sábado, 30 de julho de 2016

“O TURISMO NO ESTADO ESTÁ À BEIRA DO COLAPSO”



José Roberto Tadros, presidente da Federação do Comércio do Estado do Amazonas
...situação que se configurou logo após os jogos da Copa do Mundo em 2014... Dependesse da produção local de alimentos o povo de Manaus morreria de fome, uma vergonha.  O que comemos vem do Pará, de São Paulo, do Ceará e, principalmente, dos vizinhos estados de Rondônia e Roraima. Do nosso interior nem banana vem mais. Quem frequenta a Feira da Banana sabe o que estou falando. Lanço daqui um desafio para quem, naquela feira, comprar uma simples penca de banana aqui cultivada.
 Por: Vereador Mário Frota*
Em matéria publicada no Jornal Amazonas em Tempo, o presidente da Federação do Comércio do Amazonas (FECOMÉRCIO), José Roberto Tadros, empresário do setor hoteleiro em Manaus, sem meias palavras, afirmou que “o turismo no Estado está à beira do colapso”, situação que se configurou logo após os jogos da Copa do Mundo em 2014. Mais adiante, ele alerta que "a situação é grave e exige dos governantes mais compromissos com o turismo no Estado, para que o segmento em geral, incluindo aí o setor hoteleiro, saia dessa situação calamitosa em que está mergulhado”.
Bem a propósito, em recente discurso da tribuna afirmei que, ao longo dos quase 50 anos da nossa Zona Franca, os governadores que se sucederam, tanto da fase da ditadura militar, quanto da democracia que temos hoje, pouco fizeram pelo turismo. Todos eles, sem exceção, ficaram presos ao modelo econômico da Zona Franca e não incentivaram outras alternativas econômicas, a exemplo do turismo, uma mina de ouro por ser explorada se levarmos em conta a exuberância e beleza da Floresta Amazônica, região sem similar no mundo, dona da  maior biodiversidade do Planeta.
O que aconteceu aqui não é diferente do que ocorre com a Venezuela. A diferença é que enquanto ficamos por meio século preso ao modelo Zona Franca, a Venezuela virou refém do petróleo e não diversificou a sua economia. Resultado: com a queda do preço do ouro negro, o País desabou e, hoje, nas mãos de um irresponsável, não menos louco do que o seu criador, o tal Chaves, as pessoas para não morrer de fome, são obrigadas a percorrer 12 horas de ônibus com objetivo comprar comida nos países vizinhos.
Mas além do turismo, que hoje poderia ser a nossa salvação, os ex-governadores esqueceram de incentivar no Estado outros projetos  igualmente importantes.  Nesse meio tempo só balela, demagogia barata, promessas para enganar tolos em véspera de eleição. Só dois exemplos: o Terceiro Ciclo do Amazonino, que, na galhofa, os nossos irmãos do interior passaram a chamá-lo de Terceiro Circo, e o Zona Franca Verde do Eduardo Braga, também digno de piada.  Alguém pode me dizer em que resultou esses dois projetos econômicos, cantados e decantados pelos seus idealizadores?
É certo que não há como negar a importância da Zona Franca de Manaus, projeto econômico que nos foi presenteado pelo general Castelo Branco, o primeiro presidente do governo militar, instalado no País em 1964. Sem os benefícios desse extraordinário modelo econômico Manaus continuaria na triste condição de porto de lenha, ou seja, mergulhada no marasmo, na pobreza, triste herança do fim do ciclo da borracha. A Zona Franca, a partir da sua criação, passou a ser o pulmão econômico por onde respiramos ao longo dessas cinco décadas.
Presos à Zona Franca, os governadores do Estado, sem exceção, esqueceram o resto, razão porque hoje em termos alimentação não produzimos nada, zero. Dependesse da produção local de alimentos o povo de Manaus morreria de fome, uma vergonha.  O que comemos vem do Pará, de São Paulo, do Ceará e, principalmente, dos vizinhos estados de Rondônia e Roraima. Do nosso interior nem banana vem mais. Quem frequenta a Feira da Banana sabe o que estou falando. Lanço daqui um desafio para quem, naquela feira, comprar uma simples penca de banana aqui cultivada. 

Por: Vereador Mário Frota*
*Advogado;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Câmara Municipal de Manaus (CMM).


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