O mais importante compromisso assumido pelos homens e mulheres que resolveram enfrentar a tirania opressora, que havia tomado conta do País, era libertar o Brasil, para que os nossos filhos e netos pudessem viver num regime democrático.
Leio sempre com muito prazer os artigos assinados pelo jornalista Almir Filho. Almir me conquistou pela sua forma direta de ir aos fatos, somado a uma grande sensibilidade com o social, sem falar no estilo escorreito no trato da Última Flor do Lácio, inculta e bela, expressão imortalizada pelo poeta Olavo Bilac.
Em seu artigo publicado ontem, Almir fez-me recuar no tempo, levando-me a reflexão e fazendo-me lembrar dos sonhos da minha geração, bem anterior a sua, mas que também tinha na alma o desejo de melhorar este País, tornando-o mais justo, uma pátria de todos, onde as oportunidades não seriam um privilégio de poucos, mas uma conquista de muitos.
A minha geração enfrentou os momentos mais difíceis e turbulentos da vida nacional, os chamados anos de chumbo da ditadura militar que, por força de uma quartelada, instalou-se no poder em 1964, permanecendo nele por intermináveis 21 anos. Foi, portanto, no meio dessa tempestade que, recém saído da Faculdade de Direito, lancei-me, aos 29 anos, candidato a deputado federal pelo partido da oposição à ditadura militar.
Fábio Lucena, impedido pelos militares de concorrer à eleição de 1974 (na época o político da oposição com maior prestígio entre as massas), apoiou-me publicamente e, em razão disso, consegui ser o deputado federal mais votado do Amazonas. Confesso, que maior do que a alegria com a minha eleição, foi a responsabilidade que o povo havia colocado sobre os meus ombros. Fábio, uma espécie de irmão mais velho, tornou-se meu conselheiro e, por várias vezes, ouvi da sua boca que eu jamais poderia esquecer que a nossa geração era a do destino. Segundo ele, o mais importante compromisso assumido pelos homens e mulheres que resolveram enfrentar a tirania opressora, que havia tomado conta do País, era libertar o Brasil, para que os nossos filhos e netos pudessem viver num regime democrático, onde o pendão da liberdade tremularia bem alto.
Esse sonho foi passado para outras gerações, inclusive a do Almir Filho, que continuou na mesma pregação civilista, priorizando o coletivo aos interesses do indivíduo. Até aí o sonho persistia, no entanto, será que hoje esse mesmo sentimento ainda reside nos corações das gerações do agora? Será que continuam sonhando em transformar em realidade os sonhos que muitas gerações vinham alimentando por décadas? Teriam as novas gerações arriado as bandeiras do idealismo, que erguemos num passado não muito distante? Essa preocupação que tenho hoje não é só minha, mas do Almir e de tantos companheiros que continuam apostando num Brasil melhor para o conjunto da sociedade, e não apenas para uns poucos. E que esse sonho não morra nunca, amigo Almir, espero.
Por: Vereador Mário Frota
Líder do PSDB na CMM
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM
Foto: grandesmensagens.com.br