Li o artigo assinado pelo Arthur Virgílio Neto, no jornal Diário do Amazonas, neste último domingo e, aqui deste blog, afirmo que é verdade tudo o que o ilustre ex-senador afirmou ter realizado ao longo do seu mandato como prefeito de Manaus. Como quase sempre militei na oposição - e o meu forte é a crítica e a denúncia - sempre me coloquei ao lado do povo, enfrentando diuturnamente os que teimam em se locupletar com o dinheiro público. Daí a minha dificuldade em elogiar, regra, que quebro agora, em respeito à verdade.
Sou testemunha, sim, do trabalho do Arthur, porque, na mesma eleição em que o povo de Manaus o elegeu como Prefeito, também fui eleito com a maior votação até então consagrada a um vereador de Manaus. Ao chegar à Prefeitura, o Arthur se deparou com cinco graves problemas: funcionários com salários aviltados; falta de água em muitos bairros; ônibus caindo aos pedaços; ausência de esgotos; e famílias sem teto, implorando por um pedaço de terra para construir um local para morar.
Vamos por parte. Na campanha o Arthur prometeu que, eleito, o seu primeiro ato seria enviar um projeto de lei para a Câmara aumentando os salários dos funcionários do Município. Não mandou apenas um. Mandou dois, pois, três meses depois, enviou o segundo, fato que deixou o funcionalismo em festa. Até os dias atuais, o Arthur foi o único Prefeito de Manaus que deu aumento substancial ao funcionalismo municipal. Não foi simples reajuste, como faziam os prefeitos antes e mesmo agora, mas aumento real, para valer. Nesse particular, o Arthur superou a todos, de longe.
A falta de água era um problema crônico em Manaus, haja vista que a maior parte das pessoas que viviam na periferia ainda se servia de água de cacimba. Arthur atacou o problema com perfuração de poços artesianos e, quando deixou a Prefeitura, milhares de famílias tinham água de qualidade nas suas residências.
A questão ônibus era um caso de polícia. Antes do período eleitoral, o povo do Bairro de São José, enfurecido contra a qualidade do transporte coletivo que lhe era oferecido, numa manhã ateou fogo em mais de dez ônibus e empurrou outros num barranco. O então governador Amazonino Mendes, que na época apoiava Mestrinho para prefeito, em vez de resolver o grave problema, de forma covarde preferiu jogar a culpa no Muda Amazonas, o grupo que apoiava o Arthur para prefeito. Eleito, Arthur foi para cima dos donos de ônibus e, em reunião histórica na Prefeitura, com o dedo apontado na cara dos donos das latas velhas, deu-lhes 60 dias para que fizessem a renovação da frota. Não demorou muito, Manaus, que tinha os ônibus mais velhos do País, passou a ostentar a frota mais nova.
Outro problema grave que enfrentou foi o da falta de esgotos. Em muitos bairros a água servida era misturada com a lama que descia pelas ruas, num espetáculo nada diferente do que ocorre hoje em cidades do submundo africano. Arthur, nessa área foi 10, tanto que, ao final de seu mandato, recebeu um apelido um tanto engraçado, mais honroso: Prefeito Tatu. Neste País, que por questões meramente eleitoreiras os governantes só se preocupam com obras que possam ser vista pelo eleitor, a exemplo do asfalto. O Arthur se preocupou com o saneamento da cidade, isto é, com a construção de quilômetros de esgotos, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população manauense.
Quando o Arthur Neto assumiu a Prefeitura, o déficit habitacional era um absurdo. Milhares de pessoas moravam em barracos, muitas deles com paredes de papelão. Arthur deu início a um projeto com objetivo de resolver o problema da moradia dessas pessoas. O resultado deu origem ao bairro Jorge Teixeira I, com avenida central e ruas largas. As pessoas recebiam os terrenos devidamente urbanizados e, com auxílio da Prefeitura, instalavam-se e construíam suas moradias. O projeto foi um sucesso.
É bom que se diga que o Arthur Virgílio, ao contrário dos prefeitos que o sucederam, que hoje dispõem de uma montanha de dinheiro para aplicar no que bem entendem, tinha à época um orçamento minguado, comparado a um cobertor pequeno que quando cobria a cabeça descobria os pés e vice versa. Mesmo assim fez uma boa administração, deixou obras importantes para o nosso povo e, o mais importante, saiu com as mãos limpas, fato cada vez mais raro no Brasil petista de hoje.
Por: Vereador Mário Frota
Líder do PSDB na CMM
Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM
Foto: w.d24am.com
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