quarta-feira, 25 de maio de 2016

CRISE PODE FECHAR INDÚSTRIAS E POSTOS DE SAÚDE NO AMAZONAS


 Mário Frota: “O Brasil só não está pior economicamente porque possui muita gordura para queimar”.

“Se as indústrias do nosso polo fecharem as portas, vamos testemunhar uma das piores décadas de incerteza e miséria absoluta de todos os tempos... Essa recessão contribuiu para que o professor José Melo tomasse medidas austeras visando a adaptação da máquina do Estado ao seu orçamento deficitário, inclusive minimizando recursos da pasta de saúde, fechando clínicas como o Cardoso Fontes, mas acredito que o governador deva rever sua decisão e acatar o clamor da sociedade. Afinal de contas, saúde não tem preço, mas tem valor”.

Ao discursar hoje (25/05), durante o Pequeno Expediente, do Plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM), o vereador Mário Frota (PHS) fez um balanço da crise no Brasil, com reflexos no Amazonas, gerada pela política econômica dos últimos anos da administração do Partido dos Trabalhadores (PT). “Essa recessão contribuiu para que o professor José Melo tomasse medidas austeras visando a adaptação da máquina do Estado ao seu orçamento deficitário, inclusive minimizando recursos da pasta de saúde, fechando clínicas como o Cardoso Fontes, mas acredito que o governador deva rever sua decisão e acatar o clamor da sociedade. Afinal de contas, saúde não tem preço, mas tem valor”, apela Mário. De acordo com o vereador, o Amazonas tem a segunda maior taxa de desemprego da região Norte, só perdendo para o Amapá. Nos últimos 11 meses, 58.308 trabalhadores da indústria perderam vagas no mercado de trabalho. Ao todo, segundo divulgou em março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Amazonas possui 157 mil trabalhadores desempregados, 22,6% a mais que o último trimestre de 2014.  Em 2015, cerca de 190 mil empresas fecharam as portas no Brasil, o que levou ao desemprego mais de 11 milhões de brasileiros.

A economia no Amazonas, segundo Mário Frota, está mergulhada na mais profunda recessão, com reflexos sobre o emprego, a renda e a geração de trabalho para distribuição de renda. Essa situação, ninguém sabe se vai ser resolvida a curto, médio ou longo prazo. Tudo vai depender das medidas econômicas a serem promovidas pelo governo de Michel Temer.
“Com essa crise batendo à nossa porta”, destaca Mário, “o Amazonas é o maior prejudicado nesse processo, porque a produção das indústrias instaladas no Polo Industrial de Manaus depende de compradores de outras regiões. Se o Sul e o Sudeste vão bem, o Amazonas também vai bem” explica.
O parlamentar lembrou ainda que o Estado do Amazonas não possui nenhum polo de desenvolvimento no interior do Estado e o modelo de agronegócio não funciona nem para abastecer a capital, que importa quase todos os gêneros alimentícios de outras cidades do país. 
Quando o professor José Lindoso foi governador do Amazonas, ele aprovou uma Lei que obrigava todas as indústrias instaladas com os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus (ZFM), a aplicar parte dos seus lucros no interior do estado para gerar novos polos de produção. Mas quando Gilberto Mestrinho foi candidato ao governo do Estado, em 1982, depois da anistia ampla, geral e irrestrita, acordada com os militares que estavam no poder, ele negociou com os empresários para acabar com a “Lei Lindoso”, como ficou conhecida. “Mestrinho precisava do dinheiro dos empresários para a campanha e, em 1983, quando tomou posse, a sua primeira ação foi enviar para a Assembleia Legislativa do Estado (Ale-Am) um projeto de lei revogando a Lei que beneficiava o interior. Em Tefé, já existia um projeto para plantação de Dendê, implantado com recursos do Banco Mundial, mas foi abandonado, assim como outros projetos da Sharp e da CCE, para industrialização de palmito”, explica.
Mário lembra ainda que hoje a situação econômica do Amazonas está quase igual a da Venezuela que depende unicamente da produção do petróleo, que se encontra em queda livre no mercado mundial. “E nós, do Amazonas, dependemos praticamente só das indústrias instaladas na Zona Franca porque não temos produção no interior do Estado. Se essa crise continuar muitas indústrias aqui instaladas podem fechar suas portas. Por outro lado, quanto maior a crise, maior é a violência nas cidades”.
O Brasil só não está pior economicamente porque possui muita gordura para queimar. É líder mundial, há 10 anos, na produção de carne de frango que é exportada para 150 países. Além do frango, o país exporta Minério de ferro, aço e ferro fundido; Petróleo Bruto; Soja e produtos derivados; Açúcar de cana; Café em grão; Farelo e resíduos da extração do óleo de soja; Pastas químicas de madeira; Produtos semimanufaturados de ferro ou aço; e Automóveis.
Antes da criação da Zona Franca, Manaus possuía 20% da população e os outros 80% moravam o interior do Estado vivendo da caça, pesca e da agricultura. Com a criação desse modelo de exceção o quadro inverteu. Com a proibição da exploração de algumas culturas de subsistência e atraídos pelas indústrias, a maioria da população do interior veio para capital em busca de empregos. “Portanto, se as indústrias do nosso polo fecharem as portas, vamos testemunhar uma das piores décadas de incerteza e miséria absoluta, assim como aconteceu na época áurea em que a nossa borracha foi desbancada pela Malásia”, alerta Mário. (Por: Roberto Pacheco).

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