segunda-feira, 20 de setembro de 2010

MANSÃO DO NEGÃO: PROVA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO



Da tribuna da Câmara Municipal de Manaus (CMM), aconselhei o vereador Ademar Bandeira, do PT, a ser mais prudente no momento de fazer denúncias, pois que não deve um parlamentar denunciar um fato sem ter a prova nas mãos. O conselho teve a ver com o tropeço que o vereador petista deu um dia antes quando disse que tinha provas gravíssimas de corrupção envolvendo a IMTT, mas não apresentou nenhum documento até esta data.

Ao longo da minha vida política, quase que toda na oposição, sempre denunciei atos de corrupção respaldados em documentos. Quando deputado, da tribuna da Assembléia Legislativa, apresentei fotografias tiradas com uso de um helicóptero, da mansão que o então governador Amazonino mandou construir às margens do Igarapé do Tarumã: uma casa com 2.500m2 de área construída, em cima de um terreno com 60 mil metros quadrados. Um verdadeiro palácio, avaliada por muitos em três milhões de dólares.

Como parlamentar, já denunciei grandes escândalos ao longo da minha vida pública. Muitos contra administradores na época da ditadura militar, mas a denúncia que explodiu com mais força foi a que fiz da mansão do Amazonino. A repercussão teve a explosão de uma bomba e foi estilhaço para todo lado. Os grandes jornais do país divulgaram com certo estardalhaço. A mansão foi manchete na primeira página de quase todos os grandes jornais, com direito a foto e legenda. As grandes revistas deitaram e rolaram.

Nesse episódio, o estrondo maior ficou por conta do Fantástico, da Globo, que fez um programa longo, em torno de 6 minutos, com direito a chamada com a voz do Cid Moreira que, o dia inteiro, ficou repetindo, com aquele seu vozeirão: ‘hoje vocês vão conhecer um palácio construído no meio da floresta’. Tratava-se da mansão do governador do Amazonas, Amazonino Mendes. Resultado: mais de 80 milhões de pessoas assistiram ao programa.

As consequências disso foi uma perseguição feroz a minha pessoa por parte de Amazonino e da sua gangue, ao ponto de contratarem uma pessoa para imitar a minha voz e me envolver num escândalo nacional. Não satisfeitos, usaram a revista ‘Isto É’ que, de forma absolutamente irresponsável e, por três semanas, publicou uma mentira que abalou o país, porque envolvia o então presidente do Senado, Jader Barbalho.

A trama diabólica foi finalmente desmascarada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, apontando os envolvidos no sórdido episódio, todos eles umbilicalmente ligados a Amazonino, a exemplo de Pauderney Avelino, João Braga, o Braguinha (ou Dr. Sábado), codinome que usou para não ser identificado, entre outros.

O Resultado foi que o Ministério Público Federal processou todo mundo. Do grupo só ficou de fora o Amazonino, porque foi protegido pelos comparsas.

Na época ingressei na justiça com uma ação por danos morais contra a ‘Isto É’, mas que, apesar de ter ganho em todas as instâncias da Justiça, ainda não recebi um centavo da indenização determinada pelo juiz, no valor de R$ 1.200.000,00. Pelo sistema Bassen-jud, descobriu-se que nas empresas que constituem o grupo ‘Isto É’, só foram encontrados R$ 18.000,00, dinheiro que só deu para pagar as custas do cartório.

Historicamente, fui o único político que colocou o Amazonino contra a parede. Quase ele destrói a minha vida, é certo. Mas o importante é que as provas de enriquecimento ilícito foram apresentadas à Justiça, num processo que, caso esse país fosse sério, muita gente teria terminado na cadeia.

Por: vereador Mário Frota

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM

Líder do PDT na CMM

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