Não
adianta chorar sobre o leite derramado. Mantê-la até a sede do município do
Castanho, é uma necessidade, um preço que temos que pagar.
A rodovia BR-319, que liga Manaus à Porto
Velho, está alagada. Soberano, o rio tomou conta de tudo. Até onde dá a vista é
só água e nem uma ponta de terra firme. Somente os carros de estrutura mais
elevada podem ainda passar, mas mesmo assim, enfrentando grandes dificuldades.
Alguém há de perguntar a razão porque
construíram uma estrada em cima de terras tão baixas, sujeitas a alagações
periódicas dos nossos rios. É justo tal questionamento. O problema é que, na
época em que ela foi construída, o país vivia sob o tacão de um regime
autoritário. Na época a imprensa estava amordaçada, e bem poucos tinham coragem
para contestar os tiranos de plantão.
Eles decidiram o itinerário da estrada e
pronto. Houve planejamento, algum tipo de estudo ambiental? Coisa nenhuma. Viviam-se
tempos de Brasil Grande, do milagre brasileiro. Foi nessa época que surgiu a
idéia de obras como a Transamazônica, Perimetral Norte, Ferrovia do Aço,
Itaipú, Angra dos Reis (energia nuclear), hidrelétricas de Tucurui, Balbina e, ainda a BR-319 que, a cada grande enchente, desaparece
do mapa.
Eleito deputado federal, antes da sua
inauguração, resolvi percorrê-la até a área onde hoje está localizada a sede do
município do Castanho. O engenheiro que me acompanhou, funcionário da empresa
construtora, deu-me uma verdadeira aula sobre a estrada. Mostrou-me extensões
imensas que foram resgatadas de áreas pantanosas, assim como me mostrou
pequenas pontes sobre igarapés, onde, segundo ele, os alicerces não eram
confiáveis, porque o fundo era constituído por camadas profundas de puro lodo.
Depois de inaugurada, estabeleceu-se a
regra de que nenhum caminhão poderia transitá-la com mais de 10 toneladas. Até
balanças para pesagem dos veículos foram instaladas aqui e em Porto Velho. Como
podia essa estrada dar certo? Basta dizer que, nos dias de hoje, tem caminhão
transportando até 40 toneladas. O problema, é que o traçado da estrada poderia ter
sido pelo outro lado rio Madeira. No seu percurso, até Manaus, seria por cima
de terras firmes até Itacoatiara. De lá para cá, um pulo, até porque, àquela
época, a AM-010 já existia.
Agora, não adianta chorar sobre o leite
derramado. Mantê-la até a sede do município do Castanho, é uma necessidade, um
preço que temos que pagar, até porque, por meio dela, vários municípios da
região já estão interligados. Mas quanto ao resto? O que fazer? Não é mais
racional e barato investir no melhoramento dessa estrada líquida, que é o rio
Madeira, que segue paralela à BR-319 em todo o seu percurso? Até prova em contrário, essa é a minha
opinião.
Por:
vereador Mário Frota
Líder
do PSDB na CMM
Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM
Foto:
g1.globo.com