No Amazonas, na última rodada de avaliação do Enem,
realizada nos 27 Estados da Federação, só aparecemos na frente do Amapá, fato
que nos deixou morrendo de vergonha.
Por:
Vereador Mário Frota*
O
que se sabe é que nos colégios do Estado a ordem é não reprovar, não importando
se o aluno sequer compareceu regularmente a escola. Eis aí a principal razão
das últimas avaliações do Enem nos situando na rabeira da educação no
País. Pelo andar da carruagem não é de
surpreender se, na próxima rodada do Enem, o Amazonas já esteja até mesmo
abaixo do Amapá. Alguém duvida?
Nenhum país do terceiro mundo ingressou no seleto
clube do primeiro mundo senão pela porta da educação. Inglaterra, Estados Unidos, Japão, Alemanha e
Itália, entre outros, são exemplos disso. Todos eles investiram pesado na
educação dos seus jovens, com o decidido propósito de quebrar os grilhões do
subdesenvolvimento.
Na marcha que vai, o nosso Brasil jamais
vai chegar a lugar nenhum. Em todas as avaliações de organismo internacionais,
com objetivo de saber o quanto anda a educação nos países espalhados pelo
Planeta, para nossa tristeza o Brasil vem despontando entre os piores,
nivelando-se, inclusive, a países do continente mais atrasado do mundo: a
África.
Aqui, infelizmente, a coisa vai de mal a
pior. No Amazonas nem se fala, pois, na
última rodada de avaliação do Enem, realizada nos 27 Estados da Federação, só
aparecemos na frente do Amapá, fato que nos deixou arrasados, morrendo de
vergonha.
Será que, para impulsionar o item educação
há necessidade de rios de dinheiro? Embora muita gente pense assim, não é
verdade. E aqui vou citar um exemplo e desconstruir a tese absurda de que sem
recursos em abundância não há educação.
O exemplo é Sobral, um município situado a
200 quilômetros de Fortaleza, na zona do semiárido, uma das regiões mais pobres
do País. Recente reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo deixou quem a
leu de queixo caído, profundamente impressionado com o avanço da educação
naquela unidade federativa do nosso Brasil.
Segundo a Folha apurou, com dados
estatísticos, indesmentíveis, aquele município cearense, apesar de pobre,
desenvolve há algum tempo educação pública de altíssima qualidade, mesmo em
escolas construídas em vilarejos e assentamentos distantes do centro de Sobral,
com nível de aprendizado equivalente a de países ricos, ou seja, do chamado
primeiro mundo.
Segundo o citado jornal, é nos colégios, na
sua maioria de tempo integral, que as crianças fazem as principais refeições. Em
todas as avaliações de ensino, o município cearense vem aparecendo como o
melhor do País em oportunidade de educação, fato que só foi possível graças ao
nível de escolaridade dos professores, reciclagem periódica dos mestres e
experiência de diretores.
No levantamento feito pela Folha de S.
Paulo, que teve por objeto mapear ilhas de excelência país afora, dos 10
melhores colégios públicos do País que atendem alunos de baixa renda, sete
estão em Sobral.
Perguntar não ofende: por que aqui e em
outros Estados, bem mais ricos do que o Ceará, a educação ministrada é de péssima
qualidade, avaliada entre as piores do País e do mundo? O que se sabe é que nos colégios do Estado a
ordem é não reprovar, não importando se o aluno sequer compareceu regularmente
a escola. Eis aí a principal razão das últimas avaliações
do Enem nos situando na rabeira da educação no País. Pelo andar da carruagem não é de surpreender se,
na próxima rodada do Enem, o Amazonas já esteja até mesmo abaixo do Amapá.
Alguém duvida?
*Advogado;
*Líder
do PSDB na Câmara Municipal de Manaus (CMM);
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1704915-semiarido-cearense-tem-escolas-publicas-com-nivel-de-paises-ricos.shtml
VEJA A MATÉRIA DO
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
Semiárido cearense tem escolas públicas com nível
de países ricos
12 de 27
Diego Padgurschi/Folhapress
FÁBIO
TAKAHASHI
ENVIADO
ESPECIAL A SOBRAL (CE)
Os alunos da
escola Massilon Sabóia moram em assentamentos ou em pequenos vilarejos do
semiárido cearense. É no colégio que muitos fazem as principais refeições,
devido à baixa renda familiar. É também ali que eles conseguem resultados que chamam
a atenção do meio educacional do país ao ultrapassarem o nível de aprendizagem
de nações ricas.
A escola
faz parte da rede municipal de Sobral, cidade de 200 mil habitantes, a 230 km
de Fortaleza. Seus 31 colégios com resultados divulgados na última avaliação
do governo federal, o Ideb, tiveram notas entre 6,9 e 9 na primeira etapa do
ensino fundamental, em escala de 0 a 10.
Nessa
métrica, a média dos países desenvolvidos estaria em 6, algo equivalente à
educação no Reino Unido. A Massilon Sabóia, a mais distante do centro de
Sobral, teve 8. A avaliação considera notas em português e matemática e taxa de
estudantes aprovados.
Em outra
avaliação, divulgada neste mês, o município apareceu como o melhor do país em
oportunidade de educação, que considera resultados das provas, percentual de
estudantes matriculados e condições das redes (como escolaridade dos
professores e experiência dos diretores).
AS AÇÕES
Para se chegar
a esses resultados, o município implementou política calcada em definição clara
do que deve ser ensinado dia a dia, bonificação por resultado e autonomia a
diretores (escolhidos em concursos abertos, até para quem é de fora do Estado).
As escolas
são bem conservadas, mas sem luxo. A base das aulas é o tradicional
lousas-carteiras-apostilas-livros.
"Nossa
preocupação é com o arroz com feijão bem feito, sem pedagogês que não dá
resultado", afirma o prefeito da cidade, Veveu Arruda (PT).
Educação
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Iniciativas bem-sucedidas no Brasil
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Os
estudantes passam por uma bateria de avaliações. Além das provas aplicadas
pelos próprios colégios, que são no mínimo mensais, são feitas semestralmente
avaliações do município, com equipes de fora do colégio. Também há os exames
dos governos estadual e federal.
O sistema
visa, de um lado, indicar os alunos que estão com dificuldades. Estes passam a
frequentar atividades fora do horário normal de aula, até entrarem no ritmo.
De outro
lado, os resultados norteiam a remuneração extra que professores e diretores
podem receber. No caso dos docentes o valor chega a R$ 500 mensais (o
salário-base da categoria é de R$ 2.000; a população ganha em média perto de R$
1.300 mensais). Também há prêmios pagos uma vez ao ano.
"A
gratificação por desempenho é o que alimenta a vontade de continuar
melhorando", afirma o diretor Osmarino Portela Ribeiro, da escola Elpídio
Ribeiro da Silva, que teve o melhor desempenho do município (nota 9).
No colégio,
os estudantes do 5º ano do fundamental já chegaram ao desempenho esperado para
os do 9º ano em português e matemática.
Outra
política da rede elogiado por Ribeiro é a de deixar aos diretores a
prerrogativa de montar o quadro de professores. Ao fim de cada ano, eles podem
retirar os que não estão rendendo (na rede pública em São Paulo, são os
docentes que escolhem onde querem lecionar). "É bom, dá pressão", diz
o diretor.
A Folha
conversou com pais que colocaram o filho no colégio depois de passarem por
escolas particulares de Fortaleza e de São Paulo.
"Aqui
ela se desenvolve melhor", afirma o comerciante Francisco da Costa, 44,
que morava na capital cearense e se mudou em 2013.
Mesma
opinião tem a podóloga Ana Lúcia Pitanga, 44, cujo filho de sete anos tem autismo
leve. "Ele só se alfabetizou aqui." Eles chegaram da capital paulista
neste ano.
CONTRAPONTO
Se por um
lado essa política educacional —iniciada na gestão do então prefeito Cid Gomes
(1997-2005)— apresenta bons resultados em avaliações, por outro desperta debate
acadêmico.
Um dos
céticos é o diretor da Faculdade de Educação da Unicamp, Luiz Carlos de
Freitas. "São políticas de voo de galinha. Focam no índice a ser obtido e
constrangem as escolas a caminharem nesta direção. Estreitam o currículo em função
do índice das disciplinas medidas", afirma.
Boa parte do
material pedagógico utilizado em Sobral tem como base a Prova Brasil, que
compõe o Ideb. "É claro que se você 'ensinar para a prova', a nota vai
subir. Educar, no entanto, é diferente de treinar", completa.
Já Ilona
Becskeházy, que estuda o caso de Sobral em seu doutorado na USP, diz que o
município faz um "trabalho árduo", que poderia ser estendido a outras
redes.
Como
empecilho para a disseminação, ela aponta a lógica da "compensação política".
Mesmo Sobral sofria do problema, antes da reforma. "Havia diretora
analfabeta, que assinava com o dedo. Estava ali porque era cabo
eleitoral", diz o prefeito.
RECURSOS
Para atingir
todos os objetivos, a prefeitura gasta 30% do seu Orçamento com educação, pouco
acima do exigido pela Constituição (25%). Recursos adicionais vêm de parcerias
com fundações e governos estadual e federal.
Parte do
material pedagógico é feito pela rede, parte por empresa terceirizada. Em comum
há a determinação do que deve ser ensinado a todos, diariamente.
No caso da
professora Daniele Mesquita, 23, da escola Massilon Sabóia, a missão na manhã
do último dia 6 era aprimorar coesão, coerência e concisão nos textos dos
estudantes do 5º ano.
"Corremos,
mas conseguimos", disse, ao fim das quatro horas de aula.
SOBRAL
População: 201.756
Nota no Ideb
(2013): Rede estadual: não tem
> Rede municipal: 7,8 (4ª série/5º ano); 5,8 (8ª série/ 9º ano)
> Rede municipal: 7,8 (4ª série/5º ano); 5,8 (8ª série/ 9º ano)
Orçamento
(2015): R$ 574 milhões % para educação: 30%
Atividade
econômica: Indústria e comércio http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/11/1704915-semiarido-cearense-tem-escolas-publicas-com-nivel-de-paises-ricos.shtml
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