“Que
País é este”? É desejo do povo ver o retorno de corruptos barrados pela Lei da
Ficha Limpa? Sinto decepção com o que vejo. E quem não sente?!
Em plena ditadura militar, o então senador
por Minas Gerais, Francelino Pereira, na época presidente da ARENA, o partido
que dava sustentação ao regime autoritário, em tom de desabafo, exclamou: “que
País é este”?
Agora, em pleno regime democrático, quando
vemos a Câmara dos Deputados, aprovando, na calada da noite, projeto de lei que
dá o direito a políticos corruptos, bandidos que assaltaram os cofres dos
municípios que administravam, a participar das próximas eleições, vêm-me à
cabeça, com a força de uma cacetada, a frase cunhada por Francelino: “que País
é este”?
Afinal, somos um povo com vocação para a
ladroeira? Dizem que os parlamentos espelham a própria alma do povo. A decisão
da Câmara dos Deputados, por acaso, reflete o desejo do nosso povo de ver o
retorno à política de corruptos barrados pela Lei da Ficha Limpa? Espero que os
estudiosos da Sociologia política e de outras ciências sociais nos expliquem um
dia a razão disso tudo. Como no caso do Caim bíblico, a maldição da corrupção
nos persegue como povo?
Na época da ditadura nos precipitamos no
maniqueísmo, ou seja, o lado que eu estava era o bem, porque lutávamos pela
democracia, enquanto os que apoiavam o regime militar encarnavam o próprio mau.
O problema é que, depois que a ditadura foi derrotada pela democracia, essa
história de bem e mau ficou cada vez mais complicada. O que se entende hoje por bem? Essa Câmara
dos Deputados, por acaso, encarna o bem?
Em pleno Estado de Direito, parlamentares agem
sem nenhum escrúpulo, como protetores de vigaristas, defensores de criminosos
que roubam a educação dos nossos filhos e a saúde de todo um povo necessitado
de bom atendimento médico. Acredito que nem um amigo, ou amiga, que enfrentou a
ditadura militar, pudesse imaginar que, no futuro, o Congresso Nacional
acabasse como defensor de bandidos, muitos, na minha opinião, iguais ou até
piores do que mafiosos como o Al Capone. Sinto decepção com o que vejo. E quem
não sente?!
Por:
vereador Mário Frota
Líder
do PSDB na CMM
Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM