Moradores fazem protestos contra fechamento do SPA de São Raimundo.
Por:
Vereador Mário Frota*
A
extinção do Cardoso Fontes, referência no Estado no tratamento de tuberculose,
foi outra mancada - e das grandes - nessa acelerada e irresponsável atitude
governamental... A crise poderia ser menos sentida, caso os governantes
amazonenses, nesses quase 50 anos de Zona Franca, tivessem criado e incentivado
outros projetos econômicos para a região... o único projeto de sustentação econômica
nesse meio século foi a Zona Franca.
É certo que o Estado vive uma crise
econômica, responsável pela queda da arrecadação como ninguém nunca presenciou
desde a criação da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Frente a tal situação, o governador José
Melo anunciou medidas que surpreenderam a todos e deixou muita gente com uma
raiva danada, com vontade de arrancar a sangue frio os poucos cabelos que ainda
restam na cabeça de S. Excelência.
A que mais irritou a população foi a mexida
na área da saúde, com redução dos Centros de Atenção à Melhor Idade (Caimis),
Centros de Atenção Integral à Criança (Caics) e Serviços de Pronto Atendimento
(SPAs). Cinco dos 10 SPAs vão se tornar Unidades Básicas de Saúde (UBS) com
horário de atendimento ampliado.
Cito apenas um exemplo sobre o prejuízo
sofrido pelos manauaras, nessa operação desastrada ora anunciada pela
administração Melo: a extinção do SPA do bairro do São Raimundo que a partir de
agosto, será transformado em Unidade Básica de Saúde (UBS) que, com se sabe,
atende aos moradores das áreas em seu entorno, a exemplo dos bairros de Aparecida,
Santo Antônio, São Jorge, Glória, Vila da Prata, sem falar nas populações
ribeirinhas que chegam pelo porto da Manaus Moderna e imediações do Igarapé do
São Raimundo.
A explicação dada pelo governo é que haverá
uma transferência dos serviços oferecidos pelo SPA do São Raimundo para outras
unidades como, por exemplo, o 28 de Agosto, fato mais absurdo porque fica absolutamente
na contramão dos habitantes das áreas dos bairros acima citados. De quem partiu
essa ideia maluca eu não sei, mas, com certeza, faltou bom senso e uma
discussão aprofundada por parte das autoridades do setor de saúde, assim como
também foi deixado de lado qualquer tipo de entendimento com as associações de
moradores das áreas em questão, atitude antidemocrática, inconcebível nos dias
que correm.
A extinção do Cardoso Fontes, referência no
Estado no tratamento de tuberculose, foi outra mancada - e das grandes - nessa
acelerada e irresponsável atitude governamental que intranquiliza ainda mais um
povo que reclama dos serviços oferecidos nas casas de saúde de Manaus, na sua
maioria deficiente em relação ao atendimento de milhares de pessoas,
necessitadas de serviço médico-hospitalar, e de remédios às famílias que, por
seu nível de pobreza, não têm dinheiro para comprar medicamentos em farmácias.
A crise está sendo pior aqui do que em
outros Estados do País, levando-se em conta que a nossa economia está amarrada
à Zona Franca de Manaus, o único modelo econômico responsável pelo
desenvolvimento do nosso Amazonas. A crise poderia ser menos sentida, caso os
governantes amazonenses, nesses quase 50 anos de Zona Franca, tivessem criado e
incentivado outros projetos econômicos para a região. A omissão foi total. A
nossa situação aqui no Amazonas não é muito diferente do que acontece na
Venezuela. Lá, durante décadas, os seus governantes levaram a Venezuela a
depender único e exclusivamente do petróleo, aqui, o único projeto de
sustentação econômica nesse meio século foi a Zona Franca. Qualquer semelhança
é mera coincidência.
(Foto:http://www.acritica.com/channels/manaus/news/moradores-protestam-contra-fechamento-do-spa-do-sao-raimundo-na-zona-oeste)
*Advogado
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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