Confesso que fato como esse não vi nem na época da
ditadura militar que, ao lado de outros brasileiros, ajudei a derrubar. Por tal
razão, mais uma vez estou ingressando na Justiça contra esse tipo de tirania.
“Quanto
mais conheço o homem, mais amo meu cão”, afirmava Voltaire. O autor de Candide
era dono de uma mente brilhante, o que se pode chamar de gênio. Ora, se em vez
do grande escritor e filósofo que foi, tivesse ele exercido cargos políticos, de
preferência aqui no Brasil, com certeza
que a sua frustração em relação ao ser humano seria bem maior, ou seja, na
pior das hipóteses, teria substituído a palavra cão por poste,
o da frente da sua casa.
Vejam
se tenho ou não razão. Há dias atrás, consegui 14 assinaturas como forma de
apoio para um projeto de minha autoria, que tem por objetivo extinguir o
auxílio paletó, também conhecido por 14º salário, uma ajuda de custo
equivalente a um mês de salário dos vereadores, um privilégio que nasceu neste país
há mais de 50 anos, que o nosso povo não mais aceita e que precisa ser
extirpado.
De
forma estranha, em reunião na sala do Presidente da Casa, Isaac Tayah, somente
três das 14 assinaturas foram mantidas no sentido do projeto seguir o seu
trâmite natural. Dos 14 que já haviam assinado o meu projeto, a título de apoiamento,
só três não se vergaram à vontade do presidente Tayah de sepultar o projeto
antes de ele chegar à Mesa para deliberação.
O que
mais me deixou surpreso é que, dos três que mantiveram intactas as suas
assinaturas, dois são da base do governo, no caso os vereadores Homero de
Miranda Leão e Luiz Alberto Carijó. Quanto à oposição, somente o vereador Waldemir
José, do PT, se manteve firme. A minha maior decepção foi ver os vereadores
Elias Emanuel e Joaquim Lucena baterem em retirada. Um vexame! Na
Câmara eles se dizem de oposição. Mas oposição a quem?
Dos
38 vereadores, quase todos se curvaram à vontade de Isaac Tayah que, desde o
primeiro momento, como um pequeno ditador, ameaçou que não iria permitir que o
projeto tramitasse na Casa, comportamento que agride à democracia e estupra o Estado de Direito, garantidor do
direito das minorias de legislar nos parlamentos. Confesso
que fato como esse não vi nem na época da ditadura militar que, ao lado de
outros brasileiros, ajudei a derrubar. Por tal razão, mais uma vez estou
ingressando na Justiça contra esse tipo de tirania. No jogo político é natural ceder aqui e
acolá, menos, é claro, quando a questão envolve princípios. E quando isso
acontece, a minha formação não permite recuar um só centímetro.
Por: vereador Mário Frota
Líder do PSDB na CMM
Presidente da Comissão
de Constituição, Justiça e Redação da CMM