O Senado e a Câmara
dos Deputados já estão extinguindo o tal Auxílio Paletó. Ora, caso isso
aconteça, não haverá mais sustentação moral para se manter esse tipo de
privilégio em nenhum parlamento deste país.
Confesso que estou em estado de
perplexidade com as declarações feitas ontem pelo presidente da Câmara
Municipal de Manaus (CMM), Isaac Tayah, ao jornal A Crítica, criticando o
projeto que apresentei no plenário da Casa extinguindo o Auxílio Paletó, um privilégio
em forma de ajuda de custo, no valor de R$ 9,2 mil, ou seja, o equivalente a um
salário mensal de vereador, também conhecido por 14º salário.
Pessoalmente gosto do Tayah. Para que ele
hoje fosse o presidente da CMM, renunciei a minha candidatura, fato fundamental
para a sua vitória contra o candidato apoiado pelo Amazonino, com uma vantagem
de dois votos. Em cima da hora o próprio Amazonino me telefonou e pediu que eu
aceitasse o apoio dos vereadores da sua base. Fiquei tentado, confesso, pois,
caso aceitasse o convite, meia hora depois seria o presidente do Poder, o
vice-prefeito de Manaus e, ocasionalmente, o prefeito em exercício.
Agora fico decepcionado quando o vejo
agarrar-se a esse privilégio que é o Auxílio Paletó, com a mesma disposição com
que a ostra se agarra à rocha, ou um cachorro segura um osso. O Tayah não deve se
apequenar com coisas desse tipo, chinfrim, mesquinhas. Um político com a sua estatura
tem mais é que reunir os seus colegas vereadores e dizer a eles: “olhem aqui,
companheiros, a nossa missão agora é, em respeito a onda moralizadora que varre
o país, acabar com esse tal Auxílio Paletó, algo que o nosso povo repudia por
entender que todo privilégio é imoral”.
O Senado e a Câmara dos Deputados já estão
extinguindo o tal Auxílio Paletó. Ora, caso isso aconteça, não haverá mais
sustentação moral para se manter esse tipo de privilégio em nenhum parlamento
deste país. Por que então, paralelo às duas Casas Legislativas do país, não
acabamos logo com esse Auxílio Paletó aqui? Trata-se de fato consumado (“consumato est” - como diziam os
romanos). Tentar resistir é como nadar contra a correnteza do rio Solimões.
Aproveito para, daqui, lembrar ao companheiro Isaac Tayah os primeiros versos
da inesquecível música do Geraldo Vandré: “quem sabe faz a hora, não espera
acontecer”.
Por:
vereador Mário Frota
Líder
do PSDB na CMM
Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM