terça-feira, 16 de novembro de 2010

PONTE SOBRE O RIO NEGRO PODE ULTRAPASSAR R$ 1 BILHÃO


“A não ser que descubram, mais lá na frente, uma nova fórmula para aumentar o preço da ponte”. Hipóteses: Depois de mais um aditivo com a festa de inauguração e o cachê do Nunes Filho, engenheiros descobrem que a ponte ‘vai ligar nada com coisa alguma’, conforme vaticinou Mestrinho, e sugerem a construção do Negrotúnel, a exemplo do Eurotúnel, que liga Paris a Londres. Daí, mais um aditivo para a implosão da ponte... Essa descoberta lembra o Vivaldão, mas ainda bem que são apenas suposições.



POR QUE OS GASTOS COM A PONTE NÃO PARAM DE CRESCER? O ORÇAMENTO INICIAL DE R$ 574,8 MILHÕES JÁ PULOU PARA R$ 984.1. NA MARCHA QUE VAI PODE ULTRAPASSAR R$ 1 BILHÃO. ALGUÉM APOSTA O CONTRÁRIO? Como deputado estadual defendi a construção da ponte sobre o rio Negro. Ninguém, de bom senso, é contra a construção dessa obra. O problema é que a sua construção começa a cheirar mal, com muita gente acreditando que o governo deve explicações sobre os elevados gastos, absurdamente acima da previsão inicial.

Vejamos o seguinte quadro. A ponte foi licitada em R$ 574,8 milhões. Depois o Estado concedeu um aditivo de R$ 305,3 milhões, a título de compensação pela troca de tecnologia na construção das estacas de sustentação dos pilares. Agora, finalmente, vem o Secretário René Levy, da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano de Manaus e desembucha (por que só agora?) que serão necessárias mais duas licitações para a conclusão da obra, ou seja, para iluminação cênica, no valor de R$ 14 milhões, e outra de R$ 90 milhões para o sistema de proteção dos pilares, perfazendo um total de R$ 104 milhões.

Ora, distinto público, os caras pálidas é que são sabidos e, nós, índios, os burros dessa história, os babacas que vão pagar a conta. O exemplo que dou frente a uma situação como essa é a do sujeito que constrói uma casa e, depois de terminada, descobre que esqueceu de incluir no orçamento a parte elétrica e o sistema hidráulico, ou seja, a casa não dispõe de energia elétrica e de água. Brincadeira tem hora. O que não se entende é a razão porque um Secretário do Estado vem agora e, na maior cara de pau, diz que o problema quem criou foi o Ministério da Marinha, que alegou que a iluminação da ponte traria riscos à navegação.

Dizia Bismark “que imbecil é quem não aprende com a experiência alheia”. Ora, porque, então não copiaram a iluminação de algumas das centenas de pontes que existe país afora, algumas delas atravessando baías, a exemplo da Rio/Niteroi, e outras que atravessam rios. Pelo amor de Deus, essa história da intervenção do Ministério da Marinha é de fazer rir, é para neguinho tolo acreditar.

Resultado: a ponte orçada inicialmente em 574,8 milhões de reais, frente a tantos esquecimentos, verdadeira crise de amnésia, que de forma misteriosa atingiu o governo e a turma da Camargo Correia (coitadinhos tão inexperientes), vai beirar ou, quem sabe, até ultrapassar o R$ 1 bilhão de reais. Alguém duvida?

Depois de tanto esquecimento e trapalhadas, onde ainda vão encontrar desculpas para aumentar o preço da ponte? Enquanto discutem como embolsar mais grana, o povo está sofrendo com a travessia das balsas. Na semana passada fui uma dessas vítimas. Foi um sacrifício danado. Além da chuva, as balsas lotadas e lentas demoram uma eternidade para fazer a travessia de ida e volta. Enquanto isso, o Secretário René Levy nos tranquiliza e diz que os novos editais já estão na rua. Parece que agora vai... A não ser que descubram, mais lá na frente, uma nova fórmula para aumentar o preço da ponte.

Por: Mário Frota

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM

Líder do PDT na CMM

INTERIOR ABANDONADO: A RAZÃO PORQUE A MAIORIA DOS JOVENS VIVE NOS CORREDORES DAS DROGAS


GILBERTO, AMAZONINO E EDUARDO FALHARAM COM O INTERIOR, HOJE TÃO ABANDONADO QUANTO HÁ 30 ANOS. E O OMAR? O QUE VAI PODER FAZER? Como homem que tem origem nas barrancas do rio Piorini, afluente que separa Coari de Codajás, fiquei feliz quando os jornais publicaram que o Omar vai lutar pelo interior, hoje relegado ao abandono. A única expectativa que as pessoas que vivem nessas regiões têm, é a de um dia poder sair de lá para viver em Manaus. A exceção é o Iranduba, quase um bairro de Manaus, atualmente abrigando várias olarias, e Itacoatiara, que hoje tem uma grande madeireira, a Mil Madeireira. Fora isso, em todo o interior do estado não existe indústrias, uma única fábrica para empregar os filhos da região.

Algumas pessoas, em visita ao interior, de lá voltam dizendo: “olha a cidade tal cresceu muito”. É verdade. Tefé, Coari, Tabatinga e outras cidades cresceram em razão das populações que habitavam os rios, lagos e paranás, terem migrado para as sedes dos municípios em busca de melhores dias. Mas onde está o emprego? Não existe, a não ser os que são oferecidos pelas prefeituras, na base do toma lá, dá cá, ou seja, a pessoa ganha um emprego, desde que se comprometa em apoiar o prefeito na próxima campanha política, ou a quem ele indicar. Esse é o jogo.

Fora isso, no máximo alguém pode conseguir emprego de balconista (que prefiro chamar de subemprego) numa loja da cidade. Emprego mesmo não existe. Daí a razão porque muitos jovens que vivem nos chamados corredores da droga terminam se envolvendo com esse tipo de crime, perigoso, pois, quem entra não sai, é como descer as escadarias do inferno. O destino desse jovem está selado: ou um dia vai ser alvo das balas da polícia, ou assassinados por outros traficantes.

Já disse em matéria assinada neste blog, que o último governador que planejou para o interior do Estado foi o José Lindoso, meu adversário na época. De lá para cá só enganação, empulhação, mentira e muita conversa fiada. Quem conhece o resultado da revolução agrícola prometida por Amazonino Mendes, na campanha de 1986? Prometeu que iria libertar o interiorano do cabo do machado e promover a maior revolução agrícola da história do Amazonas. Depois de eleito, sem nenhum critério, danou-se a distribuir motos-serras, o que fez aos milhares.

No segundo e no terceiro mandatos, parou de distribuir motos-serras e resolveu banir o remo. Em razão disso importou da China motores para adaptar rabetas para uso em canoas. Além desses motores, importou também grupos geradores e pequenos tratores agrícolas. Resultado: seis meses depois os equipamentos importados da China estavam quebrados, entulhando oficinas em todo o interior. E por quê? Por duas razões: primeiro pela tecnologia ruim chinesa; segundo pela falta de peças de reposição. A experiência do Amazonino desceu o barranco e naufragou. Milhões dos impostos do povo jogados pelo ralo da incompetência e da corrupção, e ninguém pagou por isso.

Por último o projeto Zona Franca Verde, de Eduardo Braga, que, até hoje, ninguém sabe do que se trata. Assim como o projeto da revolução agrícola de Amazonino, o projeto Zona Franca Verde foi muito bom no papel e pela propaganda na televisão. Enfim, os projetos tocados por Amazonino e Braga, em pouco se diferenciaram do projeto agrícola desenvolvido por Jaith Chaves, secretário de produção de Mestrinho, que teve como resultado um repolho de alguns quilos, que orgulhosamente apresentava nos programas televisivos, o que levou o povo a apelidá-lo de Jaith Repolhão. Pode parecer engraçado, mas, no fundo, é trágico.

Não desista, Omar. A esperança é a última que morre.

Por: vereador Mário Frota

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM

Líder do PDT na CMM

CPI DOS COMBUSTÍVEIS: NA ASSEMBLÉIA NINGUÉM FICOU DE FORA

Não entendi por que, apesar de ter sido o autor e presidido uma CPI na Assembléia, que apurou a formação de cartel na venda da gasolina no Estado, não fui convidado a participar da CPI, ora presidida na Câmara pelo vereador Lucena. É difícil entender certas coisas. Por que desprezar a experiência de quem já conhece o caminho das pedras? A CPI que presidi teve grande repercussão, porque foi a primeira grande investigação feita no Estado para apurar denúncias de formação de cartel na venda de combustíveis, em especial em Manaus.

Aprovada a CPI, tomei a liberdade de escolher a dedo os demais integrantes, por entender que era fundamental integrá-la com parlamentares que não fossem ceder frente a possíveis pressões de poderosos do governo, ou frente ao dinheiro de um dos setores mais ricos do país. Quando ela foi instalada, o povo de Manaus pagava a gasolina mais cara deste Brasil, porém, um mês depois, já era a mais barata. A minha primeira regra foi não abrir mão de ouvir em depoimento os donos de postos e das distribuidoras. Em razão disso, fiz questão de deixar bem claro, nos ofícios de convocação, que a CPI não aceitava ouvir gerentes, diretores, ou qualquer outro empregado, mas tão-somente os proprietários. Essa foi a regra número um.

Em seguida, convoquei a direção da Reman no Estado, assim como a direção da Agência Nacional do Petróleo – ANP, em Brasília, membros do Ministério Público, o delegado da Polícia Federal que investigava o cartel, Secretário de Fazenda do Estado, além de outras autoridades que podiam trazer alguma luz para o fato em investigação. Fui duro nas investigações, mas respeitoso e educado com todos os que compareceram para depor. A única vez que perdi a paciência foi quando um advogado, na defesa do seu cliente, um dono de posto, aprontou uma presepada. O homem tentou fazer teatro e começou a chorar. Interrompi e pedi respeito à CPI, pois ali não era lugar para palhaçada.

Ninguém ficou de fora das investigações. Parentes meus e amigos ficaram preocupados com a minha segurança, tendo em vista que um promotor, em Minas Gerais, tinha sido assassinado pelo cartel da gasolina de Belo Horizonte. Denúncias contra o cartel pipocavam por todo o país, envolvendo-o em práticas criminosas, como a de adicionar solvente à gasolina. Ora, caso queira essa CPI fazer um bom trabalho, basta requisitar à Assembléia uma cópia do relatório que foi enviado a todas as autoridades do país, a exemplo do Ministério Público, Poder Judiciário, ANP, Petrobrás, Ministério de Minas e Energia e Presidência da República.

Ah! Ia esquecendo: Aconselho a CPI, entre outras, a investigar a carga de impostos sobre a gasolina. Um absurdo. 60 por cento do que pagamos hoje por um litro de gasolina vai para os cofres da União, do Estado e do Município. No Amazonas, o governo cobra 25 por cento de ICMS, e o cálculo é presumido, ou seja, é feito como se o litro da gasolina fosse vendido nos postos por R$ 2.72.

Para a gasolina baixar de preço, as partes envolvidas na comercialização desse produto têm que reduzir os seus lucros, ou melhor, deve o governo baixar os impostos escorchantes cobrados sobre a gasolina, assim como os donos de postos devem reduzir os seus lucros abusivos. Pela vontade de lucrar muito, ambos, governo e donos de postos exploram o povo, a grande vítima desse pessoal que só pensa em ganhar, e ganhar muito.

Por: vereador Mário Frota

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM

Líder do PDT naCMM

NO DIA DA PROCLAMAÇÃO


VIVA! A REPÚBLICA FOI PROCLAMADA! O POVO CORREU PARA O LARGO DA CARIOCA E, SURPRESO, PERGUNTAVA: ‘O QUE É REPÚBLICA’? QUEM CONTA BEM ESSA HISTÓRIA É O ESCRITOR JOSÉ MURILO DE CARVALHO NO LIVRO ‘A REPÚBLICA DOS BESTIALIZADOS’. Neste 15 de novembro, dia em que o povo brasileiro comemora a Proclamação da República, não deveria ser apenas mais um dos muitos feriados deste país, mas sim uma data para que todos fizéssemos uma reflexão sobre os rumos do sistema republicano implantado neste país por Deodoro, Benjamin Constant e tantos outros brasileiros que acreditaram que, com o novo regime, o Brasil iria se tornar uma nação democrática, com mais liberdade e justiça para todos.

Entre esses homens, eleva-se a figura do grande Rui Barbosa que, inspirado no federalismo norte-americano, liderou o grupo que arquitetou a primeira Constituição da República, promulgada em 1891. Rui, o gênio da raça, pelo seu talento e cultura recebeu, por trabalhos extraordinários prestados no exterior, a alcunha de o “Águia de Haia”. Rui Barbosa foi um grande civilista, o mais importante da história pátria.

Bem a propósito, na sua coluna de domingo, no Jornal A Crítica, o ex-senador Bernardo Cabral, nos lembra um maravilhoso texto de Rui Barbosa que, passado tantos anos continua atual, sem a necessidade de mudarmos uma vírgula. Cabral chama-o de Poema de Rui Barbosa, documento que transcrevo aqui, neste humilde blog, por entender que, infelizmente, o nosso Brasil, pelo andar da carruagem, pelos escândalos que diariamente pipocam na imprensa, em nada é diferente da época em que viveu o “Águia de Haia”. Infelizmente, o país vive sufocado por roubalheiras sem fim, com ladrões e ladras aproveitando-se de cargos públicos para enriquecer.

A título de reflexão pelo 15 de novembro, passo a palavra ao mestre Rui Barbosa.

“Sinto vergonha de mim... por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por ter compactuado com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra. Sinto vergonha de mim... por ter sido feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo, buscando a tal felicidade em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo. Tenho vergonha de mim... pela passividade de ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição do sempre “contestar”, voltar atrás e mudar o futuro. Tenho vergonha de mim... pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer... Tenho vergonha de minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço, não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro! De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderosos nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude , a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Em termos éticos e morais em que o Brasil mudou nesses mais de sessenta anos que nos separam de Rui Barbosa? Só um exemplo: Lula, o primeiro mandatário do país, não viu, não ouviu, e nada sabia sobre o escândalo do “mensalão”, que explodiu dentro do Palácio do Planalto e envolveu 40 figurões, entre políticos e altos funcionários do seu gabinete, sala e cozinha. Rui Barbosa, vivo, o que não iria pensar e escrever sobre esse presidente que, quando a coisa aperta, tem a maior crise de amnésia?

Por: vereador Mário Frota

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM

Líder do PDT na CMM