sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

DITADURA MILITAR: COMISSÃO DA VERDADE ENCERRA TRABALHOS, DILMA CHORA E SENTE-SE VINGADA




Por: vereador Mário Frota*
 “Sob o comando do grande Ulisses Guimarães, travei a minha batalha contra o regime de exceção que passou a dominar o País a partir de 1964. A tribuna foi a minha trincheira... Confesso que em nenhum momento me passou pela cabeça pegar em armas, pois que não era o meu propósito manchar as mãos com o sangue de irmãos brasileiros”.
Depois de um longo inverno eis que a Comissão da Verdade, instalada para apurar denúncias de perseguições, torturas e assassinatos na época da ditadura militar, apresenta relatório e dá por encerrado os seus trabalhos.
A presidente Dilma se desmancha em choro. A extrema esquerda sente-se vingada. A direita, representada por militares e civis, reage e questiona o porquê de a citada Comissão não ter publicado o número e nome dos militares e civis assassinados pelos grupos comunistas que pegaram em armas com propósito de derrubar a ditadura.
Acusações são feitas de lado a lado. Um General da reserva, acusado de ter participado com grande violência contra a esquerda que pegou em armas, solta os cachorros para cima da própria Presidente, tachando-a de hipócrita e terrorista. É muito difícil para quem não viveu aqueles momentos entender o que realmente aconteceu naqueles tempos difíceis da vida nacional.
Após a segunda Guerra Mundial o mundo ficou dividido entre as democracias do Ocidente, sob a liderança dos Estados Unidos da América do Norte e os países que integravam a ex-União Soviética, de governo comunista.   Esse momento ficou conhecido por Guerra Fria. Os países do terceiro mundo foram cooptados pelos dois lados. A simpatia pela esquerda cresceu em diversos países da América do Sul, fato que levou a direita, na sua maioria integrada por militares, a reagir, a exemplo do que aconteceu aqui no Brasil, assim como na Argentina, no Chile, e outros.
Jovem, com forte simpatia pelas ideias esquerdistas da época, recém saído da nossa Faculdade de Direito, ingressei no Movimento Democrático Brasileiro (MDB),  o partido de oposição à Ditadura Militar. Em 1974 consegui, com o apoio de Fábio Lucena, à época o mais importante líder da oposição no Estado, e outros companheiros, votos para me eleger deputado federal, obtendo a maior votação no Amazonas.
O momento era turvo. O futuro era incerto. A oposição aos militares estava claramente dividida em dois grupos: os que usavam as tribunas dos parlamentos do País e órgãos da imprensa para criticar e denunciar de forma dura à opressão militar, e os que buscaram o enfrentamento pelas armas, nos casos os grupos de esquerda, inspirados na doutrina comunista e apoiados pelos governos de Cuba e da ex-União Soviética. Em qualquer circunstância matar não é solução, mas destruição, aviltamento de valores essenciais para a sobrevivência de um mundo melhor, idealizado por homens como Jesus, Platão, Sócrates, Aristóteles, Lincoln, e tantos outros.
Sob o comando do grande Ulisses Guimarães, travei a minha batalha contra o regime de exceção que passou a dominar o País a partir de 1964. A tribuna foi a minha trincheira.  Em 1985, com a eleição de Tancredo Neves para presidente da República, finalmente a ditadura dos coronéis e generais foi defenestrada do poder. Confesso que em nenhum momento me passou pela cabeça pegar em armas, pois que não era o meu propósito manchar as mãos com o sangue de irmãos brasileiros. Entendia e acreditava que, a luta sem armas nas mãos, era o melhor caminho a ser trilhado para a conquista da democracia.  O tempo, o senhor da razão, demonstrou que os brasileiros que assim pensavam estavam certos.  

*Advogado;
*Líder do PSDB na CMM;
*Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da CMM.


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