quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

AMAZONAS NA ÚLTIMA RODADA DE AVALIAÇÃO DO ENEM SÓ APARECE NA FRENTE DO AMAPÁ



No Amazonas, na última rodada de avaliação do Enem, realizada nos 27 Estados da Federação, só aparecemos na frente do Amapá, fato que nos deixou morrendo de vergonha.
Por: Vereador Mário Frota*
O que se sabe é que nos colégios do Estado a ordem é não reprovar, não importando se o aluno sequer compareceu regularmente a escola. Eis aí a principal razão das últimas avaliações do Enem nos situando na rabeira da educação no País.  Pelo andar da carruagem não é de surpreender se, na próxima rodada do Enem, o Amazonas já esteja até mesmo abaixo do Amapá. Alguém duvida?
Nenhum país do terceiro mundo ingressou no seleto clube do primeiro mundo senão pela porta da educação.  Inglaterra, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Itália, entre outros, são exemplos disso. Todos eles investiram pesado na educação dos seus jovens, com o decidido propósito de quebrar os grilhões do subdesenvolvimento.
Na marcha que vai, o nosso Brasil jamais vai chegar a lugar nenhum. Em todas as avaliações de organismo internacionais, com objetivo de saber o quanto anda a educação nos países espalhados pelo Planeta, para nossa tristeza o Brasil vem despontando entre os piores, nivelando-se, inclusive, a países do continente mais atrasado do mundo: a África.
Aqui, infelizmente, a coisa vai de mal a pior.  No Amazonas nem se fala, pois, na última rodada de avaliação do Enem, realizada nos 27 Estados da Federação, só aparecemos na frente do Amapá, fato que nos deixou arrasados, morrendo de vergonha.
Será que, para impulsionar o item educação há necessidade de rios de dinheiro? Embora muita gente pense assim, não é verdade. E aqui vou citar um exemplo e desconstruir a tese absurda de que sem recursos em abundância não há educação.
O exemplo é Sobral, um município situado a 200 quilômetros de Fortaleza, na zona do semiárido, uma das regiões mais pobres do País. Recente reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo deixou quem a leu de queixo caído, profundamente impressionado com o avanço da educação naquela unidade federativa do nosso Brasil.
Segundo a Folha apurou, com dados estatísticos, indesmentíveis, aquele município cearense, apesar de pobre, desenvolve há algum tempo educação pública de altíssima qualidade, mesmo em escolas construídas em vilarejos e assentamentos distantes do centro de Sobral, com nível de aprendizado equivalente a de países ricos, ou seja, do chamado primeiro mundo.
Segundo o citado jornal, é nos colégios, na sua maioria de tempo integral, que as crianças fazem as principais refeições. Em todas as avaliações de ensino, o município cearense vem aparecendo como o melhor do País em oportunidade de educação, fato que só foi possível graças ao nível de escolaridade dos professores, reciclagem periódica dos mestres e experiência de diretores.
No levantamento feito pela Folha de S. Paulo, que teve por objeto mapear ilhas de excelência país afora, dos 10 melhores colégios públicos do País que atendem alunos de baixa renda, sete estão em Sobral.
Perguntar não ofende: por que aqui e em outros Estados, bem mais ricos do que o Ceará, a educação ministrada é de péssima qualidade, avaliada entre as piores do País e do mundo?  O que se sabe é que nos colégios do Estado a ordem é não reprovar, não importando se o aluno sequer compareceu regularmente a escola. Eis aí a principal razão das últimas avaliações do Enem nos situando na rabeira da educação no País.  Pelo andar da carruagem não é de surpreender se, na próxima rodada do Enem, o Amazonas já esteja até mesmo abaixo do Amapá. Alguém duvida?
*Advogado;
*Líder do PSDB na Câmara Municipal de Manaus (CMM);
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.



VEJA A MATÉRIA DO 
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 




Semiárido cearense tem escolas públicas com nível de países ricos

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Diego Padgurschi/Folhapress


FÁBIO TAKAHASHI
ENVIADO ESPECIAL A SOBRAL (CE)
Os alunos da escola Massilon Sabóia moram em assentamentos ou em pequenos vilarejos do semiárido cearense. É no colégio que muitos fazem as principais refeições, devido à baixa renda familiar. É também ali que eles conseguem resultados que chamam a atenção do meio educacional do país ao ultrapassarem o nível de aprendizagem de nações ricas.
A escola faz parte da rede municipal de Sobral, cidade de 200 mil habitantes, a 230 km de Fortaleza. Seus 31 colégios com resultados divulgados na última avaliação do governo federal, o Ideb, tiveram notas entre 6,9 e 9 na primeira etapa do ensino fundamental, em escala de 0 a 10.
Nessa métrica, a média dos países desenvolvidos estaria em 6, algo equivalente à educação no Reino Unido. A Massilon Sabóia, a mais distante do centro de Sobral, teve 8. A avaliação considera notas em português e matemática e taxa de estudantes aprovados.
Em outra avaliação, divulgada neste mês, o município apareceu como o melhor do país em oportunidade de educação, que considera resultados das provas, percentual de estudantes matriculados e condições das redes (como escolaridade dos professores e experiência dos diretores).
AS AÇÕES
Para se chegar a esses resultados, o município implementou política calcada em definição clara do que deve ser ensinado dia a dia, bonificação por resultado e autonomia a diretores (escolhidos em concursos abertos, até para quem é de fora do Estado).
As escolas são bem conservadas, mas sem luxo. A base das aulas é o tradicional lousas-carteiras-apostilas-livros.
"Nossa preocupação é com o arroz com feijão bem feito, sem pedagogês que não dá resultado", afirma o prefeito da cidade, Veveu Arruda (PT).
Educação
Iniciativas bem-sucedidas no Brasil
Os estudantes passam por uma bateria de avaliações. Além das provas aplicadas pelos próprios colégios, que são no mínimo mensais, são feitas semestralmente avaliações do município, com equipes de fora do colégio. Também há os exames dos governos estadual e federal.
O sistema visa, de um lado, indicar os alunos que estão com dificuldades. Estes passam a frequentar atividades fora do horário normal de aula, até entrarem no ritmo.
De outro lado, os resultados norteiam a remuneração extra que professores e diretores podem receber. No caso dos docentes o valor chega a R$ 500 mensais (o salário-base da categoria é de R$ 2.000; a população ganha em média perto de R$ 1.300 mensais). Também há prêmios pagos uma vez ao ano.
"A gratificação por desempenho é o que alimenta a vontade de continuar melhorando", afirma o diretor Osmarino Portela Ribeiro, da escola Elpídio Ribeiro da Silva, que teve o melhor desempenho do município (nota 9).
No colégio, os estudantes do 5º ano do fundamental já chegaram ao desempenho esperado para os do 9º ano em português e matemática.
Outra política da rede elogiado por Ribeiro é a de deixar aos diretores a prerrogativa de montar o quadro de professores. Ao fim de cada ano, eles podem retirar os que não estão rendendo (na rede pública em São Paulo, são os docentes que escolhem onde querem lecionar). "É bom, dá pressão", diz o diretor.
A Folha conversou com pais que colocaram o filho no colégio depois de passarem por escolas particulares de Fortaleza e de São Paulo.
"Aqui ela se desenvolve melhor", afirma o comerciante Francisco da Costa, 44, que morava na capital cearense e se mudou em 2013.
Mesma opinião tem a podóloga Ana Lúcia Pitanga, 44, cujo filho de sete anos tem autismo leve. "Ele só se alfabetizou aqui." Eles chegaram da capital paulista neste ano.
CONTRAPONTO
Se por um lado essa política educacional —iniciada na gestão do então prefeito Cid Gomes (1997-2005)— apresenta bons resultados em avaliações, por outro desperta debate acadêmico.
Um dos céticos é o diretor da Faculdade de Educação da Unicamp, Luiz Carlos de Freitas. "São políticas de voo de galinha. Focam no índice a ser obtido e constrangem as escolas a caminharem nesta direção. Estreitam o currículo em função do índice das disciplinas medidas", afirma.
Boa parte do material pedagógico utilizado em Sobral tem como base a Prova Brasil, que compõe o Ideb. "É claro que se você 'ensinar para a prova', a nota vai subir. Educar, no entanto, é diferente de treinar", completa.
Já Ilona Becskeházy, que estuda o caso de Sobral em seu doutorado na USP, diz que o município faz um "trabalho árduo", que poderia ser estendido a outras redes.
Como empecilho para a disseminação, ela aponta a lógica da "compensação política". Mesmo Sobral sofria do problema, antes da reforma. "Havia diretora analfabeta, que assinava com o dedo. Estava ali porque era cabo eleitoral", diz o prefeito.
RECURSOS
Para atingir todos os objetivos, a prefeitura gasta 30% do seu Orçamento com educação, pouco acima do exigido pela Constituição (25%). Recursos adicionais vêm de parcerias com fundações e governos estadual e federal.
Parte do material pedagógico é feito pela rede, parte por empresa terceirizada. Em comum há a determinação do que deve ser ensinado a todos, diariamente.
No caso da professora Daniele Mesquita, 23, da escola Massilon Sabóia, a missão na manhã do último dia 6 era aprimorar coesão, coerência e concisão nos textos dos estudantes do 5º ano.
"Corremos, mas conseguimos", disse, ao fim das quatro horas de aula.
SOBRAL
População: 201.756
Nota no Ideb (2013): Rede estadual: não tem
> Rede municipal: 7,8 (4ª série/5º ano); 5,8 (8ª série/ 9º ano)
Orçamento (2015): R$ 574 milhões % para educação: 30%
Atividade econômica: Indústria e comércio  


http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1704915-semiarido-cearense-tem-escolas-publicas-com-nivel-de-paises-ricos.shtml  

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