O PC DO B NÃO É MAIS AQUELE. É UMA PENA, MAS É A VERDADE. Depois do mega escândalo envolvendo o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva, do PC do B, pode-se dizer que os ideais do pessoal desse partido foi para as cucuias, ou seja, o gato comeu. De coração, digo que fiquei triste em ler nos jornais que esse partido, que conheci nos tempos que combatíamos à ditadura não é mais aquele, pois, na loucura por abocanhar cargos públicos, poder e dinheiro, de preferência furtado dos cofres do erário, esqueceu princípios como ética e moral, preferindo mergulhar, de cabeça, no lodo da corrupção.
É com tristeza que reconheço isso. Aqui, nos anos 70, do século passado, conheci a turma do PC do B, um grupo de rapazes e moças idealistas que lutavam contra a ditadura, para que o Brasil se livrasse do regime autoritário que havia tomado o poder em 1964 e, durante 21 anos, prendeu, torturou, exilou e assassinou estudantes, professores, líderes operários e políticos nas masmorras dos quartéis.
Deputado Federal muito jovem, combatendo de forma intransigente o regime discricionário que oprimia e humilhava o nosso povo, trouxe o grupo que integrava o PC do B para o meu lado, pois, que nessa época o partido estava na clandestinidade por força do Ato Institucional nº 05, o mais perverso instrumento da ditadura militar, uma espécie de espada de Dâmocles que balançava sobre a cabeça de todos os brasileiros. Foi nessa fase que abri espaço dentro do então glorioso PMDB para o pessoal do PC do B, inclusive lançando, nas eleições de l982, o João Pedro para deputado estadual.
Eram tempos heróicos aqueles. A garotada do PC do B era ágil, lutadora, estava sempre presente nas lutas na defesa do povo. No primeiro momento, contra a ditadura militar, depois, enfrentando o Gilberto Mestrinho que, eleito em 1982, para agradar os militares que ainda estavam no poder, passou a perseguir as esquerdas no Estado, de forma infame e covarde.
Numa dessas vezes, Mestrinho mandou a Polícia Militar baixar o pau na turma do PC do B que, na Praça da Matriz, distribuía o jornal do partido, denunciando corrupção e arbitrariedade praticadas pelo novo inquilino do Palácio Rio Negro. Nesse dia o Chico Braga desmaiou com uma cacetada na cabeça. O próprio João Pedro, que era deputado estadual, foi espancado pela polícia e saiu com um braço quebrado.
No sábado seguinte o PC do B organizou um ato público de repúdio à violência cometida pelo Mestrinho e convidou toda a nossa bancada federal a participar do tal desagravo. Resultado: só eu, na época deputado federal, compareci. O ato transcorreu numa manhã de sábado, na Praça da Matriz. Ônibus lotados com policiais militares chegaram à Praça. Cercaram tudo. Percebendo que eu era o único deputado federal no palanque e que o tempo ia fechar, disse ao Eron: ‘companheiro, quando eu estiver falando manda o pessoal mais visado debandar, sair de fino’. O que aconteceu e todos escaparam.
Quando vejo hoje como terminou o PC do B, eis que me vem à lembrança os últimos versos do Soneto do Natal de Machado de Assis: “Mudou o Natal, ou mudei eu”. Nessa história tudo indica que quem mudou foi o PC do B e não eu. É uma pena que tão bela história terminar-se em pântano lodoso. Os antes intransigentes defensores do povo, hoje estão aninhados sob as penas dos poderosos de plantão e fazem o que eles ordenam. Para eles o povo é que se lixe, que se exploda.
Por: vereador Mário Frota
Líder do PSDB na CMM
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM
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