O vereador Mário Frota disse que
não foi convencido
porque
o preço da gasolina é tão cara em Manaus
A audiência foi o primeiro momento das discussões sobre o preço dos
combustíveis e as denúncias de um suposto cartel de combustível em Manaus, que
vem motivando pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI), por parte do vereador Mário Frota (PSDB).
21/08/2015 14:35h
A Comissão
de Defesa do Consumidor (COMDEC) da Câmara Municipal de Manaus (CMM), presidida
pelo vereador Álvaro Campelo (PP), solicitou ao Sindicato das Empresas de
Postos de Combustíveis e à Agência Nacional de Petróleo (ANP), planilha dos
custos operacionais para ser discutida conjuntamente com Ministério Público,
Defensoria Pública e órgãos de defesa do consumidor. As empresas, de acordo com
Álvaro Campelo (PP), têm um prazo de 15 dias, ou seja, até o dia 8 de setembro,
para encaminhar a documentação à Comissão.
Esse foi o resultado
prático da audiência pública realizada nesta sexta-feira (21), com donos de
postos, Procuradoria e Defensoria Pública, no auditório do Poder Legislativo
Municipal, que discutiu os elevados preços dos combustíveis na cidade. Entre os
presentes, o promotor do Ministério Público do Estado do Amazonas, Otávio
Gomes, o defensor público Cristiano Pinheiro da Costa, além do chefe da Agência
Nacional de Petróleo (ANP), Noel Moreira Santos, donos de postos de gasolina e
distribuidores.
A audiência
foi o primeiro momento das discussões sobre o preço dos combustíveis e as
denúncias de um suposto cartel de combustível em Manaus, que vem motivando
pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), por
parte do vereador Mário Frota (PSDB).
Álvaro
Campelo afirmou que a reunião foi positiva e vão aguardar a planilha para
poderem entender como se chega ao valor cobrado pelos postos, se o preço é
abusivo, se existe cartel. “Essa documentação vai balizar, se necessário for, a
instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. Queremos entender como se
chega ao preço atual do combustível. Muito embora eles tenham colocado números
percentuais, queremos um documento oficial”, disse o vereador, que viu nos
argumentos dos donos de postos, alguns válidos e outros não, como, por exemplo,
o risco do negócio. “Alguns são procedentes, mas outros nem tanto”, afirmou.
O vereador
referia-se aos argumentos dos donos de postos, que tentaram relacionar os
preços praticados aos altos custos de investimento do empreendimento, aos
impostos pagos ao Estado e ao Município, ao risco do negócio e à importação da
gasolina de outros Estados e até do exterior.
Importação
De acordo
com o diretor da Rede Atem, Miquéias Attem, hoje a refinaria produz só 30% do
consumo. O restante importa do Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e até do
Rio Grande do Sul. Segundo ele, até do Canadá chegam a importar combustível.
“Fora que temos o álcool que vem do Mato Grosso para ser misturado à gasolina”,
disse, explicando que 27% da gasolina consumida é álcool.
Os impostos
sobre o produto também foram ressaltados pelos donos de postos para justificar
o preço praticado nas bombas, muito superior ao que é vendido em Roraima (RR),
transportado da Refinaria de Manaus. De acordo com eles, o lucro nas bombas na
venda de combustível é de apenas R$ 0,50. “Quanto aos preços unificados nos
postos de combustível, a justificativa é a de que não tem como praticar preços
diferenciados, pois se um posto baixa o preço, e o outro mantém, perde
clientes”, justificou.
De acordo
com Miquéias Attem, alguns postos conseguem vender o combustível com preço
abaixo do praticado pelos demais, porque existem dois tipos de negócio com o
distribuidor: contrato ou bandeira branca. “Quando o posto é bandeira branca,
não tem investimento por parte do distribuidor (tanque, bomba, instalação e
bonificação). Por isso, na aquisição, podem comprar ao preço de custo”,
explicou.
Preços no
mercado nacional
Apesar das
justificativas, o vereador Mário Frota disse que não foi convencido porque o
preço da gasolina é tão cara em Manaus, tendo em vista que existe na capital
uma refinaria. “Quantas cidades tem refinaria no seu quintal?”, questionou.
De acordo
com o vereador, em Roraima (RR), para onde a gasolina vai de Manaus para
abastecer os postos, a gasolina é vendida a R$ 3,51, enquanto em Manaus é R$
3,58, o litro. O vereador justificou que fotografou, inclusive, para provar,
que no trecho entre Brasília e Goiás, o preço vai de R$ 3,01 a R$ 3,09. Em São
Paulo, no bairro Morumbi, custa R$ 3,30, mas nas demais áreas chegam a R$ 2,76
a R$ 2,79. “Portanto, não entendo por que o preço tão alto”, disse o vereador,
que não se conformou com a justificativa dos donos de postos. Outro fato
lembrado pelo vereador é o fato de que em Manacapuru, Iranduba e Itacoatiara, a
gasolina é mais barata e vai de Manaus.
O vereador
lamentou também o fato da ausência, na audiência, de representantes da
Refinaria de Manaus (Reman) e dos órgãos de defesa do consumidor, como Procon
Estadual e Municipal. “Concorda com os altos impostos, o Estado, Município e
Governo Federal são sócios majoritários das empresas, mas as coisas não batem.
Em Roraima, Amapá, Belém e outros Estados, a gasolina é mais barata”,
reafirmou.
Texto: Nely Pedroso – DIRCOM/CMM
Foto: Tiago Corrêa - DIRCOM/CMM
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fale conosco ou comente esta matéria