terça-feira, 11 de março de 2014

O DINHEIRO GASTO COM A ARENA, A COLINA E O CAMPO DO COROADO CHEGA A R$ 900 MILHÕES






Trabalhadores protestam contra os gastos com construção da Arena da Amazônia


Texto: Vereador Mário Frota*
Tanto dinheiro jogado numa disputa futebolística em que, no máximo, o povo vai assistir a quatro partidas. E quando acabar a euforia da Copa o que vai ficar para o nosso povo? Dívidas astronômicas a pagar. Segundo o jornal A Crítica, 20 anos é o tempo que o Amazonas vai levar para pagar R$ 505,1 milhões gastos somente na construção da Arena.
Embora tivesse recebido convite para assistir a inauguração da Arena da Amazônia, nome dado ao milionário estádio construído sob exigências da FIFA, preferi ficar em casa lendo um belo livro que me foi presenteado pelo meu amigo Roberto Tadros, por ocasião do meu aniversário. Zelota é uma excelente biografia sobre a vida de Jesus Cristo, assinada pelo escritor e pesquisador Reza Aslan. Há dois anos, integra a lista dos mais vendidos nos Estados Unidos.
Agora vamos ao que interessa. Quando falaram em derrubar o Vivaldão, o melhor estádio da região Norte do País, projetado pelo arquiteto Severiano Mário Porto, obra que mereceu o primeiro lugar num concurso nacional de arquitetura, em 1970, eu e o deputado estadual Luís Castro ingressamos na Justiça Federal com uma Ação Popular que, pelo que sabemos, terminou numa lata de lixo, próxima à mesa do Magistrado.
As gerações mais novas não sabem, mas a verdade é que o povo do Amazonas ajudou a financiar o Vivaldão, pagando alguns centavos a mais sobre certos produtos, como refrigerantes. A sua inauguração ocorreu com a ilustre presença da seleção Canarinho, com a participação de grandes craques, a exemplo de Pelé, Tostão, Rivelino, e tantos outros. Depois de Jogar com a seleção do Amazonas, aplicando-lhe uma surra de cinco a zero, daqui partiu direto para o México, onde se consagrou o primeiro tricampeão do mundo.
Disse ontem da tribuna que, dependesse de mim o Vivaldão, um estádio que, segundo estudos da revista Exame, valia R$ 600 milhões, jamais seria derrubado. O que se poderia fazer - e sobre isso opinei à época - seria adequá-lo para a Copa, adicionando a sua estrutura uma cobertura. Aliás, logo depois que começaram a falar em derrubar o Vivaldão, o arquiteto Severiano Porto esteve em Manaus e, pelos jornais,  disse que, caso o governo quisesse,  ele poderia aumentar  as  suas arquibancadas, assim como projetar uma boa  cobertura. Frente a tais argumentos, o governador à época, Eduardo Braga, simplesmente silenciou.
Bem a propósito, o jornal A Crítica de hoje, em matéria de página inteira, mostra os gastos exorbitantes do Estado nas obras da Copa. O dinheiro gasto com a Arena, com o estádio da Colina e o campo do Coroado, somam a estratosféricos R$ 900 milhões. Somente com a Arena, o projeto que inicialmente foi orçado em R$ 409,1 milhões, o Estado já gastou, até a presente data, R$ 792,3 milhões, isso independente do centro de convenções ao lado onde já enterrou R$ 39,9 milhões. Com o estádio da Colina a gastança está em torno de R$ 5,7 milhões, enquanto com o Centro de Treinamento, no bairro do Coroado, a obra que iria custar R$ 14 ,7 milhões, já  engoliu R$ 18,4 milhões.
Os amigos e amigas já imaginaram o que o nosso povo, em termos de saúde e educação poderia ganhar, caso esses R$ 900 milhões fossem devidamente aplicados na construção de escolas e hospitais. Vamos aos números: ao preço de R$ 5,1 milhões, que foi o que custou o ora inaugurado hospital de Silves, daria para construir 68 unidades. E se o governo resolvesse investir essa dinheirama toda em escolas? Ora, considerando que cada uma sairia ao preço de R$ 3 milhões cada, as nossas crianças ganhariam 300 novas escolas.
Tanto dinheiro jogado numa disputa futebolística em que, no máximo, o povo vai assistir a quatro partidas. E quando acabar a euforia da Copa o que vai ficar para o nosso povo? Dívidas astronômicas a pagar. Segundo o jornal A Crítica, 20 anos é o tempo que o Amazonas vai levar para pagar R$ 505,1 milhões gastos somente na construção da Arena. Será que esse é o chamado legado da Copa, legado de enganação e roubalheira? E onde está o BRT e o monotrilho prometidos por Eduardo Braga? O povo quer saber. Será que o gato comeu?

*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.