O governador José Melo anunciou que estava disposto a
investir na Santa Casa
Por:
Vereador Mário Frota*
Daqui,
faço um apelo ao governador José Melo no sentido de tocar logo com os trabalhos
de revitalização da Santa Casa. Urge que nesse primeiro momento o seu prédio
seja salvo, levando-se em conta que se trata de um dos sítios arquitetônicos
mais importantes de Manaus, 30 anos mais antiga do que o Teatro Amazonas.
Quanto mais tempo passar, mais cara vai ficar a sua recuperação e o
distanciamento do dia que voltará a funcionar como hospital.
Pobre Santa Casa de Misericórdia que pede
misericórdia e ninguém lhe dá ouvidos. Em mais de um século de existência milhares
de pessoas tiveram suas vidas salvas. Pobre ou rico, todos que procuravam os seus
serviços eram igualmente atendidos. Com apoio dos servidores do meu gabinete,
consegui recolher mais de 50 mil assinaturas de apoio à reabertura desse grande
hospital, sabidamente o mais antigo do nosso Estado. Colhendo assinaturas na
feira do São José, parei numa banca e perguntei ao seu proprietário se ele
desejava assinar a lista solicitando a reabertura da
Santa Casa. Olhou-me e abriu a camisa mostrando-me uma enorme cicatriz que
descia do estômago até abaixo da cintura, e me disse: “esse hospital salvou a
minha vida”. E indagou: “posso assinar 10 vezes”? Esse sentimento de
reconhecimento e amor pela Santa Casa ouvi de muita gente, aliás, da maioria dos
que assinavam o documento.
Consegui organizar quatro encontros para
discutir a revitalização e reabertura da Santa Casa. Nesse meio tempo ouvimos,
no plenário da Câmara Municipal, os administradores de santas casas que
apresentam ótimos resultados nos seus Estados de origem, a exemplo das de Porto
Alegre, Fortaleza, Belém e de Santos, essa a mais antiga do Brasil, fundada
pelos portugueses em 1.553, com propósito de prestar serviços de saúde aos
habitantes dos primeiros assentamentos de colonos chegados ao nosso litoral.
Resultado: a Santa Casa de Misericórdia de Santos é, ao longo da chamada
baixada santista, o segundo maior empregador daquela região, só perdendo mesmo
para o porto daquela cidade, considerado o maior da América do Sul.
Nesse meio tempo não consegui a adesão de
nenhum político. Estava só na luta. Procurando uma solução fui ao Eduardo Braga
e nada consegui. Depois procurei o Omar e, igualmente, nada de concreto saiu da
sua boca. Com a chegada das últimas eleições percebi que alguns políticos, que
antes nunca haviam dado as caras na luta na defesa da reabertura da Santa Casa,
passaram a se movimentar e a falar em salvá-la. De uma hora para outra a Santa
Casa encontrou avô e pai ao mesmo tempo. É assim mesmo, nada a estranhar, mero
oportunismo. Político em época de eleição faz tudo para aparecer e ganhar
alguns votinhos. Vendo a movimentação, procurei o José Melo e o convenci da
necessidade de investir na reabilitação da Santa Casa. No primeiro momento
falou-me que era mais barato e racional construir um hospital novo. E tinha ele
lá suas razões. No entanto, tentei convencê-lo que, o que estava em jogo, era a
sobrevivência do hospital mais antigo de Manaus, de grande importância para o
povo do Amazonas, em especial para as famílias que tiveram, nas suas dependências,
os seus entes queridos retirados dos braços da morte.
Não demorou muito e o governador anunciou
que estava disposto a investir na Santa Casa. Quase que, de imediato, mandou
cercá-la. A fim de colaborar, o Arthur
Virgílio Neto dispôs funcionários da Guarda Municipal para proteger o prédio da
terrível depredação por parte de pilantras que roubaram até as fiações
elétricas, sem falar em magotes de drogados que adentravam o prédio para fumar
maconha ou consumir craque ou cocaína. Até aí tudo bem. O problema é que o
tempo foi passando e, até agora, nada mais foi feito. Pelas janelas quebras e o telhado em vias de
despencar, a água das chuvas compromete o prédio como um todo. Falta pouco para
acontecer o primeiro desabamento de parte do seu telhado secular. É uma pena!
Tal fato levou o jornal A Crítica, nessa última quinta-feira, a publicar
matéria alertando as autoridades para o estado caótico da Santa Casa. Até a última limpeza que promovi, há coisa de
três anos, o seu interior ainda estava livre de infiltrações. Agora a coisa
piorou, pois que está chovendo mais dentro do que fora. Quem duvidar que entre
para ver. Daqui, faço um apelo ao governador José Melo no sentido de tocar logo
com os trabalhos de revitalização da Santa Casa. Urge que nesse primeiro momento
o seu prédio seja salvo, levando-se em conta que se trata de um dos sítios
arquitetônicos mais importantes de Manaus, 30 anos mais antiga do que o Teatro
Amazonas. Quanto mais tempo passar, mais cara vai ficar a sua recuperação e o
distanciamento do dia que voltará a funcionar como hospital. Mãos à obra,
governador. O povo do Amazonas agradece.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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