A Zona Franca possui mais de 600
indústrias, que empregam mais de 100 mil operários.
Texto:
Vereador Mário Frota*
É
necessário que o modelo da Zona Franca seja redirecionado, com propósito de
interiorizar o progresso gerado em Manaus e, assim, salvar o nosso interior,
secularmente marcado pelo abandono e pela miséria.
Políticos, governantes e empresários
comemoram a vitória diferençada da Zona Franca na Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE). Espera-se, agora, uma vitória definitiva, quando ocorrer a
votação no plenário do Senado, fato previsto para os próximos 15 dias.
46 anos de existência e, vez por outra, a
nossa Zona Franca enfrenta solavancos, porém, felizmente, tomba, mas não cai.
Portanto, há quase meio século, o modelo econômico a nós concedido pela
Ditadura Militar, pelas mãos do general-presidente Humberto Castelo Branco,
caminha sobre o fio da navalha, ao sabor da vontade de políticos que, caso
queiram, podem amanhã acabar com ela.
O modelo Zona Franca, com base em
incentivos fiscais, até a presente data, em termos de progresso econômico,
ainda está preso a Manaus, com as suas mais de 600 indústrias, que empregam
mais de 100 mil operários. Com o passar de todos esses anos, a capital
amazonense transformou-se numa megalópole, saltando de pouco mais de 200 mil
habitantes, em 1967, quando foi criada, para os mais de 2 milhões atualmente.
O inchaço de Manaus deveu-se ao êxodo das
populações do interior que buscaram os empregos oferecidos pelas fábricas do
Distrito Industrial da Suframa e pelas populações oriundas de outras Unidades
da Federação, a exemplo de pessoas que aqui chegaram, em especial dos Estados
do Pará, Maranhão e Ceará.
Que vamos superar a crise que ameaça a Zona
Franca, não tenho dúvida. O problema é se daqui em diante os governantes deste
Estado vão continuar agindo como se esse modelo econômico fosse para toda a
eternidade. É bom que, a partir de agora, procurem eles por outras alternativas
econômicas, capazes de assegurar a
economia desta terra, caso a lei que criou a Zona Franca um dia venha a ser
extinta. Por exemplo, por que não pensar no turismo,
hoje falido, no Estado?
Pelo visto, vamos chegar aos 80 anos da
Zona Franca com o Estado na situação que está, ou seja, com uma economia
pujante na capital, mas com um interior falido, aonde não chega o braço do
governo na área da saúde e educação. Financiamento para incentivar e fomentar
projetos agro-pastoris não existe. Não há indústrias no interior. Em verdade,
só quem emprega nos municípios do interior são as prefeituras, arma usada pelos
prefeitos para ganhar eleição. É necessário que o modelo da Zona Franca seja
redirecionado, com propósito de interiorizar o progresso gerado em Manaus e,
assim, salvar o nosso interior, secularmente marcado pelo abandono e pela
miséria. (Foto:www.istoe.com.br)
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.