Texto:
Vereador Mário Frota*
Antes
de morrer, gostaria de ver negros e índios nos poderes executivo, legislativo e
judiciário, na mesma proporção dos brancos. Barack Obama e Joaquim Barbosa são
os melhores exemplos de que sonhos se transformam em realidade.
Confesso que fiquei emocionado ao assistir
a posse, ontem, do novo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim
Barbosa. A raça negra e o povo brasileiro, como um todo, está de parabéns. Nota
10 para a democracia.
O povo norte-americano reelege um negro
para dirigir o seu país e, aqui, outro é guindado à presidência da mais Alta
Corte de Justiça. Os tempos mudaram. Os Estados Unidos da América do Norte, o
Brasil e o mundo mudaram. Nesses tempos de direitos humanos, as diferenças
raciais e de natureza religiosa estão sendo superadas. Obama e Joaquim Barbosa
são os exemplos mais significativos dessas mudanças por um Planeta com menos
discriminação e mais paz.
Tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil,
o povo negro sofreu os horrores da escravidão. Lá ocorreu um terrível conflito
armado entre as Colônias do Sul e do Norte, que ficou conhecido por Guerra de
Secessão, para acabar com o mais nefando dos crimes: a escravidão. Aqui, intelectuais,
a exemplo de Rui Barbosa, Castro Alves, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e
outros bravos brasileiros, foram à luta e conseguiram, finalmente, sob forte
pressão, que a Princesa Isabel assinasse a Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353, sancionada em 13 de
maio de 1888), acabando com a escravidão em
solo brasileiro.
No início dos anos 60, do século que
passou, o avô e o pai de Obama eram obrigados a sentar na cozinha dos ônibus,
proibidos de andar nas calçadas e frequentar restaurantes reservados aos
brancos. Mesmo com o fim da escravidão no Brasil, milhares de negros foram
condenados a morar em favelas infectas de grandes cidades como Salvador e Rio
de Janeiro, e a se submeter a trabalhos humildes e de baixa remuneração. Na
década de 40, nas suas crônicas, o escritor Humberto de Campos, denunciava tais
desigualdades e lamentava que no Brasil os negros só se destacavam como
tocadores de violão (sambistas), ou como jogadores de futebol.
A verdade é que os tempos estão mudando.
Aos poucos os negros começam a chegar às Universidades, principalmente agora
que cotas raciais são criadas para facilitar o ingresso de índios e negros aos
bancos das universidades do país. Antes de morrer, gostaria de ver negros e
índios nos poderes executivo, legislativo e judiciário, na mesma proporção dos
brancos. É tudo uma questão de tempo. Barack Obama e Joaquim Barbosa são os
melhores exemplos de que sonhos se transformam em realidade.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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