terça-feira, 2 de junho de 2015

REFORMA POLÍTICA: A MONTANHA PARIU UM RATO



Por: Vereador Mário Frota*
Infelizmente, a maioria que integra o Congresso Nacional, que estaria agora no dever legal e moral de aprovar as reformas capazes de retirar o País da crise moral e política que se arrasta, de forma covarde e infame agradeceu os votos que recebeu, nesta última eleição, aplicando nos nossos rostos uma sonora bofetada.
Deputados e senadores frustraram profundamente a nação brasileira na questão da reforma política. Dez anos de gestação. Grande expectativa foi criada. No frigir dos ovos a montanha pariu um rato, coisa ainda menor, uma pulga.
Depois dessa frustração, o povo ainda pode acreditar nesse Congresso, um amontoado que não pensa no povo que ele representa, mas apenas no seu próprio umbigo, ou seja, nos seus interesses imediatos? É uma injustiça afirmar que todos são exatamente iguais, farinha do mesmo saco. Nada disso. Há uma minoria que resiste e se recusa a aceitar que os direitos do povo sejam tratados com o mais soberano desprezo. Como em toda regra há exceção, é óbvio que, entre os integrantes das duas casas, Câmara e Senado, há uma maioria indigna, que não vale nada, e uma minoria de homens e mulheres que honram os votos recebidos e defendem como podem os interesses da sociedade.
Fui deputado federal pela oposição quando o País vivia sob o tacão da ditadura militar, ou seja, num dos momentos mais turvos da vida nacional.  O nosso salário era reduzido. Não tínhamos como hoje tantas regalias, a exemplo de dinheiro para gasolina, alimentação, dinheiro para aluguel de carros e aviões, etc. Lembro-me que certa vez fui designado para representar o Congresso Nacional na instalação do parlamento europeu. Da Câmara recebi uma passagem e dois mil dólares para fazer frente às despesas com hotel e alimentação. A minha mulher demonstrou vontade de me acompanhar. Para segurar a barra, pedi que ela fosse à Caixa Econômica e penhorasse as suas joias.  Sem tal estratégia não teria condições de levá-la. Tempos difíceis aqueles.
Apesar das dificuldades que vivíamos, não abríamos mãos dos nossos ideais de ver o Brasil livre de uma ditadura que sufocava a nação brasileira. Cassações de mandatos, prisão e exílio de políticos ocorreram.  Vivíamos todos sob o fio da navalha, mas a resistência continuava. Em 1977, os militares tentaram aprovar um projeto de lei que reformava ao arbítrio deles o poder judiciário, mas, como se tratava de emenda à Constituição, precisavam de dois terços para a sua aprovação. Em peso o nosso glorioso Movimento Democrático Brasileiro (MDB) votou contra e ela foi fragorosamente derrotada. Resultado: revoltados, os donos do poder usaram da força e fecharam o Congresso Nacional por um mês.
A partir daquele momento a oposição cresceu no conceito nacional e adquiriu maioridade. Na eleição seguinte a oposição disparou e, desesperado frente a tal fato, o general Ernesto Geisel viu-se obrigado a falar em abertura política que, segundo ele, deveria ser lenta e gradual. Finalmente, em 1985, Tancredo Neves se elege, via colégio eleitoral, presidente da República. O sol da liberdade voltou a raiar no céu do nosso Brasil. No entanto, depois de todo esse tempo, eis que a democracia é manchada pela corrupção desenfreada de 12 anos de governo petista, num verdadeiro mar de escândalos que emporcalha o verde e amarelo das cores da nossa bandeira. Infelizmente, a maioria que integra o Congresso Nacional, que estaria agora no dever legal e moral de aprovar as reformas capazes de retirar o País da crise moral e política que se arrasta, de forma covarde e infame agradeceu os votos que recebeu, nesta última eleição, aplicando nos nossos rostos uma sonora bofetada.

*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.

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