O Brasil, infelizmente, ainda se encaixa nesse segundo estágio. Quando verdadeiramente seremos uma democracia? Talvez daqui a 20, 30 ou, quem sabe, 50 anos. Em plena ditadura militar, ainda muito jovem, eleito deputado federal pela oposição, acreditava que, derrubada a ditadura e realizada eleições, o Brasil passaria a viver uma democracia real, igual às mais avançadas do mundo. Na minha concepção todos os problemas, por mais difíceis que fossem, estariam resolvidos com a simples presença de uma urna.
Passados 26 anos da queda do regime dos generais, percebo o quanto fui juvenil e idealista em imaginar que, para se ter uma democracia verdadeira, basta votar. Os anos passam e, a cada eleição, percebo o quanto estava equivocado. Claro que é importante votar, mas, para que tal exercício tenha sucesso, é preciso que o povo esteja preparado para o voto, o que não me parece ocorrer.
Aqui, para ganhar eleição, duas coisas são necessárias: ou ser apresentador de programa de rádio ou televisão, ou ter muito dinheiro para gastar na compra de voto. Biografia, história política, passado decente, nada disso tem importância hoje. Com raras exceções, basta ver o nome dos eleitos. Um deboche.
Em nível nacional não é diferente. Tiririca, um palhaço analfabeto, foi eleito deputado federal, pelo povo de São Paulo, com um milhão e trezentos mil votos. O senador José Sarney, que mereceu uma biografia escrita pelo jornalista Palmério Dória, intitulada Honoráveis Bandidos, é reeleito presidente do Senado da República. Uma verdadeira cusparada dos ilustres senadores que o reelegeram na cara do povo brasileiro.
E ainda há gente que discorde do historiador Capistrano de Abreu que, antes de morrer, assegurou que o Brasil jamais chegaria a lugar nenhum, e que se deveria rasgar a Constituição e substituí-la por outra com apenas um artigo: “todo brasileiro deveria ter vergonha na cara”. Revoguem-se as disposições em contrário.
É possível que você, caro leitor, esteja a imaginar que Capistrano, um dos mais importantes historiadores do Brasil, com o avançar da idade tenha se transformado num velho ranzinza e negativista. Olhe, espero que em relação ao futuro do Brasil ele esteja errado. No entanto, pesquisa feita pelo DataFolha, dois meses depois dessa última eleição, apontou que 30 por cento dos eleitores já não lembram em quem votaram para deputado estadual e deputado federal. Será que esse tipo de eleitor que dois meses depois da eleição não lembra mais em quem votou, pode levar este País a um lugar seguro no futuro? Não sei, o que sei é que, se a coisa continuar como está, pobre dos nossos filhos.
Por: vereador Mário Frota
Líder do PDT na CMM
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