sábado, 19 de abril de 2014

CPI DA PETROBRAS DEVE INVESTIGAR O GASODUTO URUCU-MANAUS




Por: Vereador Mário Frota*
Desconfiado dos gastos com o gasoduto Urucu-Manaus, pesquisei, tentando encontrar um paralelo com as obras do linhão de Tucuruí e, confesso que fiquei espantado com o que constatei. No gasoduto gastou-se, num percurso de 661 km, R$ 4,48 bi, enquanto no linhão de Tucuruí, com um trecho quase três vezes maior, 1.800 km, os gastos foram orçados em R$ 3 bilhões.
Como se não bastasse os escândalos que cobrem a Petrobras de lama, agora também vem à tona grave denúncia envolvendo a construção do gasoduto Urucu-Manaus, fato extremamente grave que, por se tratar de assunto correlato, não pode deixar de ser investigado pela CPI da Petrobras.
Quem traz ao conhecimento público esse novo escândalo é o jornal Folha de S. Paulo, com base em depoimento de Rosane França, viúva de Gesio Rangel de Andrade, engenheiro-chefe das obras do citado gasoduto, falecido há dois anos. Segundo Rosane França, o seu marido, por não concordar com as pressões que vinham dos seus superiores para aumentar o preço da obra, terminou punido com o afastamento do cargo, ficando por mais de dois anos sem qualquer função nos quadros da Petrobras.
Segunda ela, dirigentes da cúpula da Petrobras tentaram pressionar o seu marido a aprovar aditivos para a obra.  O viaduto inicialmente orçado pelos técnicos da empresa em R$ 1,2 bi, terminou fechada pelo dobro, ou seja, por  R$ 2,4 bi. Mas isso foi só o começo, pois, no andar da carruagem, a Petrobras gastou no gasoduto R$ 4,48 bi. Para um dos trechos, a Petrobras aprovou um aditivo no valor de R$ 563 milhões, o dobro do que foi anteriormente orçado.   
Afirma a viúva do engenheiro Gésio que, preocupado, o seu marido alertou Graça Fortes, à época ocupando o cargo de diretora de gás e energia da Petrobras, sobre tais problemas. A hoje presidente da Petrobras lavou as mãos. Em outras palavras: as denúncias de Gésio encontraram ouvidos moucos.
A viúva afirma que o seu marido enviou e-maills aos seus superiores, reclamando da Diretoria de Engenharia, comandada por Renato Duque. A Petrobras se defende com argumento de que o projeto foi alterado devido as dificuldades que a região amazônica apresenta. Para o jornal, o TCU diz que continua investigando a obra.
Desconfiado dos gastos com o gasoduto Urucu-Manaus, pesquisei, tentando encontrar um paralelo com as obras do linhão de Tucuruí e, confesso que fiquei espantado com o que constatei. Vejam a diferença entre essas duas obras, ambas construídas na floresta amazônica.  É incrível, mas não dá para acreditar. No gasoduto gastou-se, num percurso de 661 km, R$ 4,48 bi, enquanto no linhão de Tucuruí, com um trecho quase três vezes maior, 1.800 km, os gastos foram orçados em R$ 3 bilhões. No primeiro, ou seja, no gasoduto, as tubulações para o transporte do gás, são aterradas, enquanto, no linhão em questão, só para se  ter uma ideia, duas torres construídas, na travessia do Rio Amazonas, têm 325 metros - da altura da Torre Eiffel, de Paris.
Por tudo isso, defendo que a CPI da Petrobras não pode deixar de ir a fundo na investigação da obra do gasoduto Urucu-Manaus, concluído por um custo três vezes acima do orçamento inicial. Parafraseando aqui a famosa frase de Shakespeare, “há algo de podre no reino da Dinamarca”, afirmo que há algo de muito podre na construção desse gasoduto. CPI neles, senhores Senadores e Deputados.

*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.







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