Texto:
Vereador Mário Frota*
É
possível que os mais exigentes estranhem a ausência de camarotes. Pura bobagem
de gente “luxenta”. O que não quer dizer muita coisa, porque o batelão está
equipado com muitos armadores para rede.
Caso dependa de mim, vou dar a maior força
ao Josué Filho, ao Waldir Correia e aos demais integrantes da equipe da Rádio
Difusora, na organização da viagem dos derrotados na eleição de domingo rumo ao
balatal.
Com muita gente para viajar o batelão ficou
pequeno e, em razão disso, faz-se necessário o pessoal da Difusora fretar outro
barco. Outro fato que deve ficar bem claro, é que os embarcados só têm passagem
de ida, ou seja, quem vai para o balatal vai para ficar, para trabalhar duro na
produção de balata, além de outros produtos do extrativismo regional, como
borracha, sorva e castanha.
Enganam-se os que pensam que os passageiros
não são bem tratados. A comida servida pode não ser das melhores, mas feijão,
arroz, farinha d’água, pirarucu seco e galinha de granja, coisa de primeira,
importada de São Paulo, não faltam à mesa. O café da manhã tem bolacha de água e sal e
margarina à vontade. Um luxo só.
É possível que os mais exigentes estranhem
a ausência de camarotes. Pura bobagem de gente “luxenta”. O que não quer dizer
muita coisa, porque o batelão está equipado com muitos armadores para rede.
Viajar se balançando, pegando um ventinho é uma beleza, razão porque o nosso
povo do interior na saída do porto estica a sua rede e só a retira no fim da viagem,
que pode durar dois dias ou, às vezes, mais de uma semana.
O problema é que muita gente não gosta da
vida dos seringais e balatais e, por isso mesmo, é possível que não queira
embarcar no confortável batelão. O que então fazer? Convencê-las, mostrando que
a vida nas regiões dos altos rios não é tão ruim assim como dizem? É verdade que é dura, mas também tem lá suas
compensações, a exemplo de poder se divertir num arrasta pé pelo menos uma vez
por mês.
Na despedida do batelão muita gente vai chorar
por acreditar que a vida no nosso interior é ruim, que não tem remédios, escola
para os filhos e hospitais para a família. O bom de tudo isso, é que esse
pessoal vai sentir na pele nunca ter feito nada pelos habitantes do nosso
hinterland, historicamente abandonados, relegados à própria sorte, onde o braço
do Estado nunca chegou para ajudar os seus habitantes, a não ser para comprar votos
em época eleitoral, a exemplo da última eleição em que, na marra, e com muita
grana, os próximos passageiros desse batelão roubaram a eleição de senador do
Artur.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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