Mário Frota: “O Brasil só não está pior economicamente
porque possui muita gordura para queimar”.
“Se as indústrias do nosso polo fecharem as portas, vamos testemunhar uma das piores décadas de incerteza e miséria absoluta de todos os tempos... Essa recessão contribuiu para que o professor José Melo tomasse medidas austeras visando a adaptação da máquina do Estado ao seu orçamento deficitário, inclusive minimizando recursos da pasta de saúde, fechando clínicas como o Cardoso Fontes, mas acredito que o governador deva rever sua decisão e acatar o clamor da sociedade. Afinal de contas, saúde não tem preço, mas tem valor”.
Ao discursar hoje (25/05), durante o Pequeno Expediente, do Plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM), o vereador Mário Frota (PHS) fez um balanço da crise no Brasil, com reflexos no Amazonas, gerada pela política econômica dos últimos anos da administração do Partido dos Trabalhadores (PT). “Essa recessão contribuiu para que o professor José Melo tomasse medidas austeras visando a adaptação da máquina do Estado ao seu orçamento deficitário, inclusive minimizando recursos da pasta de saúde, fechando clínicas como o Cardoso Fontes, mas acredito que o governador deva rever sua decisão e acatar o clamor da sociedade. Afinal de contas, saúde não tem preço, mas tem valor”, apela Mário. De acordo com o vereador, o Amazonas tem a segunda maior taxa de desemprego da região Norte, só perdendo para o Amapá. Nos últimos 11 meses, 58.308 trabalhadores da indústria perderam vagas no mercado de trabalho. Ao todo, segundo divulgou em março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Amazonas possui 157 mil trabalhadores desempregados, 22,6% a mais que o último trimestre de 2014. Em 2015, cerca de 190 mil empresas fecharam as portas no Brasil, o que levou ao desemprego mais de 11 milhões de brasileiros.
A economia no Amazonas, segundo Mário
Frota, está mergulhada na mais profunda recessão, com reflexos sobre o emprego,
a renda e a geração de trabalho para distribuição de renda. Essa situação,
ninguém sabe se vai ser resolvida a curto, médio ou longo prazo. Tudo vai depender
das medidas econômicas a serem promovidas pelo governo de Michel Temer.
“Com essa crise batendo à nossa porta”, destaca
Mário, “o Amazonas é o maior prejudicado nesse processo, porque a produção das
indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus depende de compradores de outras
regiões. Se o Sul e o Sudeste vão bem, o Amazonas também vai bem” explica.
O parlamentar lembrou ainda que o Estado do
Amazonas não possui nenhum polo de desenvolvimento no interior do Estado e o
modelo de agronegócio não funciona nem para abastecer a capital, que importa
quase todos os gêneros alimentícios de outras cidades do país.
Quando o professor José Lindoso foi governador
do Amazonas, ele aprovou uma Lei que obrigava todas as indústrias instaladas
com os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus (ZFM), a aplicar parte dos
seus lucros no interior do estado para gerar novos polos de produção. Mas
quando Gilberto Mestrinho foi candidato ao governo do Estado, em 1982, depois
da anistia ampla, geral e irrestrita, acordada com os militares que estavam no
poder, ele negociou com os empresários para acabar com a “Lei Lindoso”, como ficou
conhecida. “Mestrinho precisava do dinheiro dos empresários para a campanha e,
em 1983, quando tomou posse, a sua primeira ação foi enviar para a Assembleia
Legislativa do Estado (Ale-Am) um projeto de lei revogando a Lei que
beneficiava o interior. Em Tefé, já existia um projeto para plantação de Dendê,
implantado com recursos do Banco Mundial, mas foi abandonado, assim como outros
projetos da Sharp e da CCE, para industrialização de palmito”, explica.
Mário lembra ainda que hoje a situação
econômica do Amazonas está quase igual a da Venezuela que depende unicamente da
produção do petróleo, que se encontra em queda livre no mercado mundial. “E nós,
do Amazonas, dependemos praticamente só das indústrias instaladas na Zona
Franca porque não temos produção no interior do Estado. Se essa crise continuar
muitas indústrias aqui instaladas podem fechar suas portas. Por outro lado,
quanto maior a crise, maior é a violência nas cidades”.
O Brasil só não está pior economicamente
porque possui muita gordura para queimar. É líder mundial, há 10 anos, na produção
de carne de frango que é exportada para 150 países. Além do frango, o país
exporta Minério de ferro, aço e ferro fundido; Petróleo Bruto; Soja e produtos
derivados; Açúcar de cana; Café em grão; Farelo e resíduos da extração do óleo
de soja; Pastas químicas de madeira; Produtos semimanufaturados de ferro ou aço;
e Automóveis.
Antes da criação da Zona Franca, Manaus possuía
20% da população e os outros 80% moravam o interior do Estado vivendo da caça,
pesca e da agricultura. Com a criação desse modelo de exceção o quadro
inverteu. Com a proibição da exploração de algumas culturas de subsistência e
atraídos pelas indústrias, a maioria da população do interior veio para capital
em busca de empregos. “Portanto, se as indústrias do nosso polo fecharem as
portas, vamos testemunhar uma das piores décadas de incerteza e miséria
absoluta, assim como aconteceu na época áurea em que a nossa borracha foi
desbancada pela Malásia”, alerta Mário. (Por: Roberto Pacheco).
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