MORRE FÁBIO LUCENA FILHO, FILHO DO GRANDE GUERREIRO DA DEMOCRACIA, O EX-SENADOR FÁBIO LUCENA. QUE A TERRA TE SEJA LEVE FABINHO. DESCANSA EM PAZ. Muito jovem, com apenas 41 anos de idade, morre o filho do ex-senador Fábio Pereira de Lucena Bittencourt. Por muitos anos, acredito que fui o político mais próximo de Fábio, daí a razão porque conheci o Fábio Filho, o Fabinho, como todos carinhosamente o chamávamos. O Fabinho tinha uns 10 anos quando ganhou um skate e, ao tentar praticar quebrou o braço, fato que não o impediu de ser o campeão da turma que praticava esse tipo de esporte na Praça do Congresso.
A minha amizade com o pai do Fabinho começou em 1967, por ocasião do nosso ingresso na Faculdade de Direito do Largo dos Remédios, a velha e memoriável Jaqueira.
Fábio Lucena, nessa época, trabalhava no Banco do Brasil e já era respeitado como um grande jornalista. Eu, por outro lado, um simples estudante de direito, enveredei pela política estudantil. Por tal razão, terminei presidente do centro Acadêmico da Faculdade e, depois, assumi, também, por eleição, a presidência do DCE da UA, hoje UFAM. Na campanha de 1974, Fábio Lucena, que pleiteava uma vaga de deputado federal, foi impedido pela ditadura militar de participar da eleição daquele ano. Dias depois, telefonou-me, e foi logo me dizendo: ‘prepare-se para ocupar o meu lugar na chapa do MDB, na minha vaga para deputado federal’. Fiquei atônito, não sabia nem o que dizer. Depois de respirar fundo agradeci, mas disse-lhe que precisava de tempo para pensar.
Bem, o resto todo mundo sabe o que aconteceu, ou seja, Fábio apresentou-me no programa de televisão, pôs a mão no meu ombro, e com aquela sua voz firme, indicou-me como o candidato a deputado federal da sua confiança. Resultado: um simples líder estudantil, que não havia sido sequer vereador, terminou eleito com a maior votação do Estado. E aí tem início o meu drama, pois que não podia decepcionar o Fábio Lucena e, por isso mesmo, estava na obrigação moral de fazer um bom mandato.
Por fim, acredito que não decepcionei o meu mestre, nem o povo do meu Amazonas porque, quatro anos depois, fui reeleito com a maior votação do Estado e repetindo, pela 3ª vez, o mandato em 1982, dessa vez com a segunda maior votação.
Digo tudo isso para que as pessoas conheçam o quanto privei da confiança e da amizade daquele que, em minha opinião, foi o líder mais amado e respeitado desses últimos 50 anos da história do Amazonas. Jornalista brilhante, o maior orador que conheci na minha vida, inimigo figadal da ditadura militar que se instalou neste país em 1964, ou de qualquer forma de arbítrio, Fábio Lucena terminou a sua vida de forma trágica, pelo suicídio, mas deixou um legado de resistência a todas as forças espúrias e tirânicas de dominação. Vou continuar, até o fim dos meus tempos, a lembrá-lo como um guerreiro, alguém que não aceitava a exploração do homem pelo homem, que não admitia que o povo fosse humilhado e roubado por quem quer que seja.
A esta altura, a alma imortal de Fábio Lucena Filho, o Fabinho, já encontrou o seu amado pai e, pelas suas mãos carinhosas, foi ele encaminhado à vida espiritual, a verdadeira vida, e está feliz sob a luz protetora do nosso criador. Lembrando, aqui, palavras do rito da velha teologia cristã: ‘que a terra te seja leve, Fábio Lucena Filho. Descansa em paz’.
Por: vereador Mário Frota
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM
Líder do PDT na CMM
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