Por:
Vereador Mário Frota*
Infelizmente,
a maioria que integra o Congresso Nacional, que estaria agora no dever legal e
moral de aprovar as reformas capazes de retirar o País da crise moral e política
que se arrasta, de forma covarde e infame agradeceu os votos que recebeu, nesta
última eleição, aplicando nos nossos rostos uma sonora bofetada.
Deputados e senadores frustraram
profundamente a nação brasileira na questão da reforma política. Dez anos de
gestação. Grande expectativa foi criada. No frigir dos ovos a montanha pariu um
rato, coisa ainda menor, uma pulga.
Depois dessa frustração, o povo ainda pode
acreditar nesse Congresso, um amontoado que não pensa no povo que ele
representa, mas apenas no seu próprio umbigo, ou seja, nos seus interesses
imediatos? É uma injustiça afirmar que todos são exatamente iguais, farinha do
mesmo saco. Nada disso. Há uma minoria que resiste e se recusa a aceitar que os
direitos do povo sejam tratados com o mais soberano desprezo. Como em toda
regra há exceção, é óbvio que, entre os integrantes das duas casas, Câmara e
Senado, há uma maioria indigna, que não vale nada, e uma minoria de homens e
mulheres que honram os votos recebidos e defendem como podem os interesses da
sociedade.
Fui deputado federal pela oposição quando o
País vivia sob o tacão da ditadura militar, ou seja, num dos momentos mais
turvos da vida nacional. O nosso salário
era reduzido. Não tínhamos como hoje tantas regalias, a exemplo de dinheiro
para gasolina, alimentação, dinheiro para aluguel de carros e aviões, etc.
Lembro-me que certa vez fui designado para representar o Congresso Nacional na
instalação do parlamento europeu. Da Câmara recebi uma passagem e dois mil
dólares para fazer frente às despesas com hotel e alimentação. A minha mulher
demonstrou vontade de me acompanhar. Para segurar a barra, pedi que ela fosse à
Caixa Econômica e penhorasse as suas joias.
Sem tal estratégia não teria condições de levá-la. Tempos difíceis
aqueles.
Apesar das dificuldades que vivíamos, não
abríamos mãos dos nossos ideais de ver o Brasil livre de uma ditadura que
sufocava a nação brasileira. Cassações de mandatos, prisão e exílio de
políticos ocorreram. Vivíamos todos sob
o fio da navalha, mas a resistência continuava. Em 1977, os militares tentaram
aprovar um projeto de lei que reformava ao arbítrio deles o poder judiciário,
mas, como se tratava de emenda à Constituição, precisavam de dois terços para a
sua aprovação. Em peso o nosso glorioso Movimento Democrático Brasileiro (MDB) votou
contra e ela foi fragorosamente derrotada. Resultado: revoltados, os donos do
poder usaram da força e fecharam o Congresso Nacional por um mês.
A partir daquele momento a oposição cresceu
no conceito nacional e adquiriu maioridade. Na eleição seguinte a oposição disparou
e, desesperado frente a tal fato, o general Ernesto Geisel viu-se obrigado a
falar em abertura política que, segundo ele, deveria ser lenta e gradual. Finalmente,
em 1985, Tancredo Neves se elege, via colégio eleitoral, presidente da
República. O sol da liberdade voltou a raiar no céu do nosso Brasil. No entanto,
depois de todo esse tempo, eis que a democracia é manchada pela corrupção
desenfreada de 12 anos de governo petista, num verdadeiro mar de escândalos que
emporcalha o verde e amarelo das cores da nossa bandeira. Infelizmente, a
maioria que integra o Congresso Nacional, que estaria agora no dever legal e
moral de aprovar as reformas capazes de retirar o País da crise moral e política
que se arrasta, de forma covarde e infame agradeceu os votos que recebeu, nesta última eleição, aplicando nos nossos rostos uma sonora
bofetada.
*Advogado;
*Líder
do PSDB na CMM;
*Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.
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