quinta-feira, 1 de novembro de 2012

VANESSA GRAZZIOTIN CENSURA SENADOR MÁRIO COUTO DO PSDB DO PARÁ




Mário Couto foi censurado por Vanessa quando pedia investigação de colegas que tiveram seus patrimônios acrescidos de forma suspeita

Quando o senador falava a sua voz desaparecia, mas quando Vanessa Grazziotin – que presidia o Senado - dizia qualquer coisa, a sua voz era ouvida.
Texto: Vereador Mário Frota*
Ontem, a senadora Vanessa Grazziotin, do PC do B, quando presidia a sessão do Senado, incorporou o espírito do seu líder maior, Josef Stalin e, no maior despudor, passou a censurar o senador Mário Couto, do PSDB do Pará, que pedia investigação e afastamento de colegas seus que, na vida pública, tiveram seus patrimônios acrescidos de forma suspeita, ou seja, às custas de dinheiro roubado dos cofres públicos.
A censura usada pela senadora ocorreu com a retirada do som, exatamente quando o senador Mário Couto endureceu o seu discurso pedindo providências legais contra parlamentares corruptos que, segundo ele, têm assento no Senado da República. Quando o senador falava a sua voz desaparecia, mas quando ela dizia qualquer coisa, a sua voz era ouvida. A união do PT como o PC do B foi terrivelmente nefasta para este País. É como naquela velha história: “Deus os fez, o vento os separou e o diabo os uniu".
Fui deputado federal pela oposição em plena ditadura militar e, apesar dos excessos cometidos pelo então regime autoritário, não me lembro de atos dessa natureza cometidos por presidentes da Câmara e do Senado. Os militares odiavam a democracia e, em razão disso, tentavam sujeitar à sua vontade as duas Casas do Congresso Nacional. No entanto, os seus respectivos presidentes respeitavam o regimento interno e não censuravam discursos dos parlamentares da oposição.  12 anos com mandado na Câmara, nunca vi um presidente tentar silenciar um deputado que estivesse na tribuna fazendo críticas pesadas aos donos do poder.
Quando os generais exigiram que a Câmara dos Deputados cassasse o mandato do deputado Márcio Moreira Alves, por ofensas, segundo eles, cometidas contra os militares, ocorreu um fato que passou para a história e que demonstra que, mesmo entre os parlamentares que apoiavam os novos donos do poder, haviam homens honrados que, na defesa da instituição, colocavam em risco até mesmo suas integridades físicas. Vejamos.
Cabia à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara examinar da legalidade a exigência dos generais que queriam a cabeça do deputado em questão.  Pois muito bem. Colocada em votação a medida, mais de 70% dos deputados integrantes da CCJ, posicionaram-se contra a cassação do jovem parlamentar. O então presidente da Comissão, o deputado Djalma Marinho, que era da Arena, o partido que no País apoiava os militares, apesar de só votar em caso de empate, quebrou a regra, votou contra a orientação do seu partido, e pronunciou uma frase que ficou para a história: “ao rei tudo, menos a honra”. Resultado: os militares baixaram o Ato Institucional nº 5, o mais feroz instrumento de força criado pela ditadura instalada no Brasil em 1964 e, em represália, fecharam o Congresso Nacional por um ano.
Entre o comportamento moral daqueles homens, muitos deles até perfilados no partido de apoio do regime militar, e o agora vergonhoso episódio encenado pela senadora Vanessa Grazziotin, pode-se dizer que há um abismo de distância. De muitos quilômetros.

*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.

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