sexta-feira, 25 de maio de 2012

LEI DA FICHA LIMPA IGNORADA PELO CONGRESSO NACIONAL



“Que País é este”? É desejo do povo ver o retorno de corruptos barrados pela Lei da Ficha Limpa? Sinto decepção com o que vejo. E quem não sente?!
Em plena ditadura militar, o então senador por Minas Gerais, Francelino Pereira, na época presidente da ARENA, o partido que dava sustentação ao regime autoritário, em tom de desabafo, exclamou: “que País é este”?
Agora, em pleno regime democrático, quando vemos a Câmara dos Deputados, aprovando, na calada da noite, projeto de lei que dá o direito a políticos corruptos, bandidos que assaltaram os cofres dos municípios que administravam, a participar das próximas eleições, vêm-me à cabeça, com a força de uma cacetada, a frase cunhada por Francelino: “que País é este”?
Afinal, somos um povo com vocação para a ladroeira? Dizem que os parlamentos espelham a própria alma do povo. A decisão da Câmara dos Deputados, por acaso, reflete o desejo do nosso povo de ver o retorno à política de corruptos barrados pela Lei da Ficha Limpa? Espero que os estudiosos da Sociologia política e de outras ciências sociais nos expliquem um dia a razão disso tudo. Como no caso do Caim bíblico, a maldição da corrupção nos persegue como povo?
Na época da ditadura nos precipitamos no maniqueísmo, ou seja, o lado que eu estava era o bem, porque lutávamos pela democracia, enquanto os que apoiavam o regime militar encarnavam o próprio mau. O problema é que, depois que a ditadura foi derrotada pela democracia, essa história de bem e mau ficou cada vez mais complicada.  O que se entende hoje por bem? Essa Câmara dos Deputados, por acaso, encarna o bem?
Em pleno Estado de Direito, parlamentares agem sem nenhum escrúpulo, como protetores de vigaristas, defensores de criminosos que roubam a educação dos nossos filhos e a saúde de todo um povo necessitado de bom atendimento médico. Acredito que nem um amigo, ou amiga, que enfrentou a ditadura militar, pudesse imaginar que, no futuro, o Congresso Nacional acabasse como defensor de bandidos, muitos, na minha opinião, iguais ou até piores do que mafiosos como o Al Capone. Sinto decepção com o que vejo. E quem não sente?!

Por: vereador Mário Frota
Líder do PSDB na CMM
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM