Por:
Vereador Mário Frota*
Desconfiado
dos gastos com o gasoduto Urucu-Manaus, pesquisei, tentando encontrar um
paralelo com as obras do linhão de Tucuruí e, confesso que fiquei espantado com
o que constatei. No gasoduto gastou-se, num percurso de 661 km, R$ 4,48 bi,
enquanto no linhão de Tucuruí, com um trecho quase três vezes maior, 1.800 km,
os gastos foram orçados em R$ 3 bilhões.
Como se não bastasse os escândalos que
cobrem a Petrobras de lama, agora também vem à tona grave denúncia envolvendo a
construção do gasoduto Urucu-Manaus, fato extremamente grave que, por se tratar
de assunto correlato, não pode deixar de ser investigado pela CPI da Petrobras.
Quem traz ao conhecimento público esse novo
escândalo é o jornal Folha de S. Paulo, com base em depoimento de Rosane
França, viúva de Gesio Rangel de Andrade, engenheiro-chefe das obras do citado
gasoduto, falecido há dois anos. Segundo Rosane França, o
seu marido, por não concordar com as pressões que vinham dos seus superiores para
aumentar o preço da obra, terminou punido com o afastamento do cargo, ficando
por mais de dois anos sem qualquer função nos quadros da Petrobras.
Segunda ela, dirigentes da cúpula da
Petrobras tentaram pressionar o seu marido a aprovar aditivos para a obra. O viaduto inicialmente orçado pelos técnicos
da empresa em R$ 1,2 bi, terminou fechada pelo dobro, ou seja, por R$ 2,4 bi. Mas isso foi só o começo, pois, no
andar da carruagem, a Petrobras gastou no gasoduto R$ 4,48 bi. Para um dos
trechos, a Petrobras aprovou um aditivo no valor de R$ 563 milhões, o dobro do
que foi anteriormente orçado.
Afirma a viúva do engenheiro Gésio que,
preocupado, o seu marido alertou Graça Fortes, à época ocupando o cargo de
diretora de gás e energia da Petrobras, sobre tais problemas. A hoje presidente
da Petrobras lavou as mãos. Em outras palavras: as denúncias de Gésio
encontraram ouvidos moucos.
A viúva afirma que o seu marido enviou
e-maills aos seus superiores, reclamando da Diretoria de Engenharia, comandada
por Renato Duque. A Petrobras se defende com argumento de que o projeto foi
alterado devido as dificuldades que a região amazônica apresenta. Para o
jornal, o TCU diz que continua investigando a obra.
Desconfiado dos gastos com o gasoduto
Urucu-Manaus, pesquisei, tentando encontrar um paralelo com as obras do linhão
de Tucuruí e, confesso que fiquei espantado com o que constatei. Vejam a
diferença entre essas duas obras, ambas construídas na floresta amazônica. É incrível, mas não dá para acreditar. No
gasoduto gastou-se, num percurso de 661 km, R$ 4,48 bi, enquanto no linhão de
Tucuruí, com um trecho quase três vezes maior, 1.800 km, os gastos foram
orçados em R$ 3 bilhões. No primeiro, ou seja, no gasoduto, as tubulações para
o transporte do gás, são aterradas, enquanto, no linhão em questão, só para
se ter uma ideia, duas torres construídas,
na travessia do Rio Amazonas, têm 325 metros - da altura da Torre Eiffel, de
Paris.
Por tudo isso, defendo que a CPI da
Petrobras não pode deixar de ir a fundo na investigação da obra do gasoduto
Urucu-Manaus, concluído por um custo três vezes acima do orçamento inicial.
Parafraseando aqui a famosa frase de Shakespeare, “há algo de podre no reino da
Dinamarca”, afirmo que há algo de muito podre na construção desse gasoduto. CPI
neles, senhores Senadores e Deputados.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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