“A não ser que descubram, mais lá na frente, uma nova fórmula para aumentar o preço da ponte”. Hipóteses: Depois de mais um aditivo com a festa de inauguração e o cachê do Nunes Filho, engenheiros descobrem que a ponte ‘vai ligar nada com coisa alguma’, conforme vaticinou Mestrinho, e sugerem a construção do Negrotúnel, a exemplo do Eurotúnel, que liga Paris a Londres. Daí, mais um aditivo para a implosão da ponte... Essa descoberta lembra o Vivaldão, mas ainda bem que são apenas suposições.
POR QUE OS GASTOS COM A PONTE NÃO PARAM DE CRESCER? O ORÇAMENTO INICIAL DE R$ 574,8 MILHÕES JÁ PULOU PARA R$ 984.1. NA MARCHA QUE VAI PODE ULTRAPASSAR R$ 1 BILHÃO. ALGUÉM APOSTA O CONTRÁRIO? Como deputado estadual defendi a construção da ponte sobre o rio Negro. Ninguém, de bom senso, é contra a construção dessa obra. O problema é que a sua construção começa a cheirar mal, com muita gente acreditando que o governo deve explicações sobre os elevados gastos, absurdamente acima da previsão inicial.
Vejamos o seguinte quadro. A ponte foi licitada em R$ 574,8 milhões. Depois o Estado concedeu um aditivo de R$ 305,3 milhões, a título de compensação pela troca de tecnologia na construção das estacas de sustentação dos pilares. Agora, finalmente, vem o Secretário René Levy, da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano de Manaus e desembucha (por que só agora?) que serão necessárias mais duas licitações para a conclusão da obra, ou seja, para iluminação cênica, no valor de R$ 14 milhões, e outra de R$ 90 milhões para o sistema de proteção dos pilares, perfazendo um total de R$ 104 milhões.
Ora, distinto público, os caras pálidas é que são sabidos e, nós, índios, os burros dessa história, os babacas que vão pagar a conta. O exemplo que dou frente a uma situação como essa é a do sujeito que constrói uma casa e, depois de terminada, descobre que esqueceu de incluir no orçamento a parte elétrica e o sistema hidráulico, ou seja, a casa não dispõe de energia elétrica e de água. Brincadeira tem hora. O que não se entende é a razão porque um Secretário do Estado vem agora e, na maior cara de pau, diz que o problema quem criou foi o Ministério da Marinha, que alegou que a iluminação da ponte traria riscos à navegação.
Dizia Bismark “que imbecil é quem não aprende com a experiência alheia”. Ora, porque, então não copiaram a iluminação de algumas das centenas de pontes que existe país afora, algumas delas atravessando baías, a exemplo da Rio/Niteroi, e outras que atravessam rios. Pelo amor de Deus, essa história da intervenção do Ministério da Marinha é de fazer rir, é para neguinho tolo acreditar.
Resultado: a ponte orçada inicialmente em 574,8 milhões de reais, frente a tantos esquecimentos, verdadeira crise de amnésia, que de forma misteriosa atingiu o governo e a turma da Camargo Correia (coitadinhos tão inexperientes), vai beirar ou, quem sabe, até ultrapassar o R$ 1 bilhão de reais. Alguém duvida?
Depois de tanto esquecimento e trapalhadas, onde ainda vão encontrar desculpas para aumentar o preço da ponte? Enquanto discutem como embolsar mais grana, o povo está sofrendo com a travessia das balsas. Na semana passada fui uma dessas vítimas. Foi um sacrifício danado. Além da chuva, as balsas lotadas e lentas demoram uma eternidade para fazer a travessia de ida e volta. Enquanto isso, o Secretário René Levy nos tranquiliza e diz que os novos editais já estão na rua. Parece que agora vai... A não ser que descubram, mais lá na frente, uma nova fórmula para aumentar o preço da ponte.
Por: Mário Frota
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM
Líder do PDT na CMM