antipatia que a minha geração nutria pelos Estados Unidos da América do Norte. Acredito que tinha tudo a ver com a guerra fria, ou seja, o choque ideológico, e pelo poder, entre dois blocos: de um lado os Estados Unidos liderando as democracias capitalistas do Ocidente e, do outro, a União Soviética, inspirada e motivada pelo marxismo (comunismo).
O chamado terceiro mundo, no qual o Brasil se perfilava, ficou entre o embate da onda e da rocha, uma espécie de concha marinha no meio da rebentação das ondas. A minha geração ficou dentro dessa briga, com milhares de jovens, entre os quais eu me incluía, tentado a aderir a ideologia comunista. Quando o pau quebrou aqui, após a derrubada da democracia por um golpe militar, em março de l964, a tentação aumentou, ao ponto de muitos jovens partirem para a luta armada, que deu origem a guerrilha urbana e rural.
Passados esses anos todos, hoje entendo o mal que a guerra fria trouxe ao chamado terceiro mundo, dividido por guerras civis sangrentas, golpes militares, revoluções, como a cubana, e muito sangue inocente jorrando em ditaduras infames e cruéis, a exemplo da que eclodiu no Chile, sob o comandado do general Augusto Pinochet, um assassino que mandou matar milhares de opositores, e a da Argentina, dominada por uma chusma de militares corruptos e sanguinários. Resultado: durante mais de 30 anos da guerra fria, até o seu final, com o desmoronamento do império soviético, nenhum país terceiro mundista sobressaiu em termos econômicos. Todos permaneceram pobres, arrastando-se no subdesenvolvimento. Ninguém ganhou; todos perderam.
Tanto sofrimento para nada. Mas como tudo passa, embora os resultados tenham sido terríveis, agora eis que chega ao Brasil, para uma visita de dois dias, o presidente norte-americano, o negro Barack Obama, uma vitória contra o preconceito, mais do que isso, uma vitória da humanidade contra a discriminação racial.
Que o presidente Barack Obama tenha uma feliz estada no nosso Brasil, um país abençoado pela miscigenação de todas as raças e pela tolerância a todos os credos.
Por: vereador Mário Frota
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM
Líder do PDT na CMM