Mário Couto foi censurado por Vanessa quando pedia
investigação de colegas que tiveram seus patrimônios acrescidos de forma
suspeita
Quando
o senador falava a sua voz desaparecia, mas quando Vanessa Grazziotin – que presidia
o Senado - dizia qualquer coisa, a sua voz era ouvida.
Texto:
Vereador Mário Frota*
Ontem, a senadora Vanessa Grazziotin, do PC
do B, quando presidia a sessão do Senado, incorporou o espírito do seu líder
maior, Josef Stalin e, no maior despudor, passou a censurar o senador Mário Couto,
do PSDB do Pará, que pedia investigação e afastamento de colegas seus que, na
vida pública, tiveram seus patrimônios acrescidos de forma suspeita, ou seja,
às custas de dinheiro roubado dos cofres públicos.
A censura usada pela senadora ocorreu com a
retirada do som, exatamente quando o senador Mário Couto endureceu o seu
discurso pedindo providências legais contra parlamentares corruptos que,
segundo ele, têm assento no Senado da República. Quando o senador falava a sua
voz desaparecia, mas quando ela dizia qualquer coisa, a sua voz era ouvida. A
união do PT como o PC do B foi terrivelmente nefasta para este País. É como
naquela velha história: “Deus os fez, o vento os separou e o diabo os uniu".
Fui deputado federal pela oposição em plena
ditadura militar e, apesar dos excessos cometidos pelo então regime
autoritário, não me lembro de atos dessa natureza cometidos por presidentes da
Câmara e do Senado. Os militares odiavam a democracia e, em razão disso, tentavam
sujeitar à sua vontade as duas Casas do Congresso Nacional. No entanto, os seus
respectivos presidentes respeitavam o regimento interno e não censuravam
discursos dos parlamentares da oposição. 12 anos com mandado na Câmara, nunca vi um
presidente tentar silenciar um deputado que estivesse na tribuna fazendo
críticas pesadas aos donos do poder.
Quando os generais exigiram que a Câmara
dos Deputados cassasse o mandato do deputado Márcio Moreira Alves, por ofensas,
segundo eles, cometidas contra os militares, ocorreu um fato que passou para a
história e que demonstra que, mesmo entre os parlamentares que apoiavam os
novos donos do poder, haviam homens honrados que, na defesa da instituição,
colocavam em risco até mesmo suas integridades físicas. Vejamos.
Cabia à Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara examinar da legalidade a exigência dos generais que queriam a cabeça
do deputado em questão. Pois muito bem.
Colocada em votação a medida, mais de 70% dos deputados integrantes da CCJ, posicionaram-se
contra a cassação do jovem parlamentar. O então presidente da Comissão, o deputado
Djalma Marinho, que era da Arena, o partido que no País apoiava os militares,
apesar de só votar em caso de empate, quebrou a regra, votou contra a
orientação do seu partido, e pronunciou uma frase que ficou para a história: “ao
rei tudo, menos a honra”. Resultado: os militares baixaram o Ato Institucional
nº 5, o mais feroz instrumento de força criado pela ditadura instalada no
Brasil em 1964 e, em represália, fecharam o Congresso Nacional por um ano.
Entre o comportamento moral daqueles
homens, muitos deles até perfilados no partido de apoio do regime militar, e o
agora vergonhoso episódio encenado pela senadora Vanessa Grazziotin, pode-se
dizer que há um abismo de distância. De muitos quilômetros.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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