quarta-feira, 20 de julho de 2011

MISÉRIA NO INTERIOR E FESTA ASTRONÔMICA NA CAPITAL

Não se aplica à Fonte Boa: "O melhor meio de ser bem servido é servir bem".

Em artigo prenhe de lucidez, o advogado Paulo Figueiredo, no seu último artigo de sábado, no Diário do Amazonas, sob o título Miséria e Desperdício, com absoluta razão derrama indignação ao comentar os resultados do Censo de 2010 do IBGE, que aponta o Amazonas com cerca de 650 mil pessoas na miséria, ou seja, abaixo da chamada faixa da pobreza. Só para se ter uma idéia da tragédia, dentre os 50 municípios mais miseráveis do Brasil, o Amazonas aparece no topo com cinco: Fonte Boa, Tapauá, Gurujá, Ipixuna e Pauini, com índices vergonhosos, que vão de 86,25% a 91,95%. Números que remetem essas populações a mais negra indigência, só encontradas em regiões extremamente pobre do Planeta, a exemplo de países africanos.

O mais grave é que os demais municípios do Estado não ficam tão atrás dos cinco campeões citados em miséria. Para se ter uma idéia, o índice de miséria no Amazonas é mais do que o dobro da média do País e ficou acima até do Nordeste, anteriormente o campeão desse torneio macabro.

Enquanto parcelas significativas da população do interior do Estado vivem na última lona da sobrevivência humana, gastos astronômicos são feitos em Manaus a exemplo da ponte Manaus – Iranduba, mais cara oito vezes mais, respeitando-se as devidas proporções, do que a da China, a maior do mundo, construída recentemente, com 42 quilômetros.

Derrubaram o Vivaldão sem o menor pudor. O Vivaldão era o melhor estádio do Norte do País e, no seu lugar estão construindo outro no valor de R$ 500 milhões que, somados aos 25% dos aditivos previsto em lei, pode ultrapassar os R$ 700 milhões. Um absurdo! E os gastos com o monotrilho, uma aventura, um verdadeiro tiro no escuro que pode superar R$ 1,3 bilhão?

O problema, em minha opinião, também de homem do interior, como o jornalista Paulo Figueiredo, tem a ver com o histórico abandono da hinterlândia, em especial na administração dos últimos governadores. Como explicar que Fonte Boa, a terra de nascimento dos irmãos Átila e Belão Lins, seja um dos municípios mais miseráveis do País? Por que, apesar de ter filhos tão poderosos, no município de Fonte Boa - o principal camburão de votos desses dois políticos – a população vive em tal nível de miséria?

Os políticos desta terra fazem questão de manter o povo na ignorância e miséria porque é mais fácil controlar pessoas com fome e distanciadas da educação. Dessa feita, os sobas com eleitorado no interior, que são eleitos à cada eleição, a exemplo dos irmãos Lins, elegem-se com mais facilidade, manipulando, principalmente, parte desses 650 mil miseráveis que povoam as barrancas do Amazonas. É uma vergonha que um Estado como o nosso, que tem uma arrecadação das mais altas do País, parcela significativa do seu povo esteja mergulhada na mais negra miséria.

Por: Vereador Mário Frota

Líder do PDT na CMM

Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM

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