Texto:
Vereador Mário Frota*
Agarraram-se
a cargos, como ostra gruda em casco de navio, tomaram gosto pelo dinheiro,
lambuzaram-se nos mensalões da vida, e mandaram a ética e o socialismo para o
espaço.
Em tom de ironia, pela revista Veja, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, fez a seguinte observação: “O PT tinha
duas metas. O socialismo e a ética. Sobre o socialismo nunca mais falaram.
Sobre a ética, meu Deus, não precisamos nem falar”.
Estas palavras pronunciadas por FHC tiveram
o poder de fazer o meu pensamento retornar mais de três décadas, quando o Lula
e outras lideranças organizavam o Partido dos Trabalhadores (PT) em todo o país. O grito de guerra do Lula e dos seus
seguidores restringia-se a duas bandeiras: primeiro a comunização do Brasil,
inspirado no modelo soviético; segundo, a ética, ou seja, no poder, o PT
combateria a ferro e fogo os corruptos e a corrupção.
Aqui ocorreu, em especial dentro da Ufam,
uma explosão de amor pelo PT, do Lula. As figuras que integraram o Diretório do
partido no Estado eram todos professores, destacando-se aí o Marcos Barros, o Oswaldo
Coelho, o Aloísio Nogueira, o Renan Freitas Pinto, a Marilene Correia, e tantos
outros. O que menos se via eram operários. Ia esquecendo: com o passar do tempo,
trouxeram para o PT alguns trabalhadores do Distrito, entre os quais o Ricardo
Morais, líder do sindicato dos metalúrgicos que, para se parecer com o Lula, o
orientaram a deixar a barba crescer.
Nunca vou esquecer. No dia da inauguração da sede do PT, que
passou a funcionar numa casa antiga na Joaquim Nabuco, nas proximidades da
Japurá, eu, Fábio Lucena, Beth Azize e Vitório Cestaro, com propósito de
prestigiar o ato, resolvemos visitar os dirigentes do novo partido. Em lá
chegando, nos deparamos com uma faixa que atravessava toda a rua com os
seguintes dizeres: “Aqui não entra patrão”. Ao chegar percebemos uma atmosfera
pesada, a companheirada estava com cara de poucos amigos. Não nos pediram para
deixar o ressinto, mas, para o bom entendedor, meia palavra, à época, bastava. Depois dos cumprimentos de praxe pegamos o
beco, ou seja, caímos fora.
Com o passar do tempo, desiludidos com os
rumos que Lula deu ao PT, aqueles companheiros, todos idealistas, foram saindo,
não permanecendo ninguém daquela safra filiada hoje ao um partido que, outrora,
abraçaram com tanto amor. E saíram com toda razão, pois, quando o PT chegou ao poder,
há 10 anos, Lula e os lulapetistas mandaram os ideais às favas, agarraram-se a
cargos, como ostra gruda em casco de navio, tomaram gosto pelo dinheiro,
lambuzaram-se nos mensalões da vida, e mandaram o socialismo para o espaço.
Fernando Henrique Cardoso disse uma grande
verdade: “o PT esqueceu os seus ideais socialistas e afundou no pântano da corrupção.
Os ideais que defendia é coisa do passado, tragado por um mar de lama”.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da C MM.
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