quinta-feira, 26 de maio de 2016

FECHAMENTO DE POSTOS DE SAÚDE É O REFLEXO DA CRISE ECONÔMICA ENFRENTADA PELAS INDÚSTRIAS DA ZONA FRANCA



Moradores fazem protestos contra fechamento do SPA de São Raimundo.
Por: Vereador Mário Frota*
 A extinção do Cardoso Fontes, referência no Estado no tratamento de tuberculose, foi outra mancada - e das grandes - nessa acelerada e irresponsável atitude governamental... A crise poderia ser menos sentida, caso os governantes amazonenses, nesses quase 50 anos de Zona Franca, tivessem criado e incentivado outros projetos econômicos para a região... o único projeto de sustentação econômica nesse meio século foi a Zona Franca.
É certo que o Estado vive uma crise econômica, responsável pela queda da arrecadação como ninguém nunca presenciou desde a criação da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Frente a tal situação, o governador José Melo anunciou medidas que surpreenderam a todos e deixou muita gente com uma raiva danada, com vontade de arrancar a sangue frio os poucos cabelos que ainda restam na cabeça de S. Excelência.
A que mais irritou a população foi a mexida na área da saúde, com redução dos Centros de Atenção à Melhor Idade (Caimis), Centros de Atenção Integral à Criança (Caics) e Serviços de Pronto Atendimento (SPAs). Cinco dos 10 SPAs vão se tornar Unidades Básicas de Saúde (UBS) com horário de atendimento ampliado.
Cito apenas um exemplo sobre o prejuízo sofrido pelos manauaras, nessa operação desastrada ora anunciada pela administração Melo: a extinção do SPA do bairro do São Raimundo que a partir de agosto, será transformado em Unidade Básica de Saúde (UBS) que, com se sabe, atende aos moradores das áreas em seu entorno, a exemplo dos bairros de Aparecida, Santo Antônio, São Jorge, Glória, Vila da Prata, sem falar nas populações ribeirinhas que chegam pelo porto da Manaus Moderna e imediações do Igarapé do São Raimundo.
A explicação dada pelo governo é que haverá uma transferência dos serviços oferecidos pelo SPA do São Raimundo para outras unidades como, por exemplo, o 28 de Agosto, fato mais absurdo porque fica absolutamente na contramão dos habitantes das áreas dos bairros acima citados. De quem partiu essa ideia maluca eu não sei, mas, com certeza, faltou bom senso e uma discussão aprofundada por parte das autoridades do setor de saúde, assim como também foi deixado de lado qualquer tipo de entendimento com as associações de moradores das áreas em questão, atitude antidemocrática, inconcebível nos dias que correm.
A extinção do Cardoso Fontes, referência no Estado no tratamento de tuberculose, foi outra mancada - e das grandes - nessa acelerada e irresponsável atitude governamental que intranquiliza ainda mais um povo que reclama dos serviços oferecidos nas casas de saúde de Manaus, na sua maioria deficiente em relação ao atendimento de milhares de pessoas, necessitadas de serviço médico-hospitalar, e de remédios às famílias que, por seu nível de pobreza, não têm dinheiro para comprar medicamentos em farmácias.
A crise está sendo pior aqui do que em outros Estados do País, levando-se em conta que a nossa economia está amarrada à Zona Franca de Manaus, o único modelo econômico responsável pelo desenvolvimento do nosso Amazonas. A crise poderia ser menos sentida, caso os governantes amazonenses, nesses quase 50 anos de Zona Franca, tivessem criado e incentivado outros projetos econômicos para a região. A omissão foi total. A nossa situação aqui no Amazonas não é muito diferente do que acontece na Venezuela. Lá, durante décadas, os seus governantes levaram a Venezuela a depender único e exclusivamente do petróleo, aqui, o único projeto de sustentação econômica nesse meio século foi a Zona Franca. Qualquer semelhança é mera coincidência.  

(Foto:http://www.acritica.com/channels/manaus/news/moradores-protestam-contra-fechamento-do-spa-do-sao-raimundo-na-zona-oeste)


*Advogado

*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.



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