A juíza Patrícia Aciolli, do Rio de Janeiro, foi atingida à porta da sua casa, com 21 tiros.
O assassinato da juíza Patrícia Aciolli, do Rio de Janeiro, atingida à porta da sua casa, com 21 tiros, nos nivela aos piores países do planeta no quesito segurança. Ora, se um magistrado pode ser fuzilado dessa forma pela bandidagem organizada, agora imagine um simples cidadão, alguém que, em outras palavras, é um anônimo na sociedade?
Frente a crimes tão brutais, como fica a tese sobre a “inata cordialidade do homem brasileiro” defendida pelo historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, pai do nosso Chico Buarque, no 5º capítulo do livro Raízes do Brasil, publicado em 1936? Quando ainda jovem cheguei mesmo a acreditar nessa história do brasileiro ser naturalmente um sujeito amável, cordial e solidário, sem igual no mundo inteiro.
Hoje, pelo amor de Deus, tenho até vergonha de pensar que fui tão ingênuo ao ponto de imaginar que um povo, simplesmente por viver em um país lindo como o Brasil, sem terremotos, furacões e vulcões, pudesse ser melhor, por exemplo, do que os seres humanos que vivem em países conturbados por guerras civis, envolvendo questões religiosas ou de natureza étnica, a exemplo das matanças entre tribos na África, que já produziram milhões de mortos nos últimos anos.
Hoje o meu pensamento tem muito a ver com a história que envolve Bernard Shaw, pensador e dramaturgo Inglês que, na década de 30, resolveu dar a volta ao mundo a bordo de um navio. No retorno, no porto de Londres, de onde ele havia partido há mais de um ano, a imprensa, ansiosa, entrevistou o espirituoso escritor. Repórter: “ao longo da sua longa viagem onde foi mesmo que o senhor encontrou os melhores homens”? Bernard Shaw: “nos cemitérios, meu filho”. Hoje, mais maduro, discordo em parte do grande escritor inglês, por entender, por exemplo, que investimentos maciços na educação dos nossos filhos podem melhorar um povo, por se tratar da única porta por onde o ser humano pode evoluir moral e espiritualmente e, assim, se libertar das misérias humanas.
Ora, que o Rio é hoje uma das cidades mais inseguras do mundo isso ninguém tem dúvida, aliás, quem duvidou disso foi o Presidente do Tribunal de Justiça daquele Estado que, embora a destemida Juíza estivesse na mira das armas dos bandidos, retirou-lhe a segurança a que ela tinha direito por estar ameaçada de morte e, dessa forma, entregou- a, numa bandeja de prata, aos que desejavam matá-la. Pobre juíza. Uns queriam matá-la, por ser uma ótima magistrada no combate ao crime organizado, e os que tinham o dever de protegê-la lavaram às mãos com a sua segurança e deixaram que os bandidos a matassem à porta da sua casa. Nesses momentos só me vem à cabeça a frase cunhada por Boris Casoy: ISTO É UMA VERGONHA!
Por: vereador Mário Frota
Líder do PDT na CMM
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM
Foto: extra.globo.com