quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ALTO SOLIMÕES: AUSÊNCIA DO GOVERNO LEVA JOVENS ÀS DROGAS


ALTO SOLIMÕES: UMA REGIÃO MARCADA PELO ABANDONO DOS GOVERNOS ESTADUAL E FEDERAL. Estive em Benjamim Constant e Tabatinga e constatei que, como antes, a região continua órfã de governo. Nesses municípios, incluindo aí Atalaia do Norte, faz-se necessária a presença do estado, para alavancar o progresso da região, até porque, naquela parte do país, o Brasil faz limites com o Peru e com a Colômbia, também conhecida por tríplice fronteira.

Conversei com lideranças locais e todos são unânimes e se queixam da ausência do estado no desenvolvimento da região. Na sala de espera do aeroporto de Tabatinga encontro o Bispo do Alto Solimões, D. Alcimar Magalhães e, dele, recebo uma aula sobre o que pode ser feito para minorar os problemas do seu povo. Ora, se antes já o admirava, agora o admiro muito mais, por ver nesse soldado de Cristo um defensor intransigente do bem-estar da sua gente.

O problema do Alto Solimões não está apenas restrito a falta de hospitais e remédios para o povo, de educação de qualidade para as suas crianças, de segurança pública, mas também de projetos econômicos para alavancar o progresso da área, o que é impossível sem a presença de bancos de desenvolvimento à disposição dos produtores da região, para lhes oferecer financiamentos a juros baratos e sem burocracia.

Os jovens daquela região terminam o segundo grau e, se quiserem fazer uma faculdade de direito, medicina, odontologia, engenharia, agronomia, ou outro curso de igual importância, têm que procurar Manaus. Não é nada fácil conseguir chegar aqui para realizar tal sonho. Por falta de opção econômica, ou seja, do emprego, da fábrica que nunca chega à região, muitos desses jovens caem na tentação de ganhar a vida enveredando para o comércio da droga, uma tentação terrível que termina selando a vida de centenas de jovens que, ou terminam morrendo pelas balas da polícia, quando não assassinados por outros traficantes.

E qual então a saída? É o governo criar nessa área, super complicada (e todos nós sabemos a razão), um cinturão econômico e social, capaz de fortalecer as populações dessas regiões, com o objetivo de afastar os jovens da tentação de ganhar dinheiro traficando drogas. As antigas fórmulas de sobrevivência das populações do Alto Solimões estão todas proibidas. A retirada da madeira da floresta, que no passado garantia a sobrevivência da economia local, hoje está proibida. As serrarias do lado do Peru continuam funcionando normalmente, oferecendo emprego, enquanto as do lado do Brasil estão fechadas, falidas por falta de matéria-prima. Ora, por que o governo retirou daquele povo o direito de explorar a madeira da floresta mas, até o presente momento, ainda não ofereceu uma opção econômica capaz de redimir economicamente a região?

Por: vereador Mário Frota

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CMM

Líder do PDT na CMM

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